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22 May 2008

 
Maio, maduro Maio
Antes de Maio 68, a vida estava escrita antes de ser vivida. A minha avó Elisa viveu do mesmo modo que todas as mulheres da sua terra. É claro que exagero, mas não muito. O script estava escrito, passe o (quase) pleonasmo.
Em Maio 68 os papeis foram queimados. Desabadas as barreiras, tudo passou a ser possível.
Hoje, não há scripts susceptíveis de serem impostos ou adoptados. Até porque o mundo muda mais rapidamente do que as regras de nele viver. Daí a necessidade de cada um reinventar a vida para poder viver.
Há, contudo, um problema. A cultura dos mais velhos ainda é muito a de um mundo dado para ser vivido e não interiorizámos o suficiente que viver é construir um projecto instável sobre um território em permanente mudança.
Quem vem do passado, só pode achar esta ideia insuportável. Que vai para o futuro já sabe que não há alternativo.
Sei que estas afirmações podem ser lidas como um vender-se aos interesses instalados. Mas, por mais que eu olhe, não vejo qualquer possibilidade a uma vida estável, porque não vejo qualquer possibilidade de um mundo estável desde que se adoptou a inovação, a criatividade e a competitividade como norma de vida. E também não vejo qualquer interesse em voltar a um sistema de viver uma vida já antecipadamente escrita.
A criatividade veio para ficar, e isso é um bem. Daí que viver seja cada vez mais um reinventar a vida. Mesmo que seja uma vida na simplicidade poética com recursos pobres mas vividos intensamente.
Creio que viver será cada ver mais projectar e criar-se. Fazer-se, construir-se. E isso tanto no que diz respeito ás pessoas como às organizações e instituições. O que significa que a mudança tende a multiplicar-se de modo exponencial. Num mundo cada vez mais líquido, como pode o sólido manter consistência.

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