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16 April 2006

 

Guerra e Paz

Eu não tenho uma posição absoluta contra a guerra. Por duas ordens de razões.
A primeira, que eu poderia chamar teórica, e que outros chamariam de metafísica. Não sou em absoluto contra a guerra porque não acredito em absolutos, positivos ou negativos. A Paz não é, para mim, um valor absoluto, como a guerra não é um mal absoluto. Talvez eu não seja suficientemente radical, ou bom, ou santo... como Gandhi, por exemplo, para perceber o bem absoluto que talvez seja a "não violência activa", que é uma forma de luta activa, mas activamente contra a luta violenta. Mas a verdade é que eu não sou capaz de encontrar valores absolutos, nem seque na Paz. Portanto, não tenho uma posição absoluta contra a Guerra.
A segunda razão, que também se articula com a primeira, é de razão prática, ou pragmática. Digo-a através de um exemplo, prático, portanto.
Paul Ricoeur era filho e órfão de um herói da I Guerra Mundial. E ensinaram-lhe o orgulho no sacrifício da vida do seu pai. Até que um dia descobriu que as coisas não se tinham passado como lhe haviam dito e... , descobrindo a "inutilidade" do sacrifício da vida do pai, tornou-se um pacifista.
Mas rebentou a II Guerra Mundial. E Paul Ricoeur foi feito prisioneiro dos alemães e internado num campo de concentração, felizmente não daqueles em que se trabalhava para eliminar os prisioneiros. E foi então, na experiência prática, que Paul Ricoeur verificou que o seu pacifismo era uma cedência perante a loucura de um regime que tinha nas armas um método corrente de acção. E passou a viver com uma certa mágoa ou "culpa" perante uma situação que ainda hoje, a todos nós, deve fazer pensar.
Não, não sou em absoluto contra a guerra. Mas também não acho que a guerra seja um valor absoluto ou sequer um modo corrente de resolver um problema.
Sim, o valor da guerra e da paz decide-se na vida. O pior é que o balanço só se faz no fim. Que o diga, entre muitos outros, Hitler por exemplo. Ou Churchill, também por exemplo.
Por isso mesmo é que nos é exigido o máximo cuidado "contra" a guerra. Que só é mesmo o último recurso.
Mas a avaliação de uma guerra pode ser feita em duas perspectivas: a partir dos "meus" interesses ou a partir dos interesses de "todos" os envolvidos. E essa é uma questão fundamental.

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