.comment-link {margin-left:.6em;}

31 December 2005

 

Propósito

Mudar de ano é símbolo de mudar de vida.
Daí os propósitos que habitualemnet fazemos.
Aqui deixo um... em resposta a algumas críticas que tenho recebido pelas minhas longas ausências destas páginas virtuais.
Em 2006 vou fazer um esforço de melhor assiduidade.

 

Uma solução

Estamos em crise. Ou melhor, atravessamos várias crises. Não há a solução, mas há soluções.
Uma delas vem no último Expresso do ano.
A Pluma é a nova e revolucionária garrafa de gás que Portugal se prepara para lançar no mundo. Como?
É uma garrafa que pesa metade do que pesam as actuais e resulta de uma estreita cooperação entre várias entidades. Leio: Galp, Simoldes, Brandia, INEGI, PIEP, Amtrol-Alfa. Ou seja: para uma boa solução, foram reunidos interesses e competências vários, quer no domínio das empresas, quer no das estruturas de investigação e conhecimento. Resultado: uma solução à medida das necessidades. Uma garrafa de gás que vem responder a problemas de comercialização e de saúde, de economia e segurança, de finanças públicas e competitividade empresarial.
Passam por aqui os meus votos para 2006. Que as pessoas e as instituições dispam o casaco do isolamento e passem a cooperar, em rede parceria e sinergia, com as outras pessoas e instituições que podem fazer parte da solução. Bom 2006.

 

Não há paciência...

Já não tenho paciência para ler ou ouvir dizer, de mil modos, que "temos de sair do buraco" em que nos encontramos. Bolas! Já todos não só sabemos como, sobretudo, sentimos isso.
O que falta, o que está faltando em demasia mesmo, é fazer-se alguma coisa para sair.
Os diagnósticos estão todos feitos, as ideias estão todas disponíveis. Só falta mesmo é fazer. Ou seja, dar os passos necessários para que o fazer aconteça.
Eu sei... pelo menos em parte, este escrito enferma do mesmo mal que denuncia. Mas, afinal, ainda estamos em 2005. Para o ano terá que ser diferente.

 

Adeus 2005

Não deixa boas memórias, este 2005. Foi um ano de sustos.
Também no plano pessoal, embora eu não tenha razões suficientes para me queixar, foi um ano de retrocessos. Ou, no mínimo, de não avanços significativos.
Mas a vida é assim mesmo. O mais importante de tudo é que estamos já de entrada em 2006.
Não podemos esperar que seja um ano melhor. Temos de fazê-lo melhor.

11 December 2005

 

Confirmação

De onde menos se espera vem a ajuda. Ou a "confirmação".
No jornal da minha escola, Toque de Saída, leio uma pergunta à Presidente da escola e a respectiva resposta.
P - Quais foram as principais dificuldades sentidas no início deste ano lectivo?
R - Exactamente as mesmas que estou a sentir neste momento: conseguir pôr em prática todas as normas que o Ministério decidiu implementar este ano.
Temos aqui o exemplo acabado de uma certa acção política. O Ministério que decide o que a escola deve fazer e a escola que faz o que o Ministério decide que seja feito.
Chama-se a isto centralismo pseudo-democrático. Sempre assim foi desde Salazar. E não se vê maneira de como/quando possa vir a ser de outro modo.
Mas de uma coisa podemos estar certos: enquanto as coisas assim continuarem, não há donde venham os resultados que todos esperamos.
Mas não virão enquanto esperarmos. Só quando os fizermos. E só os podemos fazer nas escolas e de uma acção que tenha as escolas por sujeitos, e não o Ministério. Dito de outo modo: só haverá resultados de uma política educativa de escola e não de uma política de Ministério. E, no entanto, todos perguntamos pela política do Ministério e nunca pela política da escola.
A propósito e só como exercício: pergunte-se a qualquer presidente de câmara o que foram as suas dificuldades e nem o pior deles dirá que foi "pôr em prática" aquilo que o Ministério decidiu.
Quererá isto dizer algo contra a presidente da minha escola? Não, porque não foi ela que fez o sistema e é dentro dele que ela opera. E ali não se fazem milagres.

 

Tia Blandina

Esta semana fui sepultar a minha tia Blandina no cemitério de Mação. Era a última representante da casa de origem do meu pai.
Morreu com quase 90 anos de uma vida dura, mais difícl do que podemos imaginar. Mas soube estar à altura das dificuldades, fazer-lhes frente de corpo inteiro, embora certamente por vezes com o coração bem ferido. E não se deixar vencer por elas.
Foi, ao seu nível, uma grande mulher. E é preciso dizê-lo, porque estamos habituados a ver grandes homens e grandes mulheres apenas quando olhamos para cima. Mas existem também ao nosso nível. Só que nos é mais difícil vê-los (as). E mais difícil ainda quando, de um lugar de poder, olhamos para baixo - na escola, na administração, na empresa...

P.S. - Gostei das palavras do P. Sousa. Disse, à sua maneira, a grandeza e a força da minha tia Blandina. E a enorme importância que para uma terra pequena, como a carregueira, tem uma pessoa. E vi, mais uma vez, como parece serem os padres os últimos que estão "com" estas pessoas dos pequenos lugares, numa relação de grande proximidade pessoal. E constatei, de novo, como a nossa sociedade nada mais etm que os rituais religiosos para celebrar os grandes momentos da vida. O resto... parece ser pura relação comercial.

06 December 2005

 

Regionalização

Terei lido bem?
Expresso (3.12.2005):
Interior "afunda-se" / As regiões a leste de Coimbra não conseguem reter e atrair mão-de-obra
«Não é possível inverter esta situação sem se apostar na regionalização.»
Quem assim fala é o director da Faculdade de Economia do Porto e presidente da secção regional do Norte da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional.
E até Fernando Ruas, presidente da Associação nacional de Municípios e presdidente da Câmara de Viseu está de acordo.
Será que algo está a mudar neste reino à beira mar parado?
A solução, segundo os especialista ouvidos pelo Expresso, pode passar por «regionalizar, desburocratizar e apostar nas elites e valências locais».
Registo, a ver se não esqueço.

01 December 2005

 

Alternativa

«Vocês criticam tudo e todos. Mas nunca se percebe como é havia de ser.»
Não há "uma" única forma que seja "como devia ser" uma política, nomeadamente de educação. Mas façamos uma tentativa e demos um exemplo real.
Trata-se, importa não esquecer, de algo que não corresponda ao modelo "comando e controlo", vertical de cima para baixo, mas que siga uma outra lógica de acção.
Imaginemos, então, que a Ministra da Educação definia 4 ou 5 grandes problemas. Por exemplo: o abandono escolar, as baixas competências em Português e Matemática, a informatização da escola e do ensino e, sei lá, a prevenção em termos de saúde. Definidos estes problemas, acrescentava: cabe agora, a cada escola, definir o seu projecto e apresentar resultados em cada um destes domínios. E ainda: em cada ano será elaborado um relatório (situação, objectivos, estratégia e resultados) de que serão entregues três cópias: uma ao Ministério, outra à Assembleia Municipal e outro ainda ao Conselho Local de Educação - além de ser publicado na página da escola na Internet. Ao mesmo tempo, o Ministério mobilizaria as suas estruturas para ajudar as escolas a cumprir a sua função nestes domínios.
Repito o que tantas vezes já disse: as escolas nunca se transformarão por si mesmas (a profecia tem o cumprimento à vista) e uma política educativa nunca terá sucesso se não assentar na única entidade que a pode realizar: a escola, com os seus professores e outros agentes educativos. Toda a medida que vier de cima desencadeia na escola mecanismos de reacção e desafia-a a fazer aquilo que já mostrou saber fazer com perícia: liquidar qualquer projecto de reforma que vem de cima. Há dúvidas?
Agora um exemplo concreto, retirado da vida real.
Até há uns 20 anos, as escolas eram equipadas de dois modos complementares: o Ministério comprava equipamento que enviava para as escolas e as escolas tinham uma dotação orçamental para equipamento. Verificava-se, então, que as escolas recebiam caixotes de equipamento que nunca eram desencaixotados, porque nem eram "precisos", e que não havia articulação nacional nos investimentos feitos pelas escolas.
Mas há uns 20 anos as coisas mudaram. E eu tive, então, a oportunidade de chamar a atenção da minha escola para isso. O equipamento das escolas passou a ser feito através de programas de concurso a que as escolas se deviam candidatar para "fazer coisas". Num só movimento, garantiram-se a coordenação nacional em programas articulados e um movimento vertical mas de baixo para cima: a escola tem de fazer o movimento de ir buscar o dinheiro, para fazer coisas e apresentar resultados.
Há muito que se sabe que uma política de "comado e controlo" é de baixo rendimento e que uma boa política tem de articular os movimentos descendentes e os ascendentes num todo coerente e dinâmico. Não é preciso inventar a roda. Ela está em uso um pouco por todo o mundo. (E nem fui eu quem a descobriu.)

This page is powered by Blogger. Isn't yours?