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10 May 2007

 

Sintomático

O caso Pina Moura tem dado muito que falar. Leio uma frase que me serve de mote:
O Partido Socialista sempre quis ter um grupo de Comunicação Social. Está-lhe no sangue.» António Ribeiro Ferreira, Correio da Manhã
Por aqui se vê o tom geral do problema: o PS sempre quis ter um ”grupo de Comunicação Social” e agora há o perigo de vir a tê-lo, com a nomeação de Pina de Moura para a administração da TVI. É claro, portanto, que quem se queixa não é o PS, mas os outros. E o perigo não está em um partido ter um grupo de Comunicação Social, porque o PSD já o tem há muito e nunca houve queixas. O perigo mesmo é o PS também ter.
Mas deixem-me ver se eu percebo. Um grupo económico de Espanha, tão importante que pode vir comprar a TVI em Portugal, vem desembolsar uma boa quantia só para o PS ter grupo de Comunicação Social? Quem é que acredita nisso? “Mas o El Pais, que é da Prisa, está próximo do PSOE”, respondem-me. E isso quer dizer o quê? Na melhor das hipóteses, que a Prisa vai adoptar uma posição semelhante em Portugal, ou seja, vai estar próxima do PS. O que é uma coisa bem diferente de o PS ter um grupo de Comunicação Social. Assim estamos mais esclarecidos: o perigo é haver um grupo de Comunicação Social próximo do PS, coisa que até agora só o PSD teve, em Portugal.
Mas para que quer a Prisa um Pina de Moura na Administração para se colocar numa linha próxima do PS? E será que a Prisa vem mesmo com esse objectivo ou, ao contrário, isso será uma estratégia para outro objectivo?
A mim, que sou ingénuo, parece-me que será muito mais plausível que a Prisa tenha ido buscar Pina de Moura, com toda a legitimidade legal, diga-se, para conseguir alguma coisa do Governo do que para oferecer alguma coisa ao PS. Ou seja, uma posição de comunicação próxima do PS e uma personagem do PS na administração podem servir os objectivos da empresa, muito mais do que a empresa colocar-se ao serviço do PS.
Mas, então, onde estão as análise que nos mostram e nos alertam para esses objectivos e para eventuais cedências do PS / Governo a essa estratégia empresarial? Não vi. Porque, sem dúvida, não interessa muito.
O que, pelos vistos, interessa mesmo é o “perigo” de o PS ter um grupo de Comunicação Social. Assim se vê como a luta partidária se faz de muitas maneiras e atravessa toda a sociedade, muitas vezes pelo subterrâneo da Comunicação Social.

PS 1 – E não são só os partidos a perderem se a Prisa adoptar uma posição do tipo eixo central. Há órgão de Comunicação Social que perderão o seu espaço, pelo que também por aí se pode perceber alguma preocupação.
PS 2 – Importa não esquecer que à apetência dos partidos por uma força na Comunicação Social corresponde a apetência dos grupos económicos por uma força nos partidos do Poder.

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