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27 September 2006

 

O imaginário, a técnica

Pedi aos meus alunos deste ano que me escrevessem um texto sobre "o que quero ser quando for grande" (com um tema alternativo para quem quisesse preservar a sua privacidade). E, ao apreciar as respostas, dei-me conta de algo que me parece interessante.
O top das preferências dos meus alunos está nas profissões de cuidar das pessoas (medicina à cabeça, enfermagem, professor ou educador de infância) seguido das profissões que tratam do ambiente ou dos animais. Ao contrário do que tantas vezes se diz, vejo os meus alunos com sensibilidade e com generosidade, embora não se rejam pelos mesmos padrões dos mais velhos. En terceiro lugar, as profissões da ordem pública, desde polícias a investigadores criminais e outros que tais.
Mas o que mais me impressionou foi a quase total ausência de um imaginário técnico. São alunos de ciências, do curso que dá acesso às tecnologias, às engenharias e a outras que tais. Ainda aparece a informática... mas nada mais.
O imaginário dos nossos jovens está, ao que parece, recheado de valores humanistas, mas vazio (ou quase) de valores técnicos. No entanto, não haverá sociedade humana, muito menos humanista, se não houver uma consolidação técnica.
Acontece que, por mera coincidência, no fim-de-semana em que estive a fazer estas análise vi, não sei já onde, uma imagem, salvo erro de França, onde um grupo de adolescentes produzia foguetes (foguetões em miniatura) numa bancada escolar.
Enquanto lá fora se induz a técnica no imaginário dos mais novos, por cá, apesar da grande carência de técnicos, desleixamo-nos nesse trabalho e prefrimos lamentar a sua falta na sociedade ou nas inscrições nos respectivos cursos do ensino superior.
Acontece, também que há pouco estive num colégio, em Aveiro, que lecciona até ao 9º ano, mas que isso não impede de ter uma equipa de ronótica, que já ganhou um primeiro prémio em Portugal e foi representar o país no Japão.
Sim, nós temos potencialidades, é claro. O que nos falta é trabalho.

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