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26 February 2007

 

Obrigado

... Cristina, pelo esforço. Mas ainda não consegui.
Mas não desisto.

 

Mourinho

Dizem-no vaidoso. E certamente com razão.
Mas reparámos como ele foi elogiou o adversário no momento da derrota?
Dizia alguém que a melhor forma de medir uma pessoa é ver como no momento da vitória trata o vencedor.

 

Engenho & Arte

É um concurso, promovido pelo Grupo Lena, e tem várias particularidades. A primeira é ter por «objectivo é estimular artistas plásticos a representarem obras de engenharia construídas nos municípios de Leiria, Batalha, Ourém, Tomar, Torres Novas, Abrantes e Coimbra».
Vemos desde logo, um triângulo interessante: artes plásticas, obras de engenharia e municípios do interior.
Depois, damo-nos conta de que uma exposição de obras concorrentes (não todas) está agora em Abrantes. Isso significa uma série de sete exposições que assim são proporcionadas aos artistas.
Podemos verificar que se trata de um grupo empresarial, sobretudo de construção civil, pelo que se explica o interesse pelas obras de engenharia. Mas importa realçar o facto de ser um grupo empresarial a interessar-se por e a estimular valores culturais. Não é estranho, mas também não é muito habitual, vermos empresas a assumirem um papel activo de cidadania a várias dimensões, sobretudo no domínio cultural. Seria por isso interessante que o exemplo frutificasse.
Finalmente, diga-se que é uma nova oportunidade para artistas do interior. O país não é só Lisboa e Porto. E se olharmos para os prémios que se vêem atribuídos, podemos dar-nos conta de que habitualmente premeiam artistas já super premiados. Parece que são sempre os mesmos. Aqui, os novos e do interior têm uma oportunidade de ouro para brilharem.O interior não é uma aposta sedutora para muitos. Por isso mesmo é de assinalar aqueles que fazem essa aposta. Eles resistem a um país que se entorna para a capital e o litoral, à velocidade em que vai perdendo qualidade.

 

Sempre

Este é sempre, para mim, uma das fases mais difíceis do ano escolar. Começam a separar-se as águas: os alunos que conseguem e os que não. As coisas tornam-se mais difíceis e há alunos que ficaram para trás e outros que ainda vão no pelotão.
E mais difícies porquê? Por que não sei o que fazer com os que não conseguem. Fiz já "tudo" o que podia e não deu resultado. Não vejo, portanto, o que possa fazer.Mas uma coisa que não posso fazer é desistir deles.

 

A Crise

Os factos culturais são essencialmente qualitativos. Mas isso não impede que possam ser analisados mediante alguns indicadores quantitativos.
É o que se pode ver no êxito de bilheteira de A Crise dos 40, em Abrantes, em comparação com a afluência a espectáculos de qualidade. Abrantes mostra que se aproxima culturalmente dos nível dos Malucos do Riso e se afasta de tantas outras propostas de qualidade.
Destas premissas se tira a conclusão que qualquer pessoa vê que está patente. E daí se compreende o que tem sido a vida cultural de Abrantes.
«Donde não há, não pode sair.»

19 February 2007

 

A evidência

Não é verdade que a evidência é aquilo que é tão claramente visto que dispensa um melhor exame? A evidência é a luz que ilumina tanto que até cega, e ao cegar não permite ver aquilo que dá a ilusão de estar a iluminar.

 

Babel

Este filme, de Alejandro González Iñárritu, que se recomenda (em exibição no Millenio até quarta), vem mostrar a potencial importância de um pequeno acontecimento. Um pequeno e generoso gesto, de reconhecimento por um serviço de qualidade, acaba por provocar acontecimentos enormes em três continentes.
A velha Física, transformada em metafísica, dizia que a causa é proporcional ao efeito: grandes causas produzem grandes efeitos e pequenas causas produzem pequenos efeitos.
Mas a nova Física vem mostrar que isso é verdade apenas e só em alguns casos, ou seja, num pequeno número de sistemas, que são periódicos. Na grande maioria dos fenómenos naturais e em todos (?) os fenómenos sociais, o que se verifica é algo muito diferente: grandes causas podem produzir pequenos efeitos e pequenas causas podem produzir grandes efeitos. O filme agora em exibição é apenas mais uma demonstração, neste caso cinematográfica.
Por outro lado, mais uma vez constatamos que os problemas são os mesmos em qualquer lugar, apesar das evidentes diferenças.

 

O caminho

Não sofras pelo que deixas de lado. As possibilidades são tantas em qualquer momento que viver é sempre, quer te apercebas disso quer não, deixar quase tudo de lado.
O importante não é, não pode ser, aquilo que deixas de lado, mas aquilo que vives e sobretudo o modo como o vives.

 

Ciências da Educação

Está na moda gritar contra as Ciências da Educação. Confesso que me sinto sempre incomodado. Não tanto com esses gritos, mas sobretudo com o pensamento que se (não) vê nesse gitar. Por isso, transcrevo aqui o que já deixei noutro lugar:

Utilizemos a própria acção central da escola – o ensino e a educação – e o tipo e grau de conhecimentos que a escola mobiliza para esse efeito. Ouçamos a ladainha contra as ciências da educação, que pressupõe que a escola é capaz e deve fazer ensino e educação sem ter em conta as ciências da educação.
Ouçamos o velho médico Fernando Vale, recentemente falecido, a falar da revolução que ocorreu na Medicina desde que ele se formou como médico. Essa revolução resulta da introdução das várias ciências no campo da acção médica. Ouçamos também o Expresso, que há pouco publicou um trabalho que dava conta da revolução que ocorreu no futebol com a introdução das várias ciências naquela modalidade desportiva. Lembremos que já antes essa revolução tinha ocorrido no atletismo. É sempre assim: quando as ciências são introduzidas numa qualquer actividade, provocam uma revolução radical nos processos e, por isso, nos resultados dessa actividade.
Mas nós insistimos num soberano desprezo pelas ciências da educação. Defendemos que, para educar e ensinar, o senso comum é mais que suficiente. Assumimos que somos hoje o único campo de acção em que, “orgulhosamente sós”, isto é, sem a ajuda de qualquer ciência, somos capazes de fazer aquilo que é a nossa função.
Dizemos altivamente, pela prática efectiva, que é a melhor forma de dizer, que a nossa acção, pessoal e colectiva, de ensinar e educar, não precisa de qualquer crítica nem de quaisquer contributos das ciências da educação. Que a psicologia da educação e a sociologia da educação, a filosofia da educação e a história da educação, o direito da educação e a economia da educação, a estatística, as neurociências, as ciências da saúde física e mental, as ciências da administração e as ciências da comunicação, as ciências da gestão e as ciências da organização do trabalho, a análise sistémica e a análise de redes sociais, o marketing, a higiene e segurança no trabalho, as metodologias da Qualidade... nada disto tem uma palavra a dizer sobre aquilo que é a acção da escola. Por isso, como podia ser de outro modo?, sobretudo reproduzimos a escola que sempre conhecemos.
Seja-nos permitido fazer uma pergunta. Há mais alguém, além dos professores, que partilhe desta convicção? Há mais alguma actividade, além da educação e ensino, em que seja possível, hoje em dia, esta postura?
Mas, se me argumentam, que esta convicção não existe, então seja-nos permitido encontrar rastos significativos – na prática e no discurso da escola – noutra direcção. Mostrem-me que estou errado, e eu retratar-me-ei.

 

Leitura "proibida"

Àqueles que insistem em que os maus alunos devem ser excluídos da escola, porque não merecem o investimento que se faz neles fica "poibido" lerem A criança que não queria falar, de Torey Hayden (Presença).
Por outro lado, o livro é leitura "obrigatória" para aqueles que pensam que mesmo numa criança "impossível" há um potencial à espera de alguém capaz de fazê-lo frutificar e, sobretudo, uma criança à espera dessa oportunidade.
E há, igualmente, o questionamento do que podem ser os diferentes papéis da administração escolar.
E há, embora menos evidente, a importância das ciências da educação, tal como das suas limitações, essas mais evidentes, como acontecem em tudo o que é humano, por exemplo na saúde.

P.S. - Avise-se com urgência Nuno Crato da contraindicação absoluta da obra em causa. Pode morrer.

 

Aborto

Vivemos agora uma oportunidade excepcional. Com um enorme consenso de que «o aborto é um mal a evitar», podemos agora investir em todas as soluções realistas e efectivas. Não temos desculpa se não reduzirmos o fenómeno do aborto até o tornarmos residual.

11 February 2007

 

Leitura "obrigatória"

Ou indispensável, se preferirem.
Trata-se de um trecho da entrevista da Pública, no Público (11 Fev), a Hermínio Martins. Este português é um sociólogo de elevada reputação internacional, que ensinou durante 30 anos em Oxford, depois de ter ensinado em outros locais igualmente “interessantes”.
Toda a entrevista é recomendável, mas em especial um trecho que vem na pag. 45, sob fundo verde, que versa sobre Portugal. O resto pode interessar a um público mais restrito, mas esta parte interessa a todos os que têm uma opinião sob este país lusitano.
Boa leitura.

09 February 2007

 

Indicador seguro

O sucesso estrondoso da Crise dos 40, comparado com o estrondoso insucesso dos programas de qualidade, mostra que Abrantes está mais ao nível d’ Os Malucos do Riso do que tende para a Qualidade.
Como tudo está lidado a tudo, as conclusões são fáceis de tirar.

07 February 2007

 

Qualidade no ensino

Há dias recebi um mail humorístico, mas cáustico, sobre a qualidade do ensino em Portugal. Em síntese, dava a entender que hoje temos uma baixa qualidade de ensino porque hoje é difícil reprovar em Portugal. E como a qualidade do ensino é baixa, a economia portuguesa e a sociedade portuguesa são a tristeza que são. Não é uma crítica nova, é até recorrente.
Mas como comentariam estes críticos o facto de no Japão não haver reprovações e, mesmo assim, ter uma economia altamente competitiva e um ensino de elevada qualidade? E como julgariam o facto de na Grécia não haver reprovações na escolaridade obrigatória e, mesmo assim, aquele país tem vindo a ultrapassar Portugal na escala europeia.
- E na Moldava também não há reprovações, diz-me um aluno meu que é moldavo e que há poucos anos vive em Portugal.
As coisas nem sempre são o que parecem. Sobretudo não têm que estar de acordo com os olhos de quem olha.

 

"Eu vi"

… costumamos nós ouvir dizer. E dá-se assim provado aquilo que se diz ter sido visto.
- E não foi?
O acontecimento que dá origem ao livro “O atiçador de Wittgenstein” foi uma célebre discussão de 10 minutos entre Wittgenstein e Karl Popper, em Cambridge, em 1946, numa sala de universidade cheia de professores e alunos. Foi breve, mas deu brado.
O interessante é que, sendo breve e à frente de toda a gente, não se consegue saber o que realmente se passou. Cada um dá a sua versão, mesmo em pormenores ditos objectivos.
“Eu vi” ou “eu estava lá” é o que cada uma das testemunhas pode dizer. Mas o que cada uma afirma não pode bater certo com aquilo que as outras dizem. E não eram quaisquer pessoas, eram intelectos formados e exigentes, pessoas de elevada craveira intelectual, pessoas que parecem merecer toda a nossa confiança.
O livro é e pode ser lido como um romance. Romance de algumas personagens do Sec. XX, romance de um tempo e de uma cultura, mas também romance sobre as nossas possibilidades de testemunho e conhecimento.
Ou seja, “eu vi” ou “eu estava lá” não é, de todo, fundamento seguro de conhecimento. E não falamos aqui, é claro, de má fé.

 

Em todos os pontos

Quem ler “O atiçador de Wittgenstein”, de David Edmonds e John Eidinow (Temas e Debates) é capaz de se surpreender com o ambiente activamente anti-judaico que se vivia no centro da Europa, em especial em Viena, nas primeiras décadas do Sec. XX. É qualquer coisa que não nos passa pela cabeça.
Esta obra é um romance, mas não é uma obra de ficção. Trata-se de um estudo sério e procura perceber o que se passou num pequeno episódio e percebê-lo no contexto do seu tempo. E é esse tempo que ali descobrimos, tantos nas ruas como nos jornais, na universidade como na política, um quotidianos militantemente anti-semita, descaradamente anti-judeu.
Como é que é possível?!, apetece-nos perguntar. Mas foi. Sem quaisquer disfarces.
Por outro lado, na entrevista dada por Elfriede Jelinel, Nobel da Literatura 2004, ao Le Magazine Littéraire de Fev. 2007, podemos ler: Hitler «aprendeu o seu anti-semitismo em Viena em jornais nojentos da pior espécie».
Podemos ver, assim, como o que se passou na Alemanha nazi sob a chefia de Hitler não foi, em nada, estranho ao que se passava nas ruas de Viena no princípio do século. Dito de outro modo, o que se passava ao mais alto nível do Estado era a parte oficial de um todo que era a sociedade civil de então.
Ou seja, mais uma vez e sempre, é em cada um dos pontos da sociedade que se decide aquilo que uma sociedade é e a História que faz.

 

Dever ou não dever...

O Conselho Pedagógico da minha escola decidiu realizar uma reunião aberta em que convidou três pessoas do meio externo para se pronunciarem sobre o que pode e deve ser o projecto educativo de uma (a minha) escola secundária. E convidou-me a assistir.
Devia ou não devia ir?
Segundo uma tese corrente, eles que decidiram, eles que a façam. Só porque eles fazem a reunião e me convidam, eu não sou obrigado a ir. E, de facto, não sou obrigado.
Mas devo ou não devo ir?
Ali ia ser discutido o projecto educativo da minha escola, ali algumas pessoas qualificadas iam dar parecer sobre aquilo que eu (e outros) devo (devemos) fazer, ali iam ser abordados pontos de vista sobre o projecto educativo de que eu sou / serei não só executor mas co-responsável na elaboração.
É o que eu digo. Não devo ir pelo facto de a reunião ter sido feita e eu ter sido convidado, mas pelas responsabilidades que eu tenho e pelas quais devo (é pleonástico mas é verdadeiro) responder. E preparar-me para responder.
Por isso eu defendo a dupla tese de que, quando alguém toma uma iniciativa, ninguém é obrigado a responder pelo facto de a iniciativa ser tomada, mas pode ser obrigado a responder pelas obrigações que tem e a que a iniciativa não é estranha.
E acontece que, como tantas vezes se repete, naquela reunião mais uma vez se lamentou o facto de “estar tão pouca gente”. (E os membros do Conselho Pedagógico tiveram que assinar a folha de presenças. Se não tivessem, estariam lá? Não sabemos, mas podemos conjecturar.)

02 February 2007

 

Regionalização

Uma pessoa lê e nem acredita:
«CCDR-N [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte] "exige" regionalização para tirar o Norte da crise» Público, 2.2.2006
Afinal em que ficamos? A regionalização é um monstro de sete cabeças ou um factor de desenvolvimento?

01 February 2007

 

Ao balcão

Recebeu-me com evidente má cara. Tratou-me como se eu estivesse a cometer o crime de perturbar-lhe o sossego, ou até mesmo o seu trabalho – que naquele momento era atender-me, a mim, no rigoroso cumprimento das minhas e das suas funções.
Que lhe permite, então, receber-me daquele modo?
Apeteceu-me mandá-la à tal parte. Com as letras todas. Mas, então, eu seria tão malcriado como ela. E não basta ter razão, é preciso não a perder.
Por isso, pergunte-lhe apenas:
- Não lhe pagaram o ordenado?
Olhou-me surpreendida.
Mas fui-me embora.

 

Sem metafísica

Sobre o parapeito da janela, ao sol, uma lagartixa. Sem metafísica e sem angústias. Ao sol, apenas. Mas nunca saberá ouvir o amanhã dum bota de rosa.

 

E no entanto...

Nada está por dizer, tudo está dito e redito.
Há apenas que sublinhar uma palavra, amplificar a voz de um pensamento, talvez acordar alguns sonâmbulos. Sim, e dizer aqui ou ali o que apenas foi dito noutros lugares.
Tudo está dito e redito. Não importa, por isso, querer dizer mais alguma coisa. Para quê?
E, no entanto, calar-se é vender-se ao silêncio, é entregar-se ao frio perverso do nada.

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