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07 February 2007

 

Em todos os pontos

Quem ler “O atiçador de Wittgenstein”, de David Edmonds e John Eidinow (Temas e Debates) é capaz de se surpreender com o ambiente activamente anti-judaico que se vivia no centro da Europa, em especial em Viena, nas primeiras décadas do Sec. XX. É qualquer coisa que não nos passa pela cabeça.
Esta obra é um romance, mas não é uma obra de ficção. Trata-se de um estudo sério e procura perceber o que se passou num pequeno episódio e percebê-lo no contexto do seu tempo. E é esse tempo que ali descobrimos, tantos nas ruas como nos jornais, na universidade como na política, um quotidianos militantemente anti-semita, descaradamente anti-judeu.
Como é que é possível?!, apetece-nos perguntar. Mas foi. Sem quaisquer disfarces.
Por outro lado, na entrevista dada por Elfriede Jelinel, Nobel da Literatura 2004, ao Le Magazine Littéraire de Fev. 2007, podemos ler: Hitler «aprendeu o seu anti-semitismo em Viena em jornais nojentos da pior espécie».
Podemos ver, assim, como o que se passou na Alemanha nazi sob a chefia de Hitler não foi, em nada, estranho ao que se passava nas ruas de Viena no princípio do século. Dito de outro modo, o que se passava ao mais alto nível do Estado era a parte oficial de um todo que era a sociedade civil de então.
Ou seja, mais uma vez e sempre, é em cada um dos pontos da sociedade que se decide aquilo que uma sociedade é e a História que faz.

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