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22 March 2005

 

Voltando

De regresso, quero dizer que considero normal que, face à notícia de que um jornal foi comprado, alguém pense ter isso alguma coisa a ver comigo, pelas razões que já ficam ditas. A minha (primeira) informação neste blog teve apenas o sentido de, logo, dar a informação correcta e, por essa via, evitar que as interpretações corressem por caminhos errados. Porque eu sei bem que os acontecimentos são susceptíveis de múltiplas interpretações.

Sobre a saída de Pedro Marques da Direcção da Palha de Abrantes, no final do nosso primeiro mandato, confesso que estava convencido que tinha sido de modo diferente. Que Pedro Marques tinha dito que ia sair porque queria dedicar-se à JSD e que eu teria dito que achava que sim por duas razões, porque isso era suficientemente importante para se lhe entregar inteiro (e sempre achámos que a Palha não devia desviar ninguém de outros compromissos) e porque um dirigente partidário na Direcção da Palha poderia trazer dificuldades acrescidas, talvez para ambas as partes. Estava convencido que tinha sido assim. Mas não estou certo. E se Pedro Marques tem segurança no que diz, não serei eu a recusar a sua versão, até porque nada de essencial está, nisso e para mim, em discussão.

Quanto a deixar o meu comentário na Antena Livre, peço desculpa, mas não vejo que haja nisso alguma pertinência, a não ser o interesse do PSD. Reconheço, perfeitamente, que os meus comentários não têm sido de molde a agradar aos que têm o PSD no coração. Mas isso porque, do meu ponto de vista, os factos têm merecido os comentários que tenho proferido.
Nunca, espero eu, quanto ao passado e quanto ao futuro, os meus comentários se têm centrado ou se virão a centrar na sigla de um partido. Não critico ou louvo um facto ou a actuação de um personagem pelo facto de ser ou não ser de um partido. Mas pela minha avaliação, segundo o meu critério, daquilo que aconteceu ou daquilo que alguém fez.
E aproveito para acrescentar: opino e julgo factos, e não pessoas.
Nunca sei as circunstâncias exactas em que alguém fez, por isso não posso julgar as pessoas que fazem; nem sei, nunca, o que eu faria se estivesse nas mesmas circunstâncias. Creio que é inútil julgar as pessoas. (Quando me refiro à evolução do PL, não julgo ninguém.) No fundo, sou sempre eu que estou em julgamento, como alguém que deve tomar posição sobre alguma coisa e, se for caso disso, agir de um certo modo. Também não me parece correcto julgar intenções. Sempre disse que as intenções são interiores, portanto secretas. O que alguém afirma como intenção não é mais do que aquilo que esse alguém lá põe, como interpretação sua do que lhe é dado ver. E isto em todos os aspectos da vida.

Ainda quanto à minha permanência na Antena Livre, ela está dependente da vontade da casa. Ou de eu perceber que perdi as condições de isenção e de liberdade. Até ao momento, ainda não foi o caso. Pelo facto de a minha mulher ser Vereadora e Presidente do PS Abrantes, sei que não sou completamente independente. Mas várias vezes fiz questão de o lembrar aos ouvintes, para que estes tenham isso em conta na sua leitura das minhas palavras.

Mantenho alguns princípios que sempre defendi, nomeadamente no PL. Que a crítica é o sangue da democracia, que não há políticas perfeitas, que a oposição deve critucar as políticas exercidas, que os jornais têm um papel importante na crítica aos vários exercícios do poder, etc. Por isso, a crítica não me incomoda, a não ser na medida em que eu prefiro sempre que as coisas sejam boas a que sejam más. Mas prefiro, claramente, que as coisas más apareçam como más, em vez de parecerem boas. Daí a importância da crítica.
O que me incomoda, portanto, não é a crítica. É a falsa crítica, é aquilo que se quer fazer passar por crítica, mas não o é. Mantenho: o exercício da crítica é um poder e, como tal, tanto pode ser bem como mal exercido. Pode até ser criminosa. Quantas vezes o disse no PL?

A propósito. Ontem, dia 21, numa jornada promovida pelos alunos do 5º ano da ESTA / Comunicação Social, um dos convidados foi claro, e cito de memória: há jornais locais e regionais que cometem autênticos "crimes" naquilo que dizem, destruindo a imagem que as comunidades têm de si, ao contrário daquilo que devem fazer que é ajudá-las a confiar em si mesmas e multiplicar as forças positivas da mesma comunidade.

Não tenho dúvidas de que muito do que acima digo não é objecto de grandes discordâncias, e que nem o momento pré-eleitoral é capaz de alterar de forma substancial o significado daquilo que digo.

Termino dizendo duas coisas, para alguns que não me conheçam o suficiente. Primeira. Não me considero melhor ou superior, nem pior ou inferior, que ninguém, antes de mais porque julgo que tal tipo de comparação é idiota - porque não há medida calibrada do valor global de uma pessoa. Segunda. Respeito cada um dos militantes e dirigentes partidários, como pessoas que trabalham para o nosso bem comum, portanto também para o meu, o que agradeço, mesmo quando não estou de acordo com aquilo que fazem. Isto, porém, não me obriga a estar de acordo com o que fazem. Pode mesmo, em casos que o julgue necessário, obrigar-me a combater contra o que fazem. Confesso que, nesses momentos, me é difícil respeitar a pessoa e estar grato pelo que faz. Mas procuro dissociar. Respeitar a pessoa e, se é o caso, julgar os factos. Por isso, quando me pronuncio sobre um facto, é por aquilo que o facto significa para mim. E quando digo facto, posso dizer o conjunto dos procedimentos de uma personagem. E reconheço aos outros o direito e o dever de terem um igual julgamento daquilo que são os meus comportamentos.

Ao Pedro Marques e ao PSD Abrantes desejo, sinceramente, um bom trabalho de preparação das autárquicas. Reafirmo: não há democracia sólida sem uma oposição sólida, inteligente, criativa, responsável, etc. Todos nós esperamos isso mesmo do PSD. De todos os partidos, o do poder e os da oposição.

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