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31 March 2005

 

Candidaturas

Pedro Marques, se é que li bem, lança-me à cara que ele se candidata à Câmara e eu não. É verdade. Em primeiro lugar, quero dizer que o respeito na sua candidatura e lhe agradeço o candidatar-se. Em última análise, trata-se de um exercício de democracia e, por isso, um serviço ao nosso concelho. Obrigado por isso. E desejo-lhe o fruto correspondente à qualidade da sua proposta e ao trabalho que vier e desenvolver para fazê-la passar. E é o mesmo voto que faço a todas as outras candidaturas, embora sabendo que não partem todas da mesma posição, antes partem com vantagens e desvantagens assinaláveis.Em segundo lugar, quero dizer também que se não me candidato não é por orfandade. Já fui, como se pode calcular, solicitado para tal e por inicitivas além do que se pode calcular. Acontece, porém, que a seguir ao 25 de Abril vi (quase) toda a gente activa desse tempo a entrar nos partidos e senti que andava no ar um espírito de que "só a política partidária" é que tinha valor. Eu estava num trabalho cultural e associativo de base e num trabalho jornalístico no "Correio de Abrantes". E decidi dedicar-me a esse trabalho, que considero tão digno e tão importante como o partidário ou de gestão administrativa da "coisa pública". E é nisso que venho empenhando o meu tempo livre-das-aulas durante todos estes anos.Acontece ainda que a minha formação não era particularmente orientada para alinhar numa das partes contra as outras. Por isso mesmo, pensei e continuo a pensar que há um trabalho a fazer que é anterior ou um substracto ao trabalho político-partidário. E é aí que tenho investido. E sei que tem sido uma acção de alguma qualidade. Não tenho disso qualquer dúvida, embora, como todas as outras, não seja isenta de falhas.Tenho as minhas opções, voto sempre com uma cruz num quadrado. Mas há muita gente, embora nunca gente suficiente, a trabalhar por cada um desses quadrados. Aquilo que me ocupa não é, pois, a militância partidária, mas "outra coisa". Nunca, porém, alguém alguma vez me ouviu uma única palavra de menosprezo seja pela política partidária seja pelos políticos. Nunca me armei de uma qualquer superioridade moral, face a uma suposta imoralidade da política ou dos políticos.A política, se bem exercida, é uma das belas artes. Mas não é uma arte que eu deseje praticar. Apesar de não me considerar inapto. Só que eu prefiro trabalhar com os outros em coisas que consideremos importantes e não participar num jogo em que, por melhor que se faça, há sempre alguém que tem a missão de dizer mal, pior ainda, de dizer mal da pessoa só porque veste uma camisola que não é a "nossa". Creio que isso é menoridade e, por isso, incomoda-me.Por isso mesmo e porque creio ser necessária uma vigilância social sobre a manutenção das regras do jogo, sinto que é meu dever saltar a público quando vejo que os eleitores - sempre eles, portanto também eu - estamos a ser usados através de jogadas que violam as regras do jogo, se não mesmo com golpes baixos.Quero ainda acrescentar que este é um trabalho muito mais difícil do que parece. Porque solitário, porque não reconhecido por nenhuma das partes, porque sempre sujeito à distância mantida por todos os jogadores. Mas foi o trabalho que escolhi.

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