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23 January 2007

 

Congresso da Cidadania - 2

Quando se fala em cidadania, logo se fala em democracia. E quando se fala em democracia, logo se fala na Grécia, mas devia falar-se em Atenas. E quando se fala na democracia ateniense, logo se faz uma ressalva «muito importante»: que as mulheres, os escravos e os estranjeiros não tinham direito de voto na assembleia popular. Essa é dita, pois, como uma limitação ou imperfeição daquilo que consideram "a verdadeira" democracia, por ser uma democracia directa. "Verdadeira" democracia, mas "imperfeita" apesar de tudo.
Mas isso é esconder parte do essencial. É verdade que na Atenas democrática todos os cidadãos tinham direito de participar, e serem eleitos, num regime de democracia directa. É ainda verdade que essa participação era tida em elevada conta social, e que era objecto de desconsideração aquele que deixava os "assuntos públicos" para se dedicar aos "assuntos privados". E aqui começa a questão.
É que os estudos levados a cabo pelos especialistas chegaram à conclusão que nas assembleias apenas participavam cerca de 10 por centos dos que tinham direito a participar. (Salvo momentos excepcionais, é claro.) Os outros tratavam da sua vida.
E é fácil perceber que só os que tinham escravos suficientes para tomarem conta das suas "coisas" podiam dedicar-se ao ócio e investi-lo na política.
E também sabemos que ussar da palavra e levar a melhor numa assembleia pública era resultado de competências que poucos tinham e que sobretudo tinham aqueles que dispunham de dinheiro para pagar a bons professores de oratória. E que os professores de oratória ficaram com o nome de "sofista" com muito baixa cotação na bolsa de valores sociais.
A «verdadeira democracia grega» que por aí anda é um mito. E não há que estranhar, pois aquele foi um "sagrado tempo dos começos" da nossa mais preciosa, embora frágil, formação política.

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