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30 May 2007

 

Jantar de Bloggers

Há tantos motivos para fazer um jantar de bloggers como de pessoas que usam piercing no nariz ou coxeiam da perna esquerda. Por isso pode parecer ilógico organizar um jantar de bloggers, mas a verdade é que essas razões são suficientes. E em boa hora alguém deitou mãos à organização e o jantar fez-se.
Sábado à noite. Cinco (5) bloggers abrantinos criticaram à dentada o "texto" que o Ares do Pinhal lhes proporcionou. E o ar de satisfação final era nítido.
É claro que se encontraram sobretudo pessoas que já se conheciam. Mas não é assim que se começa, sobretudo se começam poucos?
É claro que se falou de tudo um pouco. Mas não é assim que sempre acontece quando várias pessoas se encontram?
Não foi um congresso. Não houve teses ou moções aprovadas ou rejeitadas.
O que houve, sim, e isso é muito importante, é que diferentes pessoas que estão numa mesma praça pública, a blogosfera, embora de modos diversos, se tenham encontrado na afirmação, pela própria participação, leio eu, que o mais importante ainda são as pessoas, que as diferenças são saudáveis, que para lá de tudo o mais há algo de essencial que nos une.
Foi bonito, digo eu, mas creio que não o digo sozinho.
Ficou combinado que haveria segunda volta, na tentativa de que o encontro seja com mais pessoas. Será, sem dúvida.
Obrigado pelo convite.

 

O prémio

Há algum tempo, em Lisboa, fui motivo de escândalo. Falaram-me do prémio do melhor professor, de que eu sabia muito pouco, mas sobre o qual eu devia, ao que parece, mostrar a minha indignação.
Mas disse que não tinha nada contra. Que não era candidato, que não tinha nada contra que os bons professores fossem reconhecidos como tal, que só esperava que fosse bem atribuído... É claro que houve ali um silêncio incómodo, porque o que eu disse não estava previsto nem devia ser dito... e nem interessa como a coisa acabou.
Continuo a pensar o mesmo.
Sei que há bons professores. E, se me pedirem, apresento já os meus candidatos ao prémio “O melhor professor do concelho de Abrantes”:
Anabela Rodrigues (primeiro as senhoras) e
Américo Pereira.

Mas são eles os melhores?
Não sei. O concurso não está vencido à partida, seria batota. Mas sei que são, qualquer deles, um perigo. Eles mostram-nos que poderíamos ser muito melhores, se quiséssemos ou fôssemos capazes. Eles são.
Haverá outros, no silêncio das salas de portas fechadas. Pois que se abram as portas.
De qualquer modo, este meu exercício não deve ser entendido como deificação dos mortais que eles também são. É exactamente o contrário. Como eles são como nós, nós poderíamos ser como eles. E alguns até serão. E mereciam o mesmo reconhecimento.

P.S. – Ao que sei, hoje (30 Maio), vai a público mais um produto da ousadia de Anabela Rodrigues. Atrevo-me a dar-lhe daqui os parabéns antecipados. O risco de me enganar é pequeno.

 

Dois destaques

O momento alto da tarde, para mim, ocorreu quando entraram no palco os Arrefinfa na Bilha. Eram 16 crianças, de muito tenra idade, do primeiro ciclo. Entraram sozinhos, iniciaram a sua execução sozinhos, completaram o seu trabalho sempre sozinhos, e saíram em boa ordem também sozinhos.
Mais do que a sua música, um prodígio que se deve, salvo erro ao professor Américo, o que me comoveu foi a sua organização e autonomia. Que também se deve ao mesmo professor Américo.
O segundo destaque vai para a escola e, mais uma vez, para o professor Américo que acolheram o projecto. Ir contra a rotina do que é a mesmidade de sempre e arriscar num projecto novo é já de louvar, até porque não é comum. Mas fazê-lo num tempo crítico de aproximação de prestação de provas escolares é ainda obra de maior monta. Que o professor Américo tenha aceitado correr este risco... bem, não é já de estranhar, mas é sempre de sublinhar.
Quem faz como toda a gente, nunca chega a ser ninguém. E o professor Américo já nos demonstrou que é um caso sério entre nós.
- Mas porquê o professor Américo?! Porquê sempre ele?!
A pergunta foi feita. Com curiosidade? indignação? inveja? censura?
Foi fácil perceber ali, em duas fases, a resposta.
Primeiro. O projecto foi proposto a outras escolas e professores, que até têm «menos oportunidades», mas não foi aceite.
Segundo. O professor Américo mostrou o resto quando disse claramente: «continuamos disponíveis para aquilo que nos quiserem propor».Terceiro, acrescento eu. O professor Américo já mostrou que quando entra em campo é a sério e para ganhar, isto é, para os seus meninos ganharem. Depois admiram-se de ele aparecer à frente.

 

Mar da Palha de Abrantes

Sábado à tarde. No cine-teatro S. Pedro estreava o Mar da Palha de Abrantes, o filme de animação produzido numa turma da Escola do Rossio ao Sul do Tejo. Na primeira parte do filme, uma “reportagem” de todo o processo de produção numa turma do professor Américo Pereira. Na segunda parte, o filme propriamente dito, que agora está disponível para começar um percurso até internacional. Depois do filme, dois pratos ao vivo: a exibição dos Arrefinfa na Bilha, um grupo de percussão da mesma escola e, se não me engano, da mesma turma, e uma conversa com os intervenientes da escola no filme.Foi uma meia tarde bem passada, em contacto com um produto de um projecto de formação do Espalhafitas e e com as pessoas que lhe deram corpo (faltaram os

 

Olho para a arqueologia

Uma das descobertas que fiz na visita ao Vale da Ocreza é que tenho olho para a arqueologia. De facto, quando, numa margem escarpada, chegámos ao lugar da primeira gravura, eu ia à frente com o guia e sentei-me. Mas ele pediu-me que me levantasse:
- Aí, não!
Eu estava sentado mesmo em cima de uma gravura.

 

À procura do homem

Sábado de manhã. Uma expedição de quase meia centena de pessoas partiu à procura de Andakatu, o Homem do Ocreza famoso pelas suas pinturas rupestres de há 20.000 e 6.000 anos. A descida foi acentuada, na promessa de uma subida ainda mais dura. Lá bem no fundo... o encontro com o simpático artista, num vale de natureza e silêncio.
A subida foi auxiliada por jipes e no Mação estava a promessa de um almoço a dar continuidade ao convívio da manhã. Lamentavelmente, não pude ficar para essa fase. Nem para , depois, a visita ao Museu.Mas trouxe a memória de uma manhã bem passada e um agradecimento ao Museu de Mação que nos acolheu e ao Centro de Estudos de História Local (Palha de Abrantes) que organizou a jornada.

 

Segunda escolha

Só no sábado passado descobri que o caso do Professor do Norte foi desencadeado por alguém que foi dar com a língua nos dentes. Um “bufo”, disse-se. E isso ainda torna muito pior o tratamento dado pela Directora Regional, se as coisas se passaram como se diz. Como é possível?!
Vem isto a propósito das desvalorizações que se vêem feitas a Fernando Negrão, primeiro, e a António Costa, por terem sido “segundas escolhas” dos respectivos líderes. E na praça pública da nossa comunicação social têm chovido comentários alardes sobre o carácter de segunda escolha, ou escolha de segunda, dos dois candidatos.
Suponhamos que sim, que é verdade. Mas vejamos as coisas.
Os líderes tinham que encontrar um candidato. Para isso tinham de convidar alguém. E esse alguém tinha o direito de recusar. Certo? Se esse alguém recusasse, ele teria de encontrar outro. Certo?
Ora bem. Quem foi o “bufo” que foi dizer que houve uma escolha anterior?
Quem aceitou ser candidato, merece o respeito como candidato. Merece que não andem a desfazer só porque aceitou.
Quem quer que seja que comente como desvalorização o carácter de segunda escolha de um candidato é, para mim, equivalente à suposta aceitação pela Directora Regional do Norte da denúncia por um bufo.
Um homem vale pelo que é e faz e não pelo que outros fazem dele. Se alguém foi convidado primeiro, que fosse, isso é irrelevante. Até pode mostrar falta de visão de quem convidou. Não pode ser imputado como defeito de quem é convidado.Mas é este o país pequenino em que vivemos. Digo eu, aqui deste meu buraco provinciano.

 

Púbico - 2

Hoje (30 Maio), o Público quis confirmar-me. Digo eu.
Lá dentro, publica uma imagem a cores de José Sócrates a correr na Praça Vermelha de Moscovo. Fechada ao trânsito para efeito pelas autoridades russas. E diz o jornal que não foi por pedido dos portugueses, mas por decisão das autoridades locais. Diz o jornal.
Mas o mesmo jornal, na última página, no seu barómetro, dá uma seta para baixo à cara de J. Sócrates e diz que depois de já o termos visto várias vezes a correr em várias cidades, «a sua corrida numa Praça Vermelha encerrada ao públcio pareceu tão exagerada como cansativa. É como o trim-trim dos anúncios da TV: à quinta, perdem a graça e irritam.»
Esta nota bate certo com a notícia do interior?Sócrates não devia correr? É ridículo por correr em todas as cidades?
É a imagem que é ridícula ou Sócrates? E a imagem é de propagando do Governo? Se é, por que a publicam os jornais e o Público? Se não é, que justifica a nota de culpa a Sócrates?
Os jornais podem publicar textos com esta leviandade? É claro que podem.
E devem? É claro que não.Mas eu sou suspeito, não é? Pior parta um país que assim se serve de jornalismo.

 

Púbico - 1

O Público de ontem (29 Maio) dava um bom exemplo do clima intelectual e emocional que se vive no país. Um texto de Vital Moreira mostrava como dois jornais, Público e Expresso, abusaram do poder de publicarem o que quiserem independente mente de ser verdade.
Mas quem puder leia o Editorial do mesmo Público, onde o Director só não cospe em Vital Moreira porque tinha a boca seca. E fá-lo sem, nem de longe, se dar ao trabalho de levar a sério os argumentos de Vital Moreira. E porquê? Porque o jornal tem sempre razão. Porque o poder de um jornal também cega.
Eu continuo a dizer que uma das razões do estado em que se encontra o país é a falta de qualidade do jornalismo que se faz. E por mais que eu queira ver que as coisas mudaram, os factos insistem em dar-me razão. Pobres de nós.

 

Mais blogues

De José Silva, recebi esta informação, que passo:

http://abranteimas.blogspot.com/ - Alves Jana
http://www.bloguedaanita.blogspot.com/ - Ana Baptista
http://blogdabb.blogspot.com/ - Beatriz Baptista (9 Anos)
http://casadamagia8.blogspot.com/ - Ana Maria Corda (9 Anos)
http://eupaula-pinguim.blogspot.com/ - Paula Corda
http://genteparva.blogspot.com/ - Pessoal de S. Miguel
http://camaraoselvagem.blogspot.com/ - João Chaleira
http://motg.blogs.sapo.pt/ - Maia Alves
http://nunogil.blogspot.com/ - Nuno Gil
http://tijelada.blogspot.com/ - ?????????
http://www.pedropmarques.blogspot.com/ - Pedro Marques
http://joaopinheiro.blogspot.com/ - João Pinheiro
http://preca.blogspot.com/ - Antonio Almeida
http://joaopedronunes.blogspot.com/ - João Pedro Nunes
http://durocomoqueijofresco.blogspot.com/ - Ricardo Beirão
http://rua-da-sardinha.blogspot.com/ - Fernanda Mendes
http://paulopaulino.blogspot.com/ - Paulo Paulino
http://sentieiras.blogspot.com/ - Vasco Pombo
http://milrotas.blogspot.com/ - Nuno Gaspar
http://nccgomes.blogspot.com/ - Nuno Gomes
http://saomigueldoriotorto.blogspot.com/ - Rui Lopes

Se houver mais...

24 May 2007

 

Por exemplo

Quando Durão Barroso deixou saiu para Bruxelas, expressei-me pela legitimidade da sua substituição por Santana Lopes. E justifiquei: Foi o PSD que ganhou as eleições e é ao PSD que cabe indicar o nome do primeiro ministro.
- Mas tu estás parvo ou quê?, foi a classificação que obtive em certos meios.
Agora que T. Blair vai deixar o Governo de Londres, sempre estou para ver se há eleições e se por cá reclamam eleições.
Depois, quando Santana Lopes foi destronado, eu estive de acordo com essa decisão, contra a opinião de que era um dever do P.R. deixá-lo levar o mandato até ao fim e era um verdadeiro golpe de Estado não deixar fazê-lo. E justifiquei: A legitimidade de um mandato não é um absoluto e era evidente a todos que o Governo se estava a dissolver com graves prejuízos para o país e que a Constituição dava ao P.R. este poder de dissolução justamente como árbitro político do processo em curso entre eleições.
- Tu és é parvo!...
Agora, o PSD veio mostrar, em Lisboa, que o mandato eleitoral não é um absoluto e que é, por vezes, obrigação deitar abaixo a árvore moribunda.
A minha não dependência de uma solidariedade de grupo, leia-se: de partido, permite-me dizer o que eu entender correcto, sem ter que dar satisfações ao grupo, ou ao partido.
Mas esta posição também me permite, se for o caso, estar mais perto de um partido ou de outro. E isso não me incomoda nada. Só me incomoda estar errado no que digo.
E mesmo sendo eu classificado como sendo de esquerda, nem sequer me sinto obrigado a ser de esquerda. E, por isso, não tenho quaisquer dúvidas de que há coisas em que sou lido como de esquerda e coisas em que sou lido como de direita. Paciência. Se é assim que eu penso.
Dirão: Mas isso é incoerência!
Mas porque é que a minha coerência deve ser com a esquerda ou a direita e não com aquilo que eu penso?

 

Independente, eu?

Há algum tempo, um dos meus comentadores, escrevia indignado:
« Independente você? »
É curiosa esta pergunta. E mais ainda esta indignação. Ou melhor a acusação indignada que expressa. Acusação, em última análise, de que eu não pensava como ele, porque, se pensasse, não haveria problema.
Acontece, porém, que eu nunca, que me lembre, me reivindiquei como independente. Porque não sei muito bem o que essa palavra quer dizer desde que nos sai da boca.
O que eu por vezes digo, por ser verdade, é que não sou membro do PS, nem de qualquer outro partido. E, por isso, se quiserem, não estou dependente de nenhum compromisso partidário. Porque, se fosse membro de um partido, eu estaria com os outros militantes comprometido numa luta comum. É assim que eu entendo a vida partidária. E é assim que eu respeito os militantes dos vários partidos. E é por não ser militante de nenhum que eu estou relativamente isento do que se pode chamar “espírito de corpo”. Etc.
Há anos, em conversa com o Eng. Bioucas e o Dr. Humberto Lopes, o primeiro dizia: «Eu não me inscrevo num partido porque quero ser livre». Ao que eu respondi: «Não me considero mais livre por não ser de um partido. Não penso que ser de um partido seja ser menos livre, excepto se não puder sair. Será livre se estiver lá porque quer.» E ainda hoje penso assim.
Nunca, creio, ninguém me ouviu dizer que sou mais do que aqueles que pertencem a um partido. Nem sequer mais independente na opinião. Sou, sim, mais descomprometido na expressão. Só tenho de dar conta a mim e aos meus leitores. E posso hoje estar mais perto de um partido, porque penso assim, e amanhã estar mais perto de outro, porque penso assim. Pago o preço de estar sozinho, mas foi este o lugar que decidi ocupar. Não é por não me quererem, nem é por eu não querer os outros. Há apenas vários caminhos e eu sigo o meu.
É verdade que me causa alguma indignação quando membros de um partido me acusam de ser do PS. E causa-me por duas razões: porque eles sabem que é mentira mas dizem-no para enganarem os eleitores e porque considero um erro estratégico darem de mão beijada ao PS aquilo que ele não tem de outro modo.Eu sou claramente dependente... da minha história pessoal, do que vou sendo capaz de ver, das informações que me chegam, até dos amigos e inimigos que tenho...
O que sou é interdependente.

 

Palavras leva-as o vento

Há dias ouvi uma pessoa com responsabilidades superiores de gestão falar da gestão de outros. Crítico, opinativo, exigente, esclarecido... um bom pregador. Falou muito bem.
Mas eu conheço-lhe a casa. Sei como ela vai. Sei o que por lá se passa e o que lá se diz sobre o modo como a dirige.
Imagina o leitor o que eu estava a pensar?

 

O preço da saúde

Volta a falar-se aqui, num comentário, com justa indignação, de que o Ministro quer fazer-nos pagar a saúde.
Pois eu mantenho que se não encontrarmos forma de diminuir as despesas da saúde vamos ter de suportar essa despesa, ou em taxas ou em impostos.
Mas já ouviram alguém a falar a sério de como diminuir as despesas da saúde?
Querer tapar os efeitos sem atacar as causas é ilusão. Querermos aumentar despesas sem diminuirmos outras é termos de pagar mais.
Entretanto, tudo corre sobre as rodas da indignação.

Há alguém disponível para procurar um descida eficaz da despesa?

 

A diferença

Assisti no Centro de saúde de Abrantes. Uma senhora, aparentemente do Tramagal, vinha buscar um papel que se passava ali. Não, ali não se passava tal papel. Mas tinham-lhe dito que era preciso aquele papel. Onde? Na Segurança Social.A funcionária pegou no telefone e ligou para a Segurança Social. Resumindo. A senhora viera do Tramagal para receber aquilo a que tinha direito, mas não estavam a pagar, só lá para Julho, por isso e para empatarem (?) mandaram a senhora aos papéis, e andaria assim se aquela funcionária não assumisse o caso como... como... como devia ser. Passou uma descasca à Segurança Social e.... o resto não interessa, porque nem sei o que se terá passado.

P.S. - Há dias passei aos meus alunos um documento vídeo sob a mensagem "Tu podes fazer a diferença". È nisso que eu mais acredito.

 

A “INDIFERENÇA” matou o meu irmão!

O meu irmão partiu para lugar incerto…
Agora já não há nada a fazer por ele… ”só rezar”, mas quanto não se poderia ter feito?
Quem conheceu o João Carlos, por certo se recordará que, apesar de não ligar importância nenhuma ao assunto, ele parecia vender saúde.
O Médico de Família conhecia-o das vezes que ele necessitou de um atestado médico, para renovar a carta de condução. Pouco mais!
Mas um dia o azar bateu-lhe à porta… teve um aparatoso acidente de trabalho, que o levou ao hospital!
Mas, por mais espantoso que pareça, o João nem ficou internado e até viajou sentado, na ambulância que o transportou.
Foi a partir daqui que teve início, o seu longo e terrível Calvário!
Segundo os médicos, o João não tinha nada… e era indiferente se ele se queixava ou não. Talvez fosse psicológico!
No entanto, nos últimos nove meses de vida dormiu sentado, para contrariar as dores que o atormentavam. Por vezes parava de falar, contraía-se todo, mudava de cor, suportava a dor e, passados alguns minutos, lá voltava ao “normal”.
Qualquer “Olho Clínico” menos especializado verificaria que a situação não era, de todo, muito normal, mas… para o “médico do seguro” o importante era ele voltar a trabalhar, talvez para se poupar uns “dinheiritos” à seguradora.
“- Com que mão é que escreve?”
“- Mas eu sou motorista…”
Muitas anedotas o João contava, ironizando, à conta destes tristes comentários, de quem, no mínimo, se esperaria respeito e educação.
Para o médico de família já não se podia mandar fazer mais exames sem autorização superior. Claro que essa autorização até veio, mais de um mês depois de a terem pedido, quando apenas bastava uma assinatura e, depois desta, ainda teria que esperar mais cinco meses, em lista de espera, até os poder realizar.
Era indiferente! Quem era o João?
O meu irmão partiu para lugar incerto, vítima da indiferença, que nos envolve e consome.
Naquela manhã o meu irmão esmerou-se na apresentação. Ia a Santarém iniciar um processo de adopção. Até Deus pareceu mostrar indiferente ao seu gesto.
A meio do caminho o João sentiu que se aproximava aquela tal dor, que lhe atravessava o peito e lhe prendia os movimentos. Encostou o jipe na berma da estrada e sob o olhar impotente e aterrorizado de sua companheira morreu. Muitos passaram indiferentes à sua aflição e aos seus chamamentos, até que alguém finalmente parou e a ajudou.
Ajudou a responder ao demorado inquérito de quem atende o 112, ajudou a aguentar a demora dos bombeiros ali tão perto, ajudou a aguentar a demora do Veiculo de Emergência Médica, ajudou a suportar toda esta dose de indiferença.
(Obrigado Dra. Doroteia Romão, pela diferença!)
O meu irmão morreu mas a indiferença permaneceu:
Primeiro no hospital onde teve de ficar de sexta até segunda-feira, a aguardar pela autópsia.
Depois pelo motorista da agência funerária, que para além de fechar o carro funerário, que continha a urna e desaparecer por mais de três horas, tentou ganhar tempo acelerando na auto-estrada de forma a perder de vista os acompanhantes, que se deslocaram a Santarém, para poderem acompanhar o meu irmão nesta sua última viagem. Só um telefonema pôs cobro a esta estranha “fuga” e já na portagem de Torres Novas. Era indiferente! Tão indiferente que, depois, ainda fez um desvio e subiu à cidade de Abrantes, com o cortejo fúnebre atrás, para ir buscar uma caixa de flores, para o tradicional negócio durante o velório.
Até um qualquer jornalista do Jornal “O Mirante”, que parecia mais interessado em dizer mal dos bombeiros, inventou uma doença ao meu irmão e lá atestou a causa de morte: “angina de peito”. Era indiferente!
O meu irmão partiu, o que para mim, nunca será indiferente!
Pode ser que alguém aprenda algo com a sua morte e se torne um pouco mais atento e humano, com os que sofrem em silêncio, como ele sofreu!
Até sempre João!
O teu irmão Américo Pereira
In Nova Aliança

 

O principal problema

« Em 2007 d.C. é este o principal problema do país. E tem como pólo a mesma casa onde viveu Salazar.»
Um dos meus comentadores resume assim a sua indignação. O principal problema do país está em S. Bento. É o Governo. Se o Governo fosse outro, o país seria bom.
Peço mais uma vez desculpa, mas este tipo de discurso é apenas... desculpa.
É evidente que há problemas em S. Bento. É evidente que este, bem como o anterior e o próximo, não é (foi / será) o melhor governo. É evidente que as políticas de qualquer governo devem ser discutidas e mesmo enfrentadas.
Mas não há nenhum governo que possa colocar o país no lugar em que o país finge que quer estar se o país não mudar. Insisto nisto, porque isto é o mais importante. Mas sobretudo, porque falo para as pessoas comuns.
Eu tenho um grande “defeito”: quando falo para professores, desafio os professores a fazerem melhor (mas eles queriam que eu dissesse o que a Ministra devia fazer melhor); quando falo para pais, desafio os pais a fazerem melhor (mas eles queriam que eu dissesse o que os professores deviam fazer melhor); quando falo para alunos, desafio os alunos a fazerem melhor (mas eles queriam que eu dissesse o que os professores deviam fazer melhor); quando falo para funcionários, desafio os funcionários a fazerem melhor (mas eles queriam que eu dissesse o que a gestão devia fazer melhor); e assim sucessivamente. Nunca fui chamado a falar para ministros ou deputados, mas, se fosse, iria desafiá-los a fazerem melhor (talvez eles quisessem que eu...).
Não foi por acaso que fiquei por Abrantes e que aqui escrevo para o interior (obrigado aos meus leitores de outros lados!).
Eu sei que é importante que tenhamos um bom governo. Mas nunca haverá um bom governo se o país não funcionar bem aos seus vários níveis. Eu sei que isto parece blasfémia e vai contra tudo o que circula por aí. Mas é justamente por isso que eu insisto. O que principalmente está ao nosso alcance é mudarmos no bom sentido aquilo que ao nosso nível funciona mal.
Mas eu não tenho dúvida de que as grandes críticas aos governos, há anos, são sobretudo uma forma de nos dispensarmos de estarmos aos nível das exigências naquilo que nos compete.
P.S. – Atrevo-me a deixar de seguida um texto de justa indignação. E faço-o para que não se esqueça, para que a indignação possa mudar alguma coisa.

 

O professor do Norte – 5

Creio que o assunto é importante, apesar de ser um caso que poderíamos dizer de isolado. Mas é nos casos isolados que se verificam os grandes processos. E é por pequenos casos que os processos crescem com a nossa conivência.
Mas temo que o caso já esteja viciado. Para uns, creio que é já “preciso” que a Directora seja condenada; para outros é já “evidente” que o professor é inocente; ainda para outros é “necessário” que a Directora esteja inocente e o professor seja condenado.
Em nenhum dos casos estamos em democracia.
Porque – na minha concepção, repito – a democracia não é o mesmo que direito à asneira.Para mim, a democracia é o direito à pluralidade com o correspondente dever de cuidar dos valores que garantem que na pluralidade seguimos para a frente e para cima.

 

O professor do Norte – 4

Ouvi muitas críticas à suspensão. Mas não ouvi, que me lembre, de uma única palavra sobre aquilo que era, na altura, o insulto. Que um professor e um ex-deputado falem do Primeiro Ministro com aquela linguagem foi tido como... natural? normal? irrelevante?
Pois eu considero que se há um direito à crítica, não há um direito a fazê-la naqueles termos.
E que seja um ex-deputado (que seja agora da oposição é apenas resultado de que se fosse do poder o Primeiro Ministro seria divino; que seja do PSD é apenas circunstancial, porque se o poder fosse outro o deputado seria outro) fale assim dos – outros - políticos é apenas uma forma de desvalorizar na opinião pública todos os políticos.
Eu já estou mais que farto, e creio que a generalidade dos portugueses também, de ouvir (quase) todos os políticos usarem a mesma gramática: os nossos são óptimos, os outros são hipócritas; nós, quando estamos no poder, “somos óptimos”; eles, no poder, “são uns hipócritas”.Não vêem que isto não faz sentido? Que isto é o contrário da democracia? Pelo menos para mim

 

O professor do Norte – 3

Ouvi muita gente indignada com a suspensão do professor. E ainda bem, porque, apesar de tudo, tal indignação ainda é uma defesa da democracia.
Não nego, porém, que alguma da defesa da democracia não o era. Era apenas um ataque ao partido do Governo, ao Primeiro Ministro e às suas políticas. Porque alguns dos críticos não mostram na sua prática o apego à democracia que exibem nessa crítica.Que me desculpem, mas eu não vejo.

 

O professor do Norte – 2

Admitamos, contudo, as versões que têm saído. Sabendo, desde já, que se trata de uma hipótese de trabalho.
O primeiro comentário à primeira versão (um professor fez uma piada... e foi suspenso) não é nada de admirar. Não conheço a Directora. Mas a verdade é que nestes anos todos de democracia nos esquecemos de educar para a democracia. Mais que isso, vivemo-la como se ela fosse sobretudo, se não só e apenas, eleições de tempos a tempos.
Mas a democracia não é isso. A democracia é, antes de mais, os pressupostos e os valores que têm de estar subjacentes a uma sociedade democrática. E o que mais por aí vemos é “democratas” com comportamentos autoritários, para não dizer alguns fascistas com gravata democrática.
Que eles apareçam em lugares de poder é apenas um resultado natural.
É claro que nos devemos indignar, lutar contra todas as manifestações de anti-democracia. Mas será sempre inútil se não combatermos o mal na raiz.
Donde, a justa indignação só é autêntica e sobretudo eficaz se for o corolário de uma vida de prática e defesa da democracia nas suas origens.

 

O professor do Norte – 1

O novíssimo caso do professor do Norte que... é mais um exemplo de como nem sequer conseguimos saber o que se passa. Nem temos acesso aos factos. Como podemos formar uma verdadeira opinião?
Este é, claramente, um problema português.

 

Boa notícia - 2

A ESTA obteve um primeiro lugar no concurso mundial de Solid Works, na modalidade de modelo. Em segundo e terceiro ficaram duas escolas dos EUA. É obra, não?
Só que (se a minha informação está certa) a ESTA é, neste momento a escola do mundo que mais prémios tem neste concurso de Solid Works.É obra! O que também significa: resultado de quem trabalhou para a vitória. Parabéns!

 

Boa notícia - 1

A minha escola, Manuel Fernandes, entrou ontem num processo de avaliação interna. Neste caso, dirigida por uma empresa contratada para monitorar um sistema de avaliação que pode conduzir à certificação.
Não há nada pior do que uma pessoa, individual ou colectiva, ter pouca consciência de si. É óptimo uma escola aceitar o desafio de olhar para si e estar disposta a conhcer seja lá o que for que venha a encontrar.
Se o processo for levado a sério, só pode haver benefícios.
O que pode acontecer – e deve ser evitado – é um mau uso do que vier a encontrar-se. Por exemplo negar os resultados, discutir culpas, etc. em vez de se fazer o que há a fazer: consolidar os resultados positivos e corrigir os negativos.
Todos teremos a ganhar.

23 May 2007

 

Uma questão de estilo

1. Os EUA estão a bloquear o combate ao aquecimento global com o argumento de que um tal combate ameaça o estilo de vida americano. Nada de anormal, quando se sabe que, se o estilo de vida americano fosse generalizado, seriam necessários 4 (quatro) planetas para o sustentar. Como a Administração americana tem como missão defender o estilo de vida americano e não o planeta… Cada um tire as conclusões que achar serem lógicas.
2. Os portugueses não querem mudar de estilo de vida. Mas querem que o país mude. Contudo, como o estado do país é o resultado do estilo de vida que as pessoas levam… Cada um tire as conclusões que achar serem lógicas.
3. Cá em casa (na escola, na empresa, no serviço público…) todos sabemos que “isto assim não pode continuar”. Mas ninguém está disponível para mudar o seu estilo de vida. Como o modo como as coisas se passam depende do estilo de vida que “nós” fazemos… Cada um tire as conclusões que achar serem lógicas.

21 May 2007

 

Vem aí a mudança?

O Público de hoje (21 Maio) publica uma “novidade nova” (porque há novidades que são velhas).
Quando as escolas receberem os resultados das provas de aferição deste ano, «terão de fazer uma análise dos resultados e enviar à respectiva direcção regional de Educação um relatório com um plano de acção. Que terá de incluir as medidas a adoptar e a calendarização, os resultados a atingir por disciplina e os alunos que serão atingidos por planos de recuperação.»
Se esta medida, ou melhor, se esta vier a ser a definição política do que é uma escola, a escola deixará de ser sobretudo um lugar de rotina e reacção às decisões do centro, para ser um centro local de decisão e acção educativa. Só então, de facto, começará alguma mudança na educação.
Mas, atenção!, uma medida destas vai abrir as caixas fechadas dos problemas invisíveis. Para que esta nova concepção de escola venha a frutificar serão necessárias competências que muito dificilmente se encontram nas escolas: concepção de políticas, gestão por projectos, avaliação sistemática, diálogo entre pares, aprendizagem colectiva da organização, apropriação e gestão do conhecimento pertinente para a acção, política de inovação continuada e sustentada, etc. Como a história tem sido feita num sentido bem diverso e como as coisas não costumam cair do céu, também é provável que aqui não se encontrem disponíveis. Ou seja, o resultado vai depender sobretudo do que se fizer nos e com os conflitos que, sem dúvida, vão ser as primeiras coisas a saltar da caixa que, pelos vistos, se vai abrir. O pior que nos pode acontecer é... voltarmos ao mesmo nada que parece tudo.
Será ainda necessário mudar a legislação (absurda) sobre o conselho local de educação para o tornar num lugar de concertação entre parceiros e de construção de uma política local de educação.

20 May 2007

 

Claro!

Duma entrevista a Freitas do Amaral, que vai leccionar a “última aula” terça-feira próxima, leio uma pergunta do jornalista:
- Acha que um professor deve ‘mastigar’ a informação antes de a passar aos alunos?
Só podia, não é? Um professor é aquele que sabe e deve “passar” o seu saber para aquele que não sabe, o aluno.
Assim estamos nós, no início do Sec. XXI. E não há quem se indigne. Nem quem perceba porque estamos, em termos de ensino, ainda no início do Sec. XX.
O aluno é aquele que não sabe e o professor aquele que sabe, o professor deve “passar” o seu saber para o aluno, o aluno é o balde que o professor deve encher. Uma vez cheio, o aluno pode passar a ser professor.
Por detrás, há outro pressuposto. O saber que vem nos livros é a cópia da realidade e o professor sabe os livros, que ensina ao aluno que escreve no teste o saber que vem nos livros e é a cópia da realidade. Mas só na escola é que alguém pode acreditar que isto é verdade e que é assim que se sabe e que se ensina.
E por isso estamos onde estamos. Na educação e no mais.

 

Qualidade na formação

No sábado passado, no jantar de finalistas de 2006 da ESTA, tive oportunidade de encontrar os antigos alunos, mas agora já com experiência profissional. Foi interessante ver como contavam as peripécias da vida, como discutiam agora algumas das 2questões de sempre”, como vêm agora com um outro olhar, não necessariamente muito diferente do de há, afinal poucos meses.
Às tantas, perguntei-lhes como viam, agora, o curso que tiraram aqui.
Que tem ainda pouca componente prática;
Que os professores deviam ser mais exigentes.
«Quando as coisas não estão bem, os professores deviam obrigar os alunos a refazer até ficarem bem. É assim que nos fazem lá. Temos que refazer até ser aceite.»(Cito de memória, é claro.)

 

Boas notícias

A criança que não queria falar, de Torey Hayden (Presença), de que aqui já falei, em cinco meses vai já, pelo menos, na sétima edição.
Um êxito merecido, uma leitura para todos os que se interessam por educação.

 

Bela surpresa

Ontem recebi uma prenda completamente inesperada. O meu primo João António trouxe-me uma fotografia do casamento dos meus avós paternos em 1909. «talvez a primeira fotografia da Carregueira», disse-me ele.
Recordo-me de um pequeno episódio. Por motivos familiares nas Finanças, tive de ir tirar uma certidão de baptismo do meu avô. Foi então que me dei conta de que ele tinha nascido em mil oitocentos e... não sei quantos. Lembro-me muito bem do meu avô. Na minha memória vivida, mil e oitocentos era lá tão atrás como hoje deve ser o antes do vinte e cinco de Abril, qualquer coisa como a pré-história. Foi na altura daquela certidão que eu descobri como sou velho: contemporâneo de gente do Sec. XIX.
Como é que eu não me hei-de sentir, por vezes, fora deste tempo.

 

Mas ela move-se

Leio: «Portugal desceu dois lugares para 39º lugar na tabela da competitividade mundial».
Continuo a dizer duas coisas: não estamos num mau lugar, a nível mundial, mas o mais importante não é onde estamos mas para onde vamos.
E continuo a acrescentar; podemos escolher o caminho, mas não onde ele vai dar.

 

Assessores

Sá Fernandes, vereador da oposição na Câmara de Lisboa, sem pelouros, tinha 11 assessores (o desdobramento, por gestão, de um crédito para 6 assessores). Mas, diz ele ao CM, que «alguns vereadores, que têm a máquina da Câmara para trabalhar, [tinham] trinta, quarenta assessores». Fez-me lembrar o caso de uma empresa que estava a fazer um projecto para a CML mas que não conseguia dar-lhe andamento porque a cada reunião vinha um assessor diferente, que não sabia do histórico do processo nem passava a informação aos Serviços.
Em contrapartida, há câmaras em que os vereadores e os Serviços não podem aceder a competências que são imprescindíveis para uma boa prestação mas que também não justificam, ou as finanças não comportam, uma contratação a tempo inteiro.Nem num caso nem noutro, assim não vamos lá.

 

Assim não vamos lá - 2

Uma das coisas que mais me incomoda – e incomoda com muitíssima frequência – é o relato de como nesta associação, naquele serviço, naqueloutra empresa... as pessoas andam todas à batatada, em vez de se organizarem numa direcção.
Há, um pouco por todo o lado, um ambiente de desentendimento e de guerra. E não estou a falar de questões que as pessoas possam ter com o Governo. Não, são questões do seu quotidiano, modos de fazer e desfazer, brigas pequenas e grandes, processos do arco da velha... As pessoas cansam-se, as energias são gastas... em proveito de coisa nenhuma.
Há uma cultura instalada de “eles são todos uns malandros”, “sozinho é que estou bem”, “comigo não contem”. Há um estilo de vida lacrimoso, resmungão, choramingas, em que todos se queixam e ninguém tem razão...
Não tenho dúvidas de que temos razões históricas para termos chegado aqui. Mas será que não temos razões para sair daqui?
Quando é que percebemos que só uns COM os outros e com objectivos COMUNS é que chegaremos a algum lugar de futuro?Não estou a a falar das naturais divergências, da existência de conflitos de interesses e de opiniões. São reais, saudáveis, inevitáveis. Estou a falar do modo como os assumimos e os resolvemos. Ou seja, não resolvemos. Antes nos enredamos neles e neles deixamos presa a nossa vida.

 

Assim não vamos lá

Morenoolhoazul acusa-me de andar distraído, porque «há mais blogues em Abrantes» « e alguns incómodos com assuntos que nem os jornais vêem». A propósito de uma lista de locais que publiquei, após me terem sido enviados por outros. Quero, aqui, fazer alguns comentários, porque julgo que é importante.
Esta posição faz-me lembrar uma prática muito comum em Abrantes. Quando alguém faz alguma coisa, é deitado abaixo de mil maneiras. Uma delas é criticá-lo, não pelo que ele faz, mas pelo que ele não faz.
Eu, de facto, não vejo alguns blogues sobre Abrantes. Não me gabo disso, apenas não tenho disponibilidade. O meu comentador podia muito bem fazer como outros, por exemplo Vasco Pombo, que me indicou um lugar sobre Sentieiras, e Rui Lopes, que me enviou a lista que eu publiquei. Mas Morenoolhoazul, que conhece outros espaços sobre Abrantes, não se quis dar ao trabalho de indicá-los.
Eu propus-me fazer este blogue, mas não tenho nenhum compromisso de “cobrir a rewalidade”, que é típico por exemplo do jornalismo. O meu tempo já é insuficiente para as responsabilidades que tenho, sendo as principais as aulas que dou e a família que precisa de mim. Para lá destas, tenho outras a que vou respondendo como posso. Este blogue é, por definição minha, feito com sobejos que consigo mobilizar para dar aos meus concidadãos um pouco do meu exercício de pensar. Nada mais.
Quanto ao incómodo, já o disse. Ao contrário do que se pratica por aí, não é um bem em si mesmo. A mim, uma das coisas que mais me incomodam é a estupidez. E incomoda-me porque é o contrário do que devia ser. Apesar de, pelo que se vê por aí, tem cada vez mais adeptos.
Não quero, é claro, acusar de estupidez o meu comentador só pelo comentário que fez, pois foi breve, circunstancial e não dá para avaliar a sua dimensão. Mas também não escondo a sensação de que este tipo de comentários não levam a lado nenhum, a não ser a um lugar onde não queremos estar. Pelo menos eu não quero.Continuo na minha: só caminharemos para onde queremos ir se dermos passos nesse sentido e não no sentido contrário. E são os passos que nos dizem onde chegaremos.

 

Segurança - 6

Este é um tema sensível, mas a que não se deve fugir. Foi determinante para a vitória de Sarkosy em França. Por razões quase misteriosas, a esquerda não é capaz de dar boas respostas a esta questão. E digo “misteriosas” porque quem mais sofre com esta violência que cresce são (in)justamente os mais frágeis, porque os “ricos” sabem e podem proteger-se. Os pobres é que lhe ficam expostos sem remédio.
E o que dizem as autoridades, policiais e judiciais, a esta crescente insegurança que as pessoas vivem no seu quotidiano?

 

Segurança - 5

Dizem-me.
«Na zona do Milénio, há um grupo, sobretudo de ciganos, que mantém um domínio pelo terror. Danificam o parque infantil, estragam o equipamento do prédio, praticam violência sobre os mais novos... Um deles foi ao café e pediu algumas coisas para comer. A senhora perguntou-lhe se tinha dinheiro para pagar. E ele disse-lhe: “Tens um carro muito bonito, não tens? Se não queres que lhe aconteça nada, traz lá o que eu pedi.” E a senhora trouxe. Já há ali pessoas que têm medo de sair à noite.»

 

Segurança - 4

Há cerca de um mês, num sábado, um a série de actos de vandalismo no jardim do castelo destruíram um muro de protecção, material vário nos sanitários e outros bens colectivos.
Quanto custará repor tudo aquilo? E que efeito de inestética vem custando até essa reposição?

 

100 anos de Escutismo

Há pouco tempo estiveram em Abrantes, S. Lourenço, 500 escuteiros a celebrar o Dia de S. Jorge, numa organização do Agrupamento da Chainça.
Agora estiveram em Abrantes, Rossio ao Sul do Tejo, 500 escuteiros numa inicitiva que faz já calendário, a Escapadinha dos Mourões, numa organização do Agrupamento do Rossio.
Mas estas são apenas duas iniciativas de grande dimensão que tornam visível o trabalho semanal que vem sendo desenvolvido nos Agrupamentos de Escuteiros de Abrantes, Rossio, Chainça, Tramagal e Mouriscas. (O de Concavada já não existe.) Em todos eles está presente o maior movimento de juventude do mundo, que celebra este ano o seu primeiro centenário.
Trata-se de um movimento fundado por Baden Powell, de cujo nascimento se estão a celebrar 150 anos. No Escutismo, com cerca de 20 milhões de elementos, procura-se desenvolver a pessoa em todas as dimensões: da física à espiritual.
Creio ser espantoso como um homem que nasceu há 150 anos pôde ter visão para criar um movimento que, vê-se hoje, se antecipou no tempo. Para lá de elementos que não podiam deixar de expressar o espírito da época, por exemplo a separação entre rapazes e raparigas, tem na sua raiz muito do que ainda hoje parece estar por descobrir ou conquistar por muitos movimentos de formação: a integração das várias dimensões da pessoa, o desenvolvimento pessoal conjugado com a integração no grupo, o espírito de equipa, o jogo e a aventura, o cultivo de valores fortes, a irmandade universal, o contacto com a natureza e o profundo respeito por ela...
Há pouco, uma professora do primeiro ciclo dizia-me: «vejo logo quais é que são escuteiros».
É um movimento que marca por dentro e pelo fundo.

 

Acontecer em Abrantes

Deixo o registo de algumas coisas que aconteceram em Abrantes neste fim-de-semana de 19 e 20 de Maio e que, por qualquer motivo, me passaram pelas mãos.
Torneio de futebol na cidade desportiva, com a participação da Academia do Sporting;
Raid de BTT na Herdade de Cadouços;
Concentração das Escolinhas de Futebol do concelho de Abrantes, em Bemposta;
Jogo de veteranos SLB – AFC no âmbito do aniversário da Casa do Benfica;
Jornada de cicloturismo pelo Centro Social de Alferrarede Velha;
Passagem de modelos infantil pelo Centro Social do Pessoal da CMA;
Encontro de poetas e poesia, em S. Lourenço;
Dia da Comunidade interparoquial de Abrantes;
Escapadinha dos Mourões, com cerca de 500 escuteiros de 17 agrupamentos;
Campeonato nacional de canoagem, esperanças, com 400 concorrentes;
Teatro, “Freud”, pelo Disfarces, de Lisboa, no Ciclo de Teatro de Abrantes, iniciativa do Grupo de teatro Palha de Abrantes;
Visita de estudo de dois dias, de um grupo paroquial de Lisboa, a Abrantes e Sardoal;
Jantar de antigos alunos da ESTA;
Concerto de bandas no Rossio, suponho que da responsabilidade da SIMR;
E, se não me engano, pelo barulho, circo junto ao Terminal Rodoviário.

 

Felicidade

Posso sugerir a leitura do dossier sobre este tema publicado este sábado pelo Expresso sobre este tema?Lembro, a propósito, as palavras do Dalai Lama, que cito de cor e que expressam aquilo que dizem todas as sabedorias, religiosas ou não:
«Todos os seres vivos procuram a felicidade e querem evitar o sofrimento».
Não há razão, por isso, para cultivarmos a iliteracia num domínio que nos é essencial.

17 May 2007

 

Que ensino?

Quem puder não perca, hoje (17 Maio) no Público, o “encontro” com Eric Azur, professor de Harvard. O título é sugestivo:
«O professor tem de sair do palco e passar para o papel de treinador”
Quem puder, dê ainda uma saltada a
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-47442004000100011&script=sci_arttext
onde poderá encontrar mais ampla matéria sobre este assunto.Espero voltar a este assunto.

 

Foto

Já agora, espreitem também, de João M. Horta:
http://olhares.aeiou.pt/barca_do_pego/foto443541.html

 

As terras não se medem aos palmos

Um comentário aqui fez-me visitar
http://www.sentieiras.blogspot.com
um blogue, creio que de Vasco Pombo, dedicado a uma das aldeias do concelho. É importante este tipo de iniciativas que podem funcionar como um órgão de comunicação local. Ali há memória, homenagem, reivindicação... e pode haver de tudo o que faz parte da vida de uma sociedade local.
Parabéns a quantos sustentam a vida colectiva, tantas vezes pagando caro por esse serviço.

E agora transcrevo uma gentileza do Rui Lopes: blogues do concelho de Abrantes na Internet:
- Alvega: http://www.alvega.info/
- Arreciadas: http://arreciadas.no.sapo.pt/
- Bemposta: que tem 3:
http://www.jf-bemposta.com/
http://bempostainforma.no.sapo.pt/
http://bemposta.home.sapo.pt/
- Mouriscas com 2:
http://motg.blogs.sapo.pt/
http://motg.no.sapo.pt/a.htm
- Rio de Moinhos: http://riodemoinhos.blogs.sapo.pt/
- S. Miguel do Rio Torto: http://saomigueldoriotorto.blogspot.com/
- Tramagal: http://www.tramagal.blogspot.com/
«Façam uma visita e que surjam mais sites sobre as terras do Concelho de Abrantes», diz o Rui. Com razão.

 

Segurança - 3

- Mas vocês sabem quem é?, perguntei eu noutra ocasião.

- Então não sabemos? Há tempos, cheguei a casa e tinham-me roubado a aparelhagem. Não estive com meias medidas. Fui a casa de ------- e disse-lhe, ou "passas para cá já a aparelhagem ou dou cabo de ti". E ele foi buscá-la.

 

Segurança - 3

- Mas vocês sabem quem é?, perguntei eu noutra ocasião.
- Então não sabemos? Há tempos, cheguei a casa e tinham-me roubado a aparelhagem. Não estive com meias medidas. Fui a casa de ------- e disse-lhe, ou "passas para cá já a aparelhagem ou dou cabo de ti". E ele foi buscá-la.

 

Segurança - 2

Assisti, apenas.
- No Pego, todos os dias há roubos. É impossível.
- Em Montalvo é o mesmo, comentou alguém ao lado.
O “todos os dias” talvez revele mais um estado de espírito que um facto objectivo. Mas, mesmo assim, revela o estado de espírito a que as pessoas chegaram, impotentes perante uma situação que não vêem ter controlo.

 

Segurança - 1

Das Arreciadas chega-me um texto sobre o que ali se passa e que merece toda a atenção.
«Diariamente ocorrem situações de violência em cafés e mesmo numa pequena discussão de vizinhos surgem desacatos que muitas vezes só terminam com a chagada da GNR. De vez em quando ouvem-se mesmo tiros. Mas, por medo ou por outras razões, a GNR a esses indivíduos não lhes faz nada, o que causa revolta e confusão total em certas ocasiões.
«Uma vez, numa tarde de Verão, numa rusga da PJ e da GNR numa rua da aldeia, eles acabaram por ir-se embora a toque de paulada e de tiros para o ar.
«A situação dos roubos que acontecem sempre durante a noite, mesmo havendo pessoas pela rua também é preocupante.
«Num roubo na casa de um rapaz aqui da aldeia, em que eles lavaram o que quiseram, foi chamada a GNR, mas nem se dignaram vir cá. Uma pessoa conhecida da GNR é que veio a título particular e explicou o que se passava aqui: roubos e mais roubos, e isso a gente já sabia, mas que prendem-nos de manhã e soltam-nos à tarde. Como diz p povo: “levam-nos a almoçar e vêm cá levá-los.”
«Ainda há pouco tempo, nas férias da Páscoa, um desses indivíduos foi perseguido pela GNR, houve cacetada e um guarda foi agredido. Foi preso, ia a julgamento no dia 2, mas no dia seguinte já se encontrava cá, de manhã, no café.
«Isto cria um clima muito mau aqui. Isto é uma terra de gente boa, mas quando toca para o lado da porrada, a situação fica desequilibrada e nem mesmo a chegada da GNR acalma.
«Tudo isto leva a que haja questões quanto ao verdadeiro valor da justiça e do trabalhos das nossas polícias.
«Há pessoas que já sentiram medo de sair de casa para irem tomar café à noite.
«O que será que temos de fazer para mudar isto? Temos que ser nós, civis, a tomar medidas drásticas outra vez, como já sucedeu durante as festas anuais? É que, pelo desenrolar dos acontecimentos, mais dia menos dia gera-se cá uma grande confusão e não sei como acabará...
«Em conclusão, penso que devia haver uma lei, como a dos EUA, porque, se não for à base da força física, não conseguem controlá-los e atrás deles os filhos, e os irmão vão seguir-lhes o exemplo, como já se começa a notar nos mais pequenos, que também já têm o hábito de mexer no que não lhes pertence e de fazer pequenos roubos. E, quando são descobertos, ainda têm o apoio dos seus pais.»

16 May 2007

 

Bonito, mas uma tristeza

E continuou já mudando de assunto.
«Abrantes é uma cidade bonita. Não conheço nenhuma mais bonita no distrito de Santarém. O centro da cidade, isto aqui (no Outeiro de S. Pedro), a vista que se tem daqui, o castelo e a vista a toda a volta que se tem do castelo, e agora com o que fizeram lá em baixo (o espelho de água) ficou ainda mais bonito.
«Mas há qualquer coisa que falta nesta cidade. Não há espírito, parece que não tem alma. Ninguém quer saber de nada (no sentido de cuidar, se bem entendi), mas toda a gente descasca nos outros, toda a gente diz mal. E não há cultura. Há pessoas que dizem, como quem se gaba, que nunca foram ao castelo. Como é que é possível? Há pessoas que até dizem que nem conhecem o vizinho do lado. Mas que raio de gente é esta? A maior parte têm a mania de que são intelectuais, mas são sobretudo ignorantes. É uma tristeza.»

 

Sujo, sujo

Tinha dez minutos e fui descansar o corpo e a alma sobre o azul e verde, à entrada do Outeiro de S. Pedro. Ele estava lá e meteu conversa comigo.
«Isto é mesmo bonito. Venho aqui quase todos os dias. Mas já viste que ninguém limpa isto. Estas folhas de árvores podiam ser facilmente varridas, mas ninguém quer saber. Antigamente, havia um chefe dos varredores que fiscalizava se as coisas se faziam. Mas agora ninguém quer saber. É uma pena. Arranjaram isto e ficou muito bem, mas não limpam.»

13 May 2007

 

Fátima, ainda

A minha sogra tem 84 anos e foi a Fátima aí com uns 10 anos, portanto tinha Fátima aí uns 15 anos, estava ainda na adolescência.
Embora a memória seja traiçoeira...
«Aquilo não era nada do que é hoje. Fomos de comboio até Chão de Maçãs e depois a pé, ainda é um bom bocado. Nem sei como a minha mãe me levou. Só havia a capela e uma Nossa Senhora. Não havia muita gente, e as velas também eram poucas, não era como agora. O chão era todo em terra, não havia a basílica, nem a escadaria.»

 

Fátima, 90 anos

O fenómeno Fátima cumpre agora 90 anos. É, sem dúvida, um centro religioso de dimensão mundial.
Mas importa dizer que continuamos com um soberano desprezo intelectual para com Fátima. Não há estudos, não há uma atenção científica, não há investigação suficiente que esteja à altura do fenómeno.
Não sei porquê, mas é mais fácil construir uma basílica.

 

9 de Maio 2007

Foi um dia histórico. Oxalá permaneça como tal.
À noite, na sessão do Espalhafita, 6 pequenos filmes vídeo, resultantes da Oficina de Vídeo promovida pelo Espalhafitas / Palha de Abrantes fizeram a sua estreia no cine-teatro S. Pedro. Os realizadores: Blandina Machado, Duarte Branquinho, João Jerónimo, Nuno Alves, Rui Rodrigues e Teresa Lopes.
Que me recorde, é uma “primeira vez”. E o que desejo é que não seja, nem de longe, a última. Pelo contrário, depois deste primeiro passo, é de esperar que seja longo o caminho.
Porque temos um cine-clube que meteu mãos à obra e, pelos vistos, pode continuar. Porque temos entre nós uma Escola com equipamento e com cursos na área. Porque temos pessoas.
E porque Abrantes e a Escola precisam. Porque o audiovisual é uma área de futuro, onde é indispensável fazer crescer competências. E por mil razões mais.
Nessa noite, o Espalhafitas projectou também O Jardim das Delícias da Química, de Jorge Sá, obra que é já fruto maduro de uma fruteira sediada em Santarém.
O Espalhafitas projectou também o inesquecível O homem da Câmara de Filmar, de Dziga Vertov, de 1929, a dizer-nos hoje que quando se começa pode ir-se muito longe.
Santarém com produção, Abrantes com uma Escola e agora com uma iniciação, Covilhã com uma Escola e já história feita... Uma linha capaz de, bem trabalhada, conter futuro.

10 May 2007

 

Sintomático

O caso Pina Moura tem dado muito que falar. Leio uma frase que me serve de mote:
O Partido Socialista sempre quis ter um grupo de Comunicação Social. Está-lhe no sangue.» António Ribeiro Ferreira, Correio da Manhã
Por aqui se vê o tom geral do problema: o PS sempre quis ter um ”grupo de Comunicação Social” e agora há o perigo de vir a tê-lo, com a nomeação de Pina de Moura para a administração da TVI. É claro, portanto, que quem se queixa não é o PS, mas os outros. E o perigo não está em um partido ter um grupo de Comunicação Social, porque o PSD já o tem há muito e nunca houve queixas. O perigo mesmo é o PS também ter.
Mas deixem-me ver se eu percebo. Um grupo económico de Espanha, tão importante que pode vir comprar a TVI em Portugal, vem desembolsar uma boa quantia só para o PS ter grupo de Comunicação Social? Quem é que acredita nisso? “Mas o El Pais, que é da Prisa, está próximo do PSOE”, respondem-me. E isso quer dizer o quê? Na melhor das hipóteses, que a Prisa vai adoptar uma posição semelhante em Portugal, ou seja, vai estar próxima do PS. O que é uma coisa bem diferente de o PS ter um grupo de Comunicação Social. Assim estamos mais esclarecidos: o perigo é haver um grupo de Comunicação Social próximo do PS, coisa que até agora só o PSD teve, em Portugal.
Mas para que quer a Prisa um Pina de Moura na Administração para se colocar numa linha próxima do PS? E será que a Prisa vem mesmo com esse objectivo ou, ao contrário, isso será uma estratégia para outro objectivo?
A mim, que sou ingénuo, parece-me que será muito mais plausível que a Prisa tenha ido buscar Pina de Moura, com toda a legitimidade legal, diga-se, para conseguir alguma coisa do Governo do que para oferecer alguma coisa ao PS. Ou seja, uma posição de comunicação próxima do PS e uma personagem do PS na administração podem servir os objectivos da empresa, muito mais do que a empresa colocar-se ao serviço do PS.
Mas, então, onde estão as análise que nos mostram e nos alertam para esses objectivos e para eventuais cedências do PS / Governo a essa estratégia empresarial? Não vi. Porque, sem dúvida, não interessa muito.
O que, pelos vistos, interessa mesmo é o “perigo” de o PS ter um grupo de Comunicação Social. Assim se vê como a luta partidária se faz de muitas maneiras e atravessa toda a sociedade, muitas vezes pelo subterrâneo da Comunicação Social.

PS 1 – E não são só os partidos a perderem se a Prisa adoptar uma posição do tipo eixo central. Há órgão de Comunicação Social que perderão o seu espaço, pelo que também por aí se pode perceber alguma preocupação.
PS 2 – Importa não esquecer que à apetência dos partidos por uma força na Comunicação Social corresponde a apetência dos grupos económicos por uma força nos partidos do Poder.

 

A medalha

Segundo sei, houve alguns votos contra a proposta de atribuição da medalha da cidade a João Estrada, o homem que ofereceu a Abrantes a possibilidade de vir a ter um museu de referência de nível internacional. É pena que não tenha sido de votos declarados, que era para ficarem os nomes para a História. E para figurarem ao lado do exemplo de jornalismo de ficção que foi a notícia que do mesmo deu o Primeira Linha aquando da assinatura do respectivo protocolo com a Câmara.Há coisas que ficam para a História. Porque a História faz-se muito de pequenas coisas. Pequenas, mas que ganham em retrospectiva a dimensão que não vemos no momento.

 

Turismo d' Água

Ao que sei, já estão a acontecer visitas de estudantes de hidráulica ao açude. Já sei também de um grupo turístico de Lisboa que quer passar pelo açude.A verdade é que a água pode ser o suporte de uma fileira de turismo a explorar com método. Desde as fontes várias e os sistemas tradicionais de captação e rega (ex: noras), passando pelas estações de captação e as variadas técnicas utilizadas nas estações de tratamento, até às barragens, sem esquecer as ribeiras e os dois rios com as suas barragens, a verdade é que Abrantes tem um potencial de turismo pedagógico e científico ligado à água que é pena não ser aproveitado.

 

O açude

Só agora pude ir ver o açude.
Então, onde estão, agora, as vozes do “bom povo” que diziam «eles não sabem o que estão a fazer; quando aquilo encher o Rossio fica debaixo de água». E não era por causa das cheias, era pelo próprio açude.
Não sei porquê, faz-me lembrar a ponte do Tramagal. Quando o Eng. Bioucas lançou a ideia, muitas foram as vozes, populares e doutas, a enchê-la de ridículo. Depois, chegou a ser promessa eleitoral de outros. E há pouco o actual Presidente da Junta reclamava por ela, para que o Tramagal não ficasse a ver o desenvolvimento passar ao largo.Ainda estamos para ver o resultado do açude. Mas as comportas já estão lançadas. A avaliação já começou, mas levará ainda muito tempo a concluir.

 

Tùnel do Marquês

Agora que o túnel está aberto ao trânsito é que vamos ver, de forma “experimental”, quem tinha razão. Se os que diziam que ele iria resolver problemas do trânsito, se os que diziam que ele iria agravá-los. E ambas as partes apresentavam razões de peso.
Como muitas vezes acontece em política, não há uma decisão técnica evidente. Por isso, só uma decisão política – portanto de outra natureza – pode ter lugar. Uma tal decisão tem sempre uma elevada margem de aposta, aposta política, cujo resultado só pode ver-se depois.
É agora o tempo oportuno de avaliar as teses que no tempo da decisão estiveram em confronto. E a posição daqueles que depois se lhe opuseram.A política é um território de alto risco. E é aos políticos que compete correr esses riscos, com maior ou menor cumplicidade dos eleitores.

 

A Carta Educativa, ainda

Uma das linhas de conflitualidade da carta Educativa de Abrantes, agora aprovada pela Assembleia Municipal, tem a ver com uma questão que importa assinalar.
Grande parte dos conflitos tiveram, e têm, como protagonistas os professores. Porquê?
Antes de mais, porque a Carta é uma peça de uma operação de territorialização de equipamentos e de alunos, mas não de professores. Ou seja, a Carta é elaborada com base no território físico e administrativo, em valores demográficos, em capacidades de equipamentos... e, com base nos indicadores encontrados, propõe soluções novas.
Mas os professores não são tidos em conta nesse processo. Ora as novas soluções vêm ter efeitos profundos sobre muitos professores: positivas para uns e negativas para outros, devido à criação e extinção de lugares. E, por isso, alguns professores mobilizaram-se na defesa dos seus interesses. E têm direito a fazê-lo.
Só que as colocações de professores dependem de um regime próprio, um concurso nacional vertical, que “não pode” estar dependente de processos locais de planeamento.
Sendo assim, é a própria contradição entre um processo local de planeamento e um processo nacional de colocação de professores que está na raíz, insolúvel, deste problema. Insolúvel porque não solução desse problema ao nível local. A não ser que o planeamento local não se faça para que o problema não aconteça.
Haveria uma solução. Que era introduzir no planeamento local uma qualquer margem de negociação também ao nível dos docentes. Mas isso implicaria ama certa brecha no sistema nacional de colocação de professores. Alguém, contudo, a aceitaria?Em situações destas, é natural que comecem a aparecer fantasmas.

 

Entretanto

A migração do blogue obrigou a operações que não estavam ao meu alcance. Precisei, por isso, de recorrer a assessoria técnica. Razão suficiente para um intervalo forçado. Mas também não se perdeu grande coisa, não é? Mas vão, mesmo desactualizados, os textos que escrevi na oportunidade.

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