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03 June 2006

 

Mas não

A nossa escola está desenhada para ensinar alunos de estratos sociais e culturais elevados, urbanos e com desejo de aprender. Isso, para que foi desenhada, ela faz bem. E faz melhor hoje que ontem.
Mas não é boa, a nossa escola, por exemplo a ensinar aqueles que não querem aprender. Ou aqueles que, por qualquer razão, por vezes por culpa da escola, se encontram numa situação de "falta de bases". Ou aqueles que se encontram sem um sentido para aprópria vida, de forma que a própria escola lhes surge sem sentido. Ou aqueles que t~em uma família que rema contra a escola.
Não, a escola não está preparada para lidar com estes alunos. Muito menos para ensinar-lhes o que eles precisam, mas nem sequer suspeitam.
E, no entanto, são estas, hoje, as novas solicitações que se fazem à escola. E é, em grande parte, sobre essas solicitações (não cumpridas) que a escola está a ser julgada.
Mas a escola não é capaz de fazê-lo em virtude do seu próprio desenho organizacional. Para fazê-lo, teria que ser redesenhada.
Para fazer aquela que era a sua função – ensinar os melhores e seleccionar os melhores – a escola tem uma organização inteligente. Para responder às novas exigências, a escola tem uma organização disfuncional. Não está feita para isso. Por isso, não faz.
E quanto mais quer fazer aquilo que não pode fazer, menos bem faz aquilo para que está desenhada.
Porque está desenhada para fazer uma coisa e pedem-lhe que faça, ao mesmo tempo, o seu contrário, a escola apenas está à disposição de quem lhe quer bater. E mesmo que faça menos bem aquilo que outrora fazia (e nada aponta nesse sentido, antes pelo contrário), faz muito, mas mesmo muito, naquilo em que a outra escola nada fazia.
Hoje, a nossa escola ensina muitos daqueles que, antes, apenas expulsava.

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