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15 April 2008

 
A responsabilidade - 1
Podem dizer-me: mas isso é dissolver a responsabilidade e impossibilitar toda e qualquer responsabilização. Em síntese: é a inércia, a impossibilidade de intervir.
De modo nenhum. Também o que se passa num órgão do corpo humano está em interdependência com o que ocorre em todos e cada um dos outros órgãos e da interacção de todos e nenhum médico se vê impedido de diagnosticar e tratar. Pelo contrário: um bom diagnóstico e um bom tratamento deve levar em conta todo o sistema. Sob risco de ineficácia.
Que é o que normalmente ocorre nas intervenções correctivas em termos sociais.
Porque não levamos em conta o que “realmente” se passa, mas apenas o que o nosso modo de ver nos permite ver.
Nunca vemos a realidade, mas aquilo que da realidade nos permite ver o nosso modo de ver. E há modos de ver claramente insuficientes.
Quanto à responsabilidade...
Uma coisa é a explicação do que se passa, outra é a responsabilidade pelo que se passa.
Cada um dos intervenientes pode decidir fazer assim ou de outro modo, pode manter ou alterar o funcionamento do sistema no lugar que nele ocupa e assim influenciar, na sua medida, o funcionamento do sistema. Ou seja, em última análise, cada um de nós tem a responsabilidade toda pela sua decisão. Mas apenas pela sua decisão, nunca por todo o sistema. Embora, é claro, os vários lugares do sistema tenham relevâncias diferentes. Bush ou Berlusconi não pesam o mesmo que o cidadão anónimo de um povoado rural do interior. Mas cada um tem o lugar que tem. E são responsáveis nessa medida, numa responsabilidade insubstituível.

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