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04 May 2008

 
Jovens e Política
Não resisto a fazer copy/paste de um texto com o título acima, publicado no Diário de Notícias de 3 de Maio por João Miranda, um investigador em biotecnologia. Trago-o aqui para contrariar essa ideia, mais velha que o Matusalém, de que "os jovens de hoje não prestam para nada". Tanto quanto se sabe, diz-se isto há 5.000 anos. E, no entanto, esta "verdade terna" parece que tem vindo a ser desmentida pelos factos.
João Miranda não está com meias medidas. O que ele nos diz vem a seguir, o que nos ensina é que os jovens vão ser mesmo os responsáveis pelo mundo que aí vem e não têm de dar-nos dele grande conta. Até porque... não lhes faltam razões de queixa.
Então, a palavra a João Miranda.

A geração que fez o 25 de Abril politizou todos os aspectos da vida social e económica. Viu em cada decreto-lei, em cada greve e em cada novo direito social uma conquista e um progresso. Os membros desta geração não foram capazes de compreender que a luta política é, na melhor das hipóteses, um jogo de soma nula em que cada direito conquistado por uma parte da sociedade é obtido à custa do sacrifício de outra parte da sociedade ou das gerações futuras.Grande parte do progresso económico e social atingido ao longo dos últimos 30 anos é artificial. Foi conseguido através da progressiva atribuição, por decreto, de direitos sociais à geração que fez o 25 de Abril. Esta geração beneficiou, como nenhuma outra antes ou depois, de empregos vitalícios, salários acima das respectivas qualificações e pensões de reforma muito acima das respectivas contribuições. Os membros desta geração de privilegiados chegaram sem mérito nem trabalho a posições que nunca teriam alcançado se a vida pública não tivesse sido politizada pela revolução. Os chamados "direitos adquiridos" da geração do 25 de Abril estão a ser pagos pelas novas gerações. Os jovens não têm emprego vitalício nem reforma garantida, mas são forçados a trabalhar para sustentar os privilégios das gerações mais velhas.A intervenção do Presidente da República nas comemorações do 25 de Abril criou a ideia de que os jovens não se interessam pela política partidária. Este alegado desinteresse incomodou a geração de políticos que fez o 25 de Abril. A cultura revolucionária destes políticos impede-os de perceber que a excessiva politização da vida pública não é um valor a promover mas um vício a evitar. As sociedades politizadas premeiam a habilidade política e as demonstrações de força na rua. As sociedades despolitizadas premeiam o mérito individual, o trabalho e a iniciativa empresarial. O eventual desinteresse dos jovens pela política partidária é um bom sinal. É um sinal de que a sociedade falhada construída pela geração do 25 de Abril pode ter os dias contados.
In http://dn.sapo.pt/2008/05/03/opiniao/jovens_e_politica.html

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