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25 April 2006

 

Nem a liberdade

Eu sei que é uma heresia manifesta dizer, em Portugal, no 25 de Abril, que nem a Liberdade é um valor absoluto. E, no entanto, assim é.
Um exemplo.
No Brasil, como era de prever e a novela Sinhá Moça, que a SIC está a passar, bem demonstra, a escravatura era uma das traves mestras da sociedade. Até ao momento em que a escravatura foi abolida.
- Finalmente a Liberdade!, terão dito e sentido alguns negros. Mas por pouco tempo.
A abolição da escravatura passava pela criminalização de todos os que continuassem a servir-se do trabalho escravo. Mas naquele tempo e naquela sociedade não se vivia ainda num tipo de relações contratuais por escrito. Por isso mesmo, ninguém de bom senso queria um negro a trabalhar para si. Era demasiado perigoso. Podia ser acusado de continuar a Ter escravos. Acusado e penalizado por isso, de vários modos.
Ou seja, os negros viram-se na triste situação de prisioneiros da sua nova liberdade. Ninguém os podia legalmente possuir como escravos, mas ninguém se atrevia a t~e-los como trabalhadores.
E os negros no Brasil foram escorraçados para fora da sociedade. Por exemplo, para os morros. E aí nasceram as favelas, que hoje são verdadeiros cancros a ameaçar toda a sociedade brasileira.
Não, nem sequer a liberdade é um valor absoluto. A liberdade só é valor em certas condições. E o que está sujeito a condições não é, por isso mesmo, absoluto.

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