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12 April 2006

 

França: juventude e emprego

Ao que parece, os jovens ganharam na rua ao Governo: agora têm garantido que não serão despedidos de um emprego que dificilmente terão. Ou nunca.
Não quero com isto dizer que deviam ter aceitado o PEC, ou que o problema em debate não era importante. Era. Não é certo e seguro que a solução tenha sido boa, mas o que me parece certo é que o verdadeiro problema é outro.
Há vários anos que os sociólogos têm vindo a alertar para a diminuição do emprego. E os mais pessimistas chegam mesmo a profetizar que nos aproximamos de um tempo em que, a continuarem assim as coisas, haverá pessoas que passarão a sua vida activa (?) sem nunca terem conseguido um emprego.
Ou seja, o verdadeiro problema está noutro lado: a morte dos empregos face à mão de obra disponível no mercado de trabalho. E um segundo problema, também verdadeiro é o facto de que os jovens e os sindicatos se mobilizaram contra o PEC, mas não os vejo mobilizarem-se contra a raiz do problema.
Que interessa a segurança num emprego que nunca se terá?
Em Portugal, por exemplo, só há dois concelhos, Aveiro e Constância, em que os postos de trabalho disponíveis são mais que o número de trabalhadores disponíveis. Não é difícil calcular que o saldo positivo nestes dois concelhos não cobre o saldo negativo dos restantes. Felizmente um deles é aqui à porta, mas isso não resolve o problema do desemprego no concelho de Abrantes.
Há dias, duas ex-alunas vieram-me pedir ajuda. Estão a tentar criar uma empresa porque não arranjam nenhuma hipótese decente para trabalharem. E desabafaram:
- Fomos preparadas para arranjar emprego, não para criarmos uma empresa. Mas estamos a ver que se não a criarmos, não conseguimos ter trabalho com futuro.
Podemos discutir a segurança no emprego. Mas como será possível colocarmos na ordem do dia o problema da criação de emprego e, melhor ainda, da criação de postos de trabalho (que não é o mesmo)?
E o mais interessante é que se viu, nas ruas de França, o que podem as pessoas quando organizadas. Então, que é que falta para que se obtenham os resultados necessários?

Comments:
«Em Portugal, por exemplo, só há dois concelhos, Aveiro e Constância, em que os postos de trabalho disponíveis são mais que o número de trabalhadores disponíveis»

Quanto ao caso de Aveiro, não conheço e não vou comentar.
Quanto a Constância, conviria saber se serão mesmo postos de trabalho ou será emprego criado, artificialmente, à custa do dinheiro dos contribuintes.
Um exemplo, facilmente, constatável, o número de funcionários da Câmara Municipal de Constância que é um dos maiores empregadores (empregador, não proporcionador de postos de trabalho)) do concelho.
Há vinte anos o concelho era gerido, perfeitamente, com cerca de um décimo dos funcionários.
A área geográfica do concelho é a mesma (em boa verdade diminuiu, pois, a serventia do Campo de Instrução Militar de Santa Margarida aumentou, retirando, assim, espaço gerido à municipalidade) as novas tecnologias estão aí em força o que, teoricamente, faria diminuir a mão-de-obra humana.

Porque precisará então o munícipio de Constância de tantos empregados?

Já, agora, quais são as receitas e as despesas do município que apresenta como exemplo?
 
Não disse, nem contradisse, que era "um exemplo". Referi apenas um caso, um facto, num contexto nacional.
Quanto às questões, são pertinentes, e merecem ser respondidas. Mas não disponho de elementos. No entanto, eles devem ser públicos, pois as contas têm de ser apresentadas à Assembleia Municipal.
 
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