.comment-link {margin-left:.6em;}

23 January 2007

 

Democracia na sala de aula - 1

Um caso. No final do período passado, numa das minhas turmas, quando íamos a entrar os alunos disseram que a Sandra trazia o clarinete. Eu já tinha convidado dois alunos que tocam viola a oferecerem-nos uma música num dia que combinássemos. E fiz o mesmo o convite à Sandra.
- Mas eu não sei tocar ainda muito bem, escusou-se ela.
Cada um oferece o que tem e o que pode. Se sabes tocar menos bem, tocas como sabes. E nós, disse para os outros, vamos receber da Sandra aquilo que ela nos vai oferecer. Ela não é ainda uma artista profissional, portanto não tem que tocar como profissional.
A Sandra estava nervosa. Mas tocou. Enganou-se, mas não houve qualquer censura na sala. Creio que nos rimos um pouco, não dela, mas com ela. E dispusemo-nos a que recomeçasse. Toucou, ouvimos e aplaudimos.
Quis alargar o aplauso: «Que as palmas sejam também para todos os outros que fazem coisas interessantes: jogam futebol ou basquetebol, fazem boa cozinha ou bons bordados, são bons pescadores ou fazem bem outra coisa qualquer. Porque a escola é importante, mas não é tudo na vida.»
Creio que ficámos todos satisfeitos. Tenho a certeza de que aquele foi um momento democrático. E saí satisfeito.
Mas mais satisfeito fiquei quando, após as "férias de Natal", a Sandra me entregou, em resposta ao meu pedido de que escrevessem para treinar, o texto seguinte, que transcrevo com sua autorização expressa.

Comments: Post a Comment



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?