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04 January 2007

 

Uma estrela

“Do céu caiu uma estrela” foi o filme de Frank Capra que o Espalhafitas projectou ontem (3 Jan). Trata-se de um filme idealista, de tom sonhador… em que parece ter deixado de existir o senso crítico. “Aquilo é tudo menos a realidade”
No entanto, para se obter um retrato da realidade temos, por exemplo, a descrição científica. E a única coisa que interessa é a realidade? Que o diga António Gedeão.
“Do céu caiu uma estrela” é um poema. E, como tal e na devida proporção, é real. É um sonho. Ingénuo? Não. Porque aquela realidade existe, no nosso dia a dia. Não apenas e só na forma de sonho, mas sob a forma real de mundo, com tudo o que ele tem.
Aquilo não é o mundo tal como ele é, mas o mundo tal como o realizador nos convida a que seja.
E, desde logo, somos obrigados a definirmo-nos no modo como tomamos posição sobre esse convite.
Este filme é reconhecido como uma das formulações cinematográficas do chamado “sonho americano”. Este é ali dito como possível e como dependente daquilo que o homem comum fizer. A personagem principal, George Bailey, que é apenas um homem comum de uma cidade do interior, é o grande responsável por muito do que a sua cidade é, mesmo sem ter feita nada de muito extraordinário.
Não podemos deixar de ouvir John Kenedy a dizer aos americanos: «Não perguntem o que a América pode fazer por vós; perguntem o que podem fazer pela América.»
São estrelas como estas que fazem o firmamento do pensamento colectivo americano. Como estas e como outras, é claro.
E não será desacertado ver que no filme há também uma crítica a “um certo” modo de ser e estar na América, na mostra daquilo que poderia ter sido se George não tivesse nascido. De algum modo, trata-se de um certo retrato da América de hoje, porque um certo George não fez aquilo que poderia ter feito.
Podemos perguntar-nos quais são as estrelas que iluminam o imaginário português. Mas uma coisa parece certa. Cá em Portugal, as estrelas parecem falar ao contrário: Que pode o Governo fazer para resolver os problemas que nós queremos ver resolvidos?
E até o recente discurso do Presidente da República tem sido interpretado nesse sentido.

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