.comment-link {margin-left:.6em;}

25 June 2007

 

A saúde, O orçamento

Isto não tem nada a ver com essa outra questão, a do pagamento das despesas de saúde.
Um dos meus comentadores respondia à minha pergunta “como diminuir as despesas da sáude?”
- "Tostão a tostão, se chega ao milhão"
esquecendo que, enquanto se poupa um tostão a factura sobe um milhão.
Repito: a factura da saúde tende a crescer de modo acelerado e nós – e bem! – não estamos dispostos a acompanhar essa despesa. Donde, só há uma resposta lógica: diminuir rapidamente a despesa – onde ela possa e deva ser diminuída. Diminuir para que suba.
E onde pode ser diminuída? Pois essa é a resposta urgente que se procura. Creio que não tem direito a falar contra os cortes do Ministério quem não tiver outras alternativas.
Eu sugiro algumas.
Cerca de 40% das urgências podiam ser evitadas com outro tipo de planeamento da saúde familiar, lia-se ainda há pouco.
A mudança da formatação dos Centros de Saúde, que iria resolver alguns destes problemas, dizem-me, não avança porque os médicos recusam perder o que ganham em horas extraordinárias. Será verdade?
Grande parte dos medicamentos não são tomados - mas são pagos – porque as doses vendidas são muito maiores que as necessárias aos doentes.
Os conselhos do farmacêutico são suficientes para evitar uma boa dose das consultas médicas: «Metade dos utentes que procura aconselhamento nas farmácias admite que esse contacto já lhes evitou pelo menos uma ida ao médico nos últimos seis meses.»
Uma vez o meu farmacêutico disse-me: “Porque é que o médico lhe receita este medicamento se este outro é o mesmo, com outro nome, e custa menos 30%»? E ainda não havia genéricos. Perguntei a um outro médico: “Eu tenho direito a receitar aquilo que eu quiser!”, respondeu-me. Direito? A receitar-me um medicamento 30% mais caro?
Muita da doença que por aí se desenvolve diminuía enormemente com mais água, mais andar a pé, mais natação. (Já há vários médicos, e doentes, a investir nessa receita.)
Muita da doença pela qual pagamos todos bem caro reduzia-se drasticamente com outra filosofia de vida, com outros hábitos mentais, com outro padrão de conversa. Mas não se vêem grandes melhoras.
Muita das doenças, tanto psíquicas como até físicas (leia-se: somatização) sobretudo nas pessoas de mais idade, resolvem-se com actividades sociais e culturais. As Universidades da Terceira Idade são alguns exemplo. (Eu assisti em Abrantes a casos quase “milagrosos”.)
Em Abrantes, dizem-me, mas não sei se é verdade, que não temos parto sem dor porque os anestesistas se recusam a perder as horas extraordinárias. Será verdade?
Em Abrantes, dizem-me, falta um radiologista, pelo que os outros têm de ganhar horas extraordinárias a fazer o serviço em excesso... enquanto em Torres Novas há um radiologista em excesso que todos os dias fica em casa, pago mas sem trabalhar. Será verdade?
Algumas, muitas, das despesas em saúde curativa decorrem da falta de uma melhor medicina preventiva, muito mais barata. Porquê, então?
O sistema de consultas de rotina nos centros de saúde funciona de modo a multiplicar as consultas, que podiam ser diminuídas sem prejuízo e com vários ganhos. Por exemplo como se faz em medicina do trabalho, pelo menos nalguns lugares. Mas aí, como é importante poupar...
No Dia Mundial do Ioga, 24 de Junho, ouvimos muitos praticantes a explicarem-nos que essa prática lhes tem trazido benefícios «na saúde física, psíquica e espiritual». E é bem mais barato que a botica.Termino com uma citação dos jornais, para não dizerem que eu sou só lírico: «O Estado poderia poupar milhões de euros anuais se investisse mais no tratamento e correcto acompanhamento de doentes com dores. Castro Lopes, especialista que está a coordenar o primeiro estudo epidemiológico ligado à dor crónica, afirmou ao DN que, "só no caso das lombalgias, os custos directos e indirectos ascendem a dois mil milhões de euros em Portugal" e que bastaria reduzir os casos de dor para se pouparem "milhões a longo prazo".» DN.14.6.07

Comments: Post a Comment



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?