.comment-link {margin-left:.6em;}

31 March 2005

 

Candidaturas

Pedro Marques, se é que li bem, lança-me à cara que ele se candidata à Câmara e eu não. É verdade. Em primeiro lugar, quero dizer que o respeito na sua candidatura e lhe agradeço o candidatar-se. Em última análise, trata-se de um exercício de democracia e, por isso, um serviço ao nosso concelho. Obrigado por isso. E desejo-lhe o fruto correspondente à qualidade da sua proposta e ao trabalho que vier e desenvolver para fazê-la passar. E é o mesmo voto que faço a todas as outras candidaturas, embora sabendo que não partem todas da mesma posição, antes partem com vantagens e desvantagens assinaláveis.Em segundo lugar, quero dizer também que se não me candidato não é por orfandade. Já fui, como se pode calcular, solicitado para tal e por inicitivas além do que se pode calcular. Acontece, porém, que a seguir ao 25 de Abril vi (quase) toda a gente activa desse tempo a entrar nos partidos e senti que andava no ar um espírito de que "só a política partidária" é que tinha valor. Eu estava num trabalho cultural e associativo de base e num trabalho jornalístico no "Correio de Abrantes". E decidi dedicar-me a esse trabalho, que considero tão digno e tão importante como o partidário ou de gestão administrativa da "coisa pública". E é nisso que venho empenhando o meu tempo livre-das-aulas durante todos estes anos.Acontece ainda que a minha formação não era particularmente orientada para alinhar numa das partes contra as outras. Por isso mesmo, pensei e continuo a pensar que há um trabalho a fazer que é anterior ou um substracto ao trabalho político-partidário. E é aí que tenho investido. E sei que tem sido uma acção de alguma qualidade. Não tenho disso qualquer dúvida, embora, como todas as outras, não seja isenta de falhas.Tenho as minhas opções, voto sempre com uma cruz num quadrado. Mas há muita gente, embora nunca gente suficiente, a trabalhar por cada um desses quadrados. Aquilo que me ocupa não é, pois, a militância partidária, mas "outra coisa". Nunca, porém, alguém alguma vez me ouviu uma única palavra de menosprezo seja pela política partidária seja pelos políticos. Nunca me armei de uma qualquer superioridade moral, face a uma suposta imoralidade da política ou dos políticos.A política, se bem exercida, é uma das belas artes. Mas não é uma arte que eu deseje praticar. Apesar de não me considerar inapto. Só que eu prefiro trabalhar com os outros em coisas que consideremos importantes e não participar num jogo em que, por melhor que se faça, há sempre alguém que tem a missão de dizer mal, pior ainda, de dizer mal da pessoa só porque veste uma camisola que não é a "nossa". Creio que isso é menoridade e, por isso, incomoda-me.Por isso mesmo e porque creio ser necessária uma vigilância social sobre a manutenção das regras do jogo, sinto que é meu dever saltar a público quando vejo que os eleitores - sempre eles, portanto também eu - estamos a ser usados através de jogadas que violam as regras do jogo, se não mesmo com golpes baixos.Quero ainda acrescentar que este é um trabalho muito mais difícil do que parece. Porque solitário, porque não reconhecido por nenhuma das partes, porque sempre sujeito à distância mantida por todos os jogadores. Mas foi o trabalho que escolhi.

 

O mistério das Fontes

Se havia uma declaração do Presidente da Junta de Freguesia das Fontes à Rádio Tágide e eu não a conhecia, precisava de a conhecer. Fui ouvi-la.Não só não confirma os relatos e indignações do PSD Abrantes como as desmente. A única verdade que parece existir é que uma mentira insistentemente repetida passa como verdade. È lamentável.

28 March 2005

 

Mação: alternativo e renovável

Mação é já "visível" nas energias renováveis através das pás dos moinhos de vento que não servem para moer o grão mas para produzir electricidade. Mas o Mação quer ir mais longe com «uma central de biomassa, uma central fotovoltaica e uma mini-hídrica». Deste modo Mação quer dar cartas no domínio das energias renováveis, portanto alternativas às chamadas energias fósseis.É uma aposta com futuro e pode fazer de Mação um lugar com interesse neste domínio específico. De notar que por aqui pode passar uma parte do futuro, até turístico. De notar ainda que se trata de um sector que exige formação avançada, muito para lá do que são os níveis médios de qualificação da nossa população. Um múltiplo desafio, portanto.

 

Abrantes-Parthenay

Deve ter já regressado uma delegação que esteve estes dias de Páscoa em Parthenay: bombeiros, representantes de associações juvenis e uma equipa de futebol, além do Verador do Desporto e Juventude e do Presidente da Associação de Geminação, foram dar mais um passo no processo de fraternidade e intercâmbio entre as populações desta duas cidades gémeas. Oxalá tudo tenha corrido melhor que bem.

 

Ruas cortadas

Muitas vezes, demasiadas vezes encontramos ruas cortadas em Abrantes, o que causa transtornos por vezes significativos. Compreende-se a necessidade de cortar uma rua para obras. Mas...Algumas vezes, embora poucas, o corte da rua era evitável se se estivessem a utilizar máquinas apropriadas. Contudo, o mais frequente abuso é o corte de uma rua sem o necessário aviso em lugar adequado de modo a evitar passos em falso. Por exemplo, tem sido frequente o corte da Rua de S. Pedro... mas sem a colocação na rua que sobe da Ferraria para o castelo de um sinal de rua sem saída. Assim, só quando chega à entrada do jardim do castelo e quer descer é que uma pessoa vê que caíu na ratoeira e tem que voltar para trás. Há dias, fecharam a Rua Grande. Tinha sido fácil mudar o sentido de trânsito na dita Rua de S. Pedro. Quem saía da R. Carreira dos Cavalos e queria ir para Alferrarede, por exemplo, tinha de dar uma grande volta à asneira.Deve haver de quem de direito, polícia e Câmara, uma actuação no sentido de exigir o necessário respeito pelo cidadão comum.

26 March 2005

 

Fixar residência

Encontreio-o no centro de Abrantes, contra o que seria de esperar. Disse-me que tinha comprado casa aqui perto, no concelho. Até já tem pelo menos um trabalho aqui. «Vamos ver-nos mais vezes», concluiu. Quem? Não interessa, é alguém que tem dimensão que chega muito para lá de Portugal.Falta saber como é que será acolhido.Porque Abrantes, como qualquer outro lugar do interior, tem dois grandes problemas: um é cativar e fixar pessoas de elevado nível; outro é oferecer um mínimo (se possível bem mais que o mínimo) de integração, de modo a que a sua presença se possa fazer sentir na qualidade das interacções sociais que fazem a vida de uma comunidade.Abrantes é uma terra pequena, por vezes pequena demais para quem for maior que pequenino, para quem não se sujeite a voar rasteiro como os crocodilos. E quem não está bem... muda-se, é claro. E quem perde? Os que ficam.

 

Arte a ver

A exposição que agora se encontra na galeria municipal, junto à Câmara, deveria ser vista pelo maior número possível de abrantinos. Habituados a uma arte (quase) do século XIX, não fazia mal menhum um confronto com aquela exposição-provocação. Por isso, é pena que não tenha sido feita, sei lá, numa das praças da cidade, para vir ter com as pessoas. Assim, a solução é levar lá os potenciais visitantes. A ver a arte que se dá a ver.

 

Não pode, mas é

A - Tenho uma afilhada cigana. Há alguns anos, saíu de Abrantes. Agora veio ver-me: para matar saudades, para me mostrar a filha que eu não conhecia e para me perguntar a idade, pois lá em casa ninguém lhe sabe dizer ao certo, divergindo dos 16 aos 18.
B - Paguei com duas notas de 20 euros e a conta era de 39.95. Puxou da máquina de calcular e digitou: 40-39.95 e, vá lá, o resultado foi 0.05.
Não pode ser, mas é verdade.

 

O maior perigo

«Considero que o maior perigo espiritual que uma pessoa enfrenta em sua vida é o de acreditar que ele ou ela é a dona de uma verdade, ou a legítima defensora de algum princípio, ou a possuidora de algum conhecimento transcendental, ou a dona, por direito, de alguma entidade, ou a merecedora de alguma distinção, e assim por diante, porque ele ou ela imediatamente torna-se cega para a sua condição, e entra no beco sem saída do fanatismo.» Diz Humberto Maturana, biólogo chileno, em tradução brasileira de Cristina Magro e Victor Paredes.

25 March 2005

 

Ódio

Quem leu o 100 papas na linha, no último Primeira Linha, pôde ver o que é um exemplo acabado de um certo tipo de escrita para jornal. Ali destila-se ódio e mais ódio, e impotência quase de certeza. O que ali se derrama é veneno e mais veneno, e o facto de ele ser ditigido contra o PS é secundário.
Não interessa que os factos sejam pseudo-factos, não interessa que as interpretações sejam construções sobre ficção, não interessa que as pequenas verdades ocultemas enormes omissões.
O que interessa é a destilaria. E os efeitos.
Quanto aos pressupostos a partir dos quais fala, eles são ocos, insustentáveis, falsos. Servem apenas para parecer. E fazer estragos.
Eu insisto: escrever num jornal é exercer um poder. E exercícios criminosos.
Este 100 papas na linha veio sobretudo mostrar a algun distraído aquilo que eu tinha aqui afirmado.
O pior é que este tipo de percurso não é só um suicídio, é também um homicídio: voluntário, premeditado. E cobarde, porque feito a coberto da noite do anonimato.

 

Vitórias do Mação

Numa semana, o Mação averbou duas vitórias sobre o Ouriquense, que era o líder da 1ª divisão distrital de futebol. A primeira, por 4-3, para o campeonato; a segunda, por 2-0 para a Taça do Ribarejo. O Ouriquense ficou em segundo lugar e o Mação em 4º. Hoje, santa sexta-feira santa, o Mação qualificou-se para a final da referida Taça.
É sempre bom quando os indicadores positivos dão ânimo a uma qualquer comunidade local. Mas que não sejam só no futebol. Como ali, é possível multiplicar bons resultados nas várias áreas da vida. Para isso é preciso, como dizem os desportistas, «trabalhar mais» e, é claro, muita disciplina de boa qualidade.

24 March 2005

 

À nossa custa

Li, há algum tempo, se não me trai a memória, que a EDP teve em 2004 resultados muito animadores, ou seja, lucros no valor de milhões de contos.
Vi, hoje, mais uma vez, em Abrantes, pessoas em fila, na rua, sob ameaça de chuva, com um fresco a soprar-lhes nas orelhas, à espera de resolverem um qualquer caso com a EDP. Porquê?
Porque a EDP fechou o seu balcão em Abrantes. E porque pôde fazê-lo no meio do nosso silêncio, ou seja, da nossa aceitação desse acto de gestão com o objectivo lógico de «racionalizar os custos».
Sejamos claros. À EDP não compete apenas fornecer electricidade em boas condições. Compete-lhe também fornecer atendimento em boas condições.
Aquilo que sentimos é que, nos últimos tempos, a electricidade não tem sido garantida nessas boas condições. E aquilo que sabemos é que o atendimento deixou de ser feito quando a EDP fechou o seu balcão em Abrantes, deixando-o entregue a terceiros que só oferecem as condições que podem oferecer - e a EDP parece já não ter nada a ver com isso.
Quando será que começamos a ouvir o silêncio sobre estes casos que nos vão tirando a qualidade de vida?
A EDP foi-se. A Telecom foi-se. Os Correios reduziram o horário de abertura... Querem mais? É só esperar um pouco, porque, de certeza, há mais empresas e serviços a querer «racionalizar os custos». Ou seja, à letra, a não quererem suportar "custos irracionais", que isto de atender os clientes de porta aberta já não se usa. Em certo tipo de empresas, é claro, porque noutras a qualidade de atendimento é imprescindível para se manter aporta aberta.

23 March 2005

 

Clube de Leitura

O serão de terça-feira, dia 22, reuniu 21 pessoas para ouvirem e conversarem sobre o livro Breve história de quase tudo, de Bill Bryson, que foi apresentado por Carlos Coelho, professor de engenharia mecânica na ESTA. Falou-se do livro, leram-se alguns trechos, falou-se de ciência e de divulgação científica, conversou-se. E às 23.30, foi necessário "mandar" as pessoas embora, para que a manhã seguinte não fosse demasiado difícil.
O Clube de Leitura é um projecto recente da Palha de Abrantes que parte de uma ideia simples: uma pessoa que gosta de ler diz a outras pessoas que gostam de ler, têm de ler este livro... A entrada é livre e cada um está à vontade. Deseja-se que as pessoas participem, mas que ninguém se sinta obrigado a mais do que respeitar os outros.
O formato é, mais uma vez, de carácter experimental, de fácil sucesso e susceptível de ser generalizado.
Costumo dizer que o país precisa de muito sprojectos com estas características: barato, eficaz e generalizável.
Uma sessão tradicional de promoção da leitura promovida por uma Câmara Municipal é capaz de custar cem contos / 500 euros (vai-se buscar e levar um autor ou estudioso, paga-se-lhe uma verba, dá-se-lhe de jantar e talvez mesmo dormida, pagam-se ainda horas extraordinárias aos funcionários que garantem a logística da sessão... e sei lá que mais). E o público, na maioria das vezes não corresponde ao investimento.
Numa sessão deste tipo, usam-se recursos da terra, coloca-se as pessoas em actividade, criam-se dinâmicas de acção e participação... e tende sempre a haver mais gente envolvida e activa, enquanto os custos tendem para zero.
A próxima sessão, dentro de quinze dias, na terça à noite, será sobre Equador, de Miguel Sousa Tavares. Se já leu, não perca. Se não leu, vá ouvir quem leu.

 

A pessoa. A personagem.

A pessoa não é o mesmo que a personagem.
O respeito radical pela pessoa não deve confundir-se com a necessidade de avaliação e actuação face a uma personagem social.
Em concreto. A personagem social de um pedófilo, por exemplo, exige a nossa reprovação e uma actuação firme no sentido de contrariar não só a sua acção como os seus efeitos. Mas a pessoa que ele continua a ser, merece o respeito incondicional, o que, no caso, significa o direito à justiça, o direito a um tratamento se for o caso, o direito a... e podemos discutir até onde seja necessário. E o mesmo se passa num caso positivo. Um bom médico, por exemplo, merece a homenagem dos que são beneficiados pela sua acção, mas a pessoa está sempre para lá disso e pode até nem corresponder inteiramente à sua qualidade como médico. Tal como a pessoa do pedófilo nunca se resume à sua prática criminosa, podendo ele ser, noutros campos, uma personagem social de nível elevado.
Nem sempre temos estas diferenças constitutivas na devida conta.
Se não faz sentido avaliar uma pessoa, porque nunca estamos na posse de todos os elementos de avaliação, pois uma pessoa é uma realidade ultracomplexa, logo irredutível a qualquer análise. Mas não podemos nem devemos deixar de avaliar uma dada personagem social, e agir em conformidade com essa avaliação.

 

A seca das Fontes

Não habia nexessidade
Este é o primeiro comentário que me apetece fazer, depois do que ouvi no serviço noticioso do "meio dia" na Antena Livre. Mas vamos a ver/ouvir se haverá mais material a juntar ao processo em curso.

22 March 2005

 

Poema

Recebi-o pela Intenet, no Dia da Poesia.

POEMA DO GATO

Este gato, é gato,
o gato, melhor gato,
meio gato, de gato,
manter gato, um gato,
idiota gato, distraído gato,
por 20 gato, segundos gato.


Ah! Não entendeu nada ?
Então, experimente ler sem a palavra GATO.

P.S. - Eu também...

 

Voltando

De regresso, quero dizer que considero normal que, face à notícia de que um jornal foi comprado, alguém pense ter isso alguma coisa a ver comigo, pelas razões que já ficam ditas. A minha (primeira) informação neste blog teve apenas o sentido de, logo, dar a informação correcta e, por essa via, evitar que as interpretações corressem por caminhos errados. Porque eu sei bem que os acontecimentos são susceptíveis de múltiplas interpretações.

Sobre a saída de Pedro Marques da Direcção da Palha de Abrantes, no final do nosso primeiro mandato, confesso que estava convencido que tinha sido de modo diferente. Que Pedro Marques tinha dito que ia sair porque queria dedicar-se à JSD e que eu teria dito que achava que sim por duas razões, porque isso era suficientemente importante para se lhe entregar inteiro (e sempre achámos que a Palha não devia desviar ninguém de outros compromissos) e porque um dirigente partidário na Direcção da Palha poderia trazer dificuldades acrescidas, talvez para ambas as partes. Estava convencido que tinha sido assim. Mas não estou certo. E se Pedro Marques tem segurança no que diz, não serei eu a recusar a sua versão, até porque nada de essencial está, nisso e para mim, em discussão.

Quanto a deixar o meu comentário na Antena Livre, peço desculpa, mas não vejo que haja nisso alguma pertinência, a não ser o interesse do PSD. Reconheço, perfeitamente, que os meus comentários não têm sido de molde a agradar aos que têm o PSD no coração. Mas isso porque, do meu ponto de vista, os factos têm merecido os comentários que tenho proferido.
Nunca, espero eu, quanto ao passado e quanto ao futuro, os meus comentários se têm centrado ou se virão a centrar na sigla de um partido. Não critico ou louvo um facto ou a actuação de um personagem pelo facto de ser ou não ser de um partido. Mas pela minha avaliação, segundo o meu critério, daquilo que aconteceu ou daquilo que alguém fez.
E aproveito para acrescentar: opino e julgo factos, e não pessoas.
Nunca sei as circunstâncias exactas em que alguém fez, por isso não posso julgar as pessoas que fazem; nem sei, nunca, o que eu faria se estivesse nas mesmas circunstâncias. Creio que é inútil julgar as pessoas. (Quando me refiro à evolução do PL, não julgo ninguém.) No fundo, sou sempre eu que estou em julgamento, como alguém que deve tomar posição sobre alguma coisa e, se for caso disso, agir de um certo modo. Também não me parece correcto julgar intenções. Sempre disse que as intenções são interiores, portanto secretas. O que alguém afirma como intenção não é mais do que aquilo que esse alguém lá põe, como interpretação sua do que lhe é dado ver. E isto em todos os aspectos da vida.

Ainda quanto à minha permanência na Antena Livre, ela está dependente da vontade da casa. Ou de eu perceber que perdi as condições de isenção e de liberdade. Até ao momento, ainda não foi o caso. Pelo facto de a minha mulher ser Vereadora e Presidente do PS Abrantes, sei que não sou completamente independente. Mas várias vezes fiz questão de o lembrar aos ouvintes, para que estes tenham isso em conta na sua leitura das minhas palavras.

Mantenho alguns princípios que sempre defendi, nomeadamente no PL. Que a crítica é o sangue da democracia, que não há políticas perfeitas, que a oposição deve critucar as políticas exercidas, que os jornais têm um papel importante na crítica aos vários exercícios do poder, etc. Por isso, a crítica não me incomoda, a não ser na medida em que eu prefiro sempre que as coisas sejam boas a que sejam más. Mas prefiro, claramente, que as coisas más apareçam como más, em vez de parecerem boas. Daí a importância da crítica.
O que me incomoda, portanto, não é a crítica. É a falsa crítica, é aquilo que se quer fazer passar por crítica, mas não o é. Mantenho: o exercício da crítica é um poder e, como tal, tanto pode ser bem como mal exercido. Pode até ser criminosa. Quantas vezes o disse no PL?

A propósito. Ontem, dia 21, numa jornada promovida pelos alunos do 5º ano da ESTA / Comunicação Social, um dos convidados foi claro, e cito de memória: há jornais locais e regionais que cometem autênticos "crimes" naquilo que dizem, destruindo a imagem que as comunidades têm de si, ao contrário daquilo que devem fazer que é ajudá-las a confiar em si mesmas e multiplicar as forças positivas da mesma comunidade.

Não tenho dúvidas de que muito do que acima digo não é objecto de grandes discordâncias, e que nem o momento pré-eleitoral é capaz de alterar de forma substancial o significado daquilo que digo.

Termino dizendo duas coisas, para alguns que não me conheçam o suficiente. Primeira. Não me considero melhor ou superior, nem pior ou inferior, que ninguém, antes de mais porque julgo que tal tipo de comparação é idiota - porque não há medida calibrada do valor global de uma pessoa. Segunda. Respeito cada um dos militantes e dirigentes partidários, como pessoas que trabalham para o nosso bem comum, portanto também para o meu, o que agradeço, mesmo quando não estou de acordo com aquilo que fazem. Isto, porém, não me obriga a estar de acordo com o que fazem. Pode mesmo, em casos que o julgue necessário, obrigar-me a combater contra o que fazem. Confesso que, nesses momentos, me é difícil respeitar a pessoa e estar grato pelo que faz. Mas procuro dissociar. Respeitar a pessoa e, se é o caso, julgar os factos. Por isso, quando me pronuncio sobre um facto, é por aquilo que o facto significa para mim. E quando digo facto, posso dizer o conjunto dos procedimentos de uma personagem. E reconheço aos outros o direito e o dever de terem um igual julgamento daquilo que são os meus comportamentos.

Ao Pedro Marques e ao PSD Abrantes desejo, sinceramente, um bom trabalho de preparação das autárquicas. Reafirmo: não há democracia sólida sem uma oposição sólida, inteligente, criativa, responsável, etc. Todos nós esperamos isso mesmo do PSD. De todos os partidos, o do poder e os da oposição.

 

Ao Pedro Marques

Antes de mais, uma saudação e um obrigado pela atenção dada.
E, alguns esclarecimentos necessários, na sequência do que escreveu no seu blog.
Primeiro. Na minha despedida do Primeira Linha, referi a liberdade que sempre senti no jornal. É da mais elementar justiça dizê-lo, e repeti-lo: nunca me senti pressionado a escrever ou não escrever em qualquer sentido. O que eu queria dizer, quando escrevia a «pressão interior» que estava a sentir, referia-me à pressão do meu interior: deixar um jornal que também era meu, porque com outros o fiz. "Meu" não tem aqui, portanto qualquer sentido de propriedade, de posse, mas sim de pertença, "meu" porque eu lhe pertencia, porque durante mais de sete anos me habituei a a conviver todos os dias com o compromisso da minha crónica. Peço, por isso, desculpa a todos, se não fui suficientemente claro.
Segundo. Acredito que um jornal tenha sido vendido. Mantenho que não tive participação nesse acto. Também já sei que é verdade. E desejo-lhe, como projecto, que tenha o êxito que eu considero necessário: um jornal independente e inteligente, ao serviço da comunidade, isto é, exercendo o poder de comunicar no sentido do nosso desenvolvimento. Aquilo que eu vi no PL, independentemente de pertencer a um, talvez dois, militante(s) do PSD. Não tenho nada contra o PSD nem contra os seus militantes e até candidatos. Estou disposto a colaborar com todos em projectos que eu (digo bem: eu) considere correctos e em que a minha participação eu (digo bem: eu) sinta que vai no sentido de realizar aquilo em que acredito.
Terceiro. O PL tem direito a ser aquilo que quiser. Há, no entanto, coisas que eu não creio boas opções, e há outras que eu considero incorrectas. Só um exemplo, que eu não quero faltar ao respeito pela casa que me acolheu (ou seja, não gostaria por isso mesmo de discutir o PL). No caso do Presidente da JF das Fontes, o PL publicou um texto do Presidente da Comissão Política do PSD e juntou-lhe um editorial em que supunha uma notícia e a comentava. Mas, onde estava a notícia? Nas palavras do Pte. do PSD? Em jornalismo, há um mínimo de regras, que devem ser respeitadas. Nesse particular, o Pte. do PSD sozinho, não é fonte credível e suficiente. Será credível se for confirmada, não o será se for desmentida. Mas não houve nada disso. Foi um mau trabalho jornalístico que, digo-o, talvez tenha agradado ao PSD, mas em nada, digo eu, o terá favorecido.
Quarto. Na Antena Livre não comentei esse caso por duas únicas razões. Porque não sou eu que faço a agenda, embora possa sugerir temas: e neste caso não iria sugerir porque considero que não há (não conheço) material suficiente, embora espere que apareça, nomeadamente a confirmação pelo Pte. da Junta de Fontes, que alguém deve ouvir, digo eu. E porque o tema estava agendado, mas, como quase sempre acontece, não houve tempo de tratar desse e doutros temas - e no caso de ser colocado na mesa iria falar com base nos elementos de que dispunha.
Por agora, tenho de parar. Depois voltarei. Sem ressentimentos. Pensando estar a fazer um serviço público, tal como o estão a fazer muitos outros. Incluindo os responsáveis políticos dos vários partidos. Mas, tanto no meu caso como no deles, o valor do serviço mede-se pela qualidade do resultado. Até breve.

21 March 2005

 

Desinformação

Pessoa amiga chamou-me a atenção para o blog do PSD Abrantes. Fui ver.
Pedro Marques falava de uma iniciativa integrada na dinâmica de preparação das autárquicas, um «jantar-debate com empresários». Só que...
Às tantas, no texto, escrevia: «Sei que os adversários socialistas estão preocupados. Muito preocupados. Os movimentos de constituição de listas, as reacções dos militantes mais tradicionais do PS, os movimentos junto dos autarcas de freguesia, os movimentos de bastidores para aquisição de um jornal para o vocacionar para a difusão dos ideais socialistas desta campanha, são motivos mais do que suficientes para nos sentirmos cada vez mais confiantes e motivados.»
Um comentário natural, feito pelo candidato do PSD à Câmara de Abrantes. Mas acrescentava:
«As recentes mexidas de colunistas de comunicação social não aconteceram por acaso: resultam de um ajuste de posições, com base doutinária e programática subjacente.»
É claro, penso eu, que isso também me diz respeito. (E agora pergunto-me se isso tem alguma coisa a ver com a informação de que eu teria comprado um jornal.)
No que me cabe, falo abertamente e digo assim...
Deixei o Primeira Linha porque se tornara insustentável a minha situação no jornal. Tinha aceitado colaborar num jornal independente e inteligente, a convite de Fernando Marques, o Director. E colaborei durante mais de sete anos. Não há jornais perfeitos, mas há jornais que fazem um esforço para acertar. Muitas vezes fui crítico do que se passava no PL, mas isso não me impedia de sentir que participava num projecto que se podia dizer de utilidade pública.
Contudo, ultimamente e cada vez mais, o PL tranformou-se no contrário daquilo que eu penso que deve ser um jornal local, ao serviço do comunidade e do desenvolvimento local. Passou a ser cada vez maisum boletim contra o PS na Câmara de Abrantes e ao serviço da candidatura do PSD à Câmara de Abrantes. Pior ainda: tornou-se num jornal onde esse "serviço" dispensou as exigências do jornalismo.
A minha posição era, como os leitores podem perceber, insustentável. Não por ali se estar a criticar a Câmara. Mas por se estar a fazer "outra coisa" e eu, ao mesmo tempo, não poder responder e não poder ficar calado. A minha participação no jornal era cada vez mais interpretável como concordância com o que se estava a passar ou como cobardia acomodada. Porque eu pensava, e continuo a pensar, que não podia nem devia entrar nessa matéria.
Pela minha parte, se houve algum «ajuste de posições, com base doutinária e programática subjacente», foi da parte do Primeira Linha, jornal onde deixei de ter lugar segundo a minha interpetação do que devo fazer e não fazer. E saí com alguma pressão interior, uma vez que eu, se não erro, era um dos dois sobreviventes da primeira hora.
Saí, expliquei porquê e acrescentei a quem de direito: se alguma vez quiserem fazer um jornal independente e inteligente, podem contar comigo. E mantenho.
Sejamos claros: saí discretamente, quase em silêncio, por respeito pela "casa" que me acolheu. Mas falei agora claro porque a isso me "obrigou" o proprietário e administrador do jornal.
(À margem ou talvez não, repito: enquanto continuarem a fazer política assim, não me parece que vão longe, e não contem com a minha cumplicidade.)

 

Equívoco

Ontem à tarde, um jornalista da nossa praça veio junto de mim para confirmar uma informação que lhe tinham dado: se era verdade que eu, com mais três pessoas, tínha(mos) comprado um jornal aqui da zona.
Respondi-lhe: - Estou a "sabê-lo" agora.
Essa informação que lhe tinha sido dada por alguém, ou como arma de desinformação ou a partir de uma interpretação, tem, sem dúvida, duas bases factuais: deixei recentemente de publicar uma crónica semanal no Primeira Linha e estão a acelerar os movimentos em direcção às eleições autárquicas de Outubro próximo. E talvez mais dois factos: também o Nova Aliança viveu mudanças internas recentemente e talvez tenha sido vendido algum outro jornal, supondo-se então que tenha sido eu.
Para já, a informação está dada. Quanto ao mais, ficamos a aguardar.

 

Apresentação

Continuar a teimar por Abrantes e em Abrantes. É assim que se pode resumir a ideia, o projecto, talvez a obsessão. Assumir a responsabilidade de uma cidadania activa. Dar resposta a (alguns dos) leitores que insistiam em que escrevesse. Mas também alimentar o vício, que isto de intervir, de usar da palavra no espaço público deixa alguma dependência - de que não faço esforço para livrar-me.
Mas é também manter as mesmas teimas. Ou temas. Basta olhar para trás para se constatar que as linhas de força da intervenção se mantêm as mesmas. A inteligência de cada um, a resolução dos problemas, o acreditar em nós, o esforço para compreender melhor, a partilha de cuidados e reflexões, a aposta nos valores locais, a participação local nas instâncias de âmbito superior (regional, nacional e internacional) e assim trabalhar por dentro cada um destes territórios. E o desenvolvimento local, a atenção ao quotidiano, a inovação, o valor das coisas nobres que vão nascendo, o apoio às apostas que vão sendo feitas aos vários níveis. E a felicidade que cada um de nós quer construir, todos os dias.
É, finalmente, uma resposta, minha, ao esforço que a todos nos compete de construir, de mil modos, esta cidade comum, numa cidadania responsável e criativa.
Sempre, mas sempre, sujeito a errar, a passar ao lado, a estragar mais que a arranjar. Mas é assim: quem não quiser errar, mais vale estar quieto, outra forma de dizer "morrer". Porque, quando se erra, há outros que nos podem corrigir. E há, sempre também, a inteligência de todos os que podem - e devem - ser superiores ao nosso erro. Sem que isso diminua a nossa / minha responsabilidade de procurar acertar.
E a viagem continua. Boa viagem.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?