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07 February 2007

 

"Eu vi"

… costumamos nós ouvir dizer. E dá-se assim provado aquilo que se diz ter sido visto.
- E não foi?
O acontecimento que dá origem ao livro “O atiçador de Wittgenstein” foi uma célebre discussão de 10 minutos entre Wittgenstein e Karl Popper, em Cambridge, em 1946, numa sala de universidade cheia de professores e alunos. Foi breve, mas deu brado.
O interessante é que, sendo breve e à frente de toda a gente, não se consegue saber o que realmente se passou. Cada um dá a sua versão, mesmo em pormenores ditos objectivos.
“Eu vi” ou “eu estava lá” é o que cada uma das testemunhas pode dizer. Mas o que cada uma afirma não pode bater certo com aquilo que as outras dizem. E não eram quaisquer pessoas, eram intelectos formados e exigentes, pessoas de elevada craveira intelectual, pessoas que parecem merecer toda a nossa confiança.
O livro é e pode ser lido como um romance. Romance de algumas personagens do Sec. XX, romance de um tempo e de uma cultura, mas também romance sobre as nossas possibilidades de testemunho e conhecimento.
Ou seja, “eu vi” ou “eu estava lá” não é, de todo, fundamento seguro de conhecimento. E não falamos aqui, é claro, de má fé.

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