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30 August 2007

 
Inevitável, a asneira?
O DN (26 Agosto) intitulava “Mendes quer país no pelotão da frente”. Contudo o corpo da notícia sublinhava que Portugal está em 19º na União Europeia e ainda este ano vai passar a 20º, ultrapassado por Malta. «Isto não é possível continuar», dizia Marques Mendes.
O pior é que isto vai mesmo continuar. E pior ainda é essa pretensão, de Marques Mendes ou do jornalista, de que é possível, a curto prazo, Portugal entrar sequer no pelotão da frente. E se Marques Mendes diz assim não pode ser e que quer ser primeiro ministro, deve explicar como vai tornar possível o impossível.
E impossível porquê?
Repito. Porque o país está na posição que está porque funciona como funciona, moldado por uma cultura que é aquilo que é. É de certo modo tautológico, mas até por isso é verdadeiro. E os países do pelotão da frente vão à frente pela mesma, mas inversa, razão: porque funcionam como funcionam, moldados por culturas que são aquilo que são.
Apenas alguns exemplos, do meu sector de actividade. Nos outros, basta olhar para ver algo semelhante.
Daniel Sampaio mostrava-se há dias confiante de que a educação sexual nas escolas ia dar uma volta porque, dizia ele, entre outras coisas, há, salvo erro, 15.000 professores formados para esse efeito. Só não disse que esses professores não estão a fazer educação sexual, nem vão fazê-la. Porquê? Pela mesma razão que na Escola Solano de Abreu há, dizem-me, 36 professores formados em gestão escolar mas não professores para irem para a gestão quando é preciso alguém. Ou seja, os fundos para formação de professores não foram para melhorar o desempenho dos professores e das escolas, mas para outra coisa. E lá se vão.
Já nesta semana, uma abrantina que está na Dinamarca a fazer o mestrado, recebeu em casa, numa encomenda vinda da universidade, os materiais que vai ter de estudar durante o primeiro semestre. Dois dias depois, creio que hoje mesmo, as aulas começavam. Nem vale fazer comparações com Portugal.
Só quando as coisas funcionarem em Portugal melhor do que nos países da frente é que vamos alcançá-los. E digo melhor, porque é necessário ir mais depressa para recuperar os lugares que nos separam.
A verdade, contudo, é bem diferente. Queremos estar entre os melhores, mesmo trabalhando pior que os piores. Por isso, os piores vão ultrapassar-nos. E não vamos ficar pelo 20º lugar. Vamos cair até ao nível de outro que seja tão mau como nós.
A alternativa?
Uma mudança cultura profunda.Ou então, optarmos por sermos como somos e não andarmos a martirizar-nos por sermos diferentes.

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