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25 April 2006

 

Democracia à Lamarck

Lamarck ficou célebre por ter afirmado que, na evolução das espécies, o adquirido era conservado, ou seja, transmitido geneticamente à geração seguinte.
Na Rússia soviética, a ciência oficial era lamarckiana. Evolucionista porque sustentava o ateismo militante e lamarckiana porque garantia, oficialmente, que a sociedade comunista iria perpetuar-se, por via genética, às gerações seguintes.
A nossa democracia tem a mesma fé. Acreditou – ingenuamente – que o simples viver em democracia faria com que os valores democráticos iriam ser "património" das "novas gerações". Serão como as estrelas do céu, se os procurarmos, os textos nesse sentido.
Só que Lamarck não tinha razão. O adquirido não se transmite geneticamente. Por isso mesmo, a seguir à queda do regime soviético, não encontrámos o "homem novo", mas uma clique mafiosa e uma população a suspirar pelo consumismo e em viagem acelerada para o abismo. Tal como, entre nós, mesmo no interior do regime democrático, descurada a educação democrática, encontramos com a maior facilidade verdadeiros déspotas apenas com falta de oportunidades públicas para se afirmarem. Mas as oportunidades têm essa característica singular, nunca tardam muito a chegar. E quando chegarem... cada um será aquilo que é.
Não, não estamos à beira de um golpe de estado autoritário ou fascista. Estamos, todos os dias, confrontados com um estado de coisas que é autoritário disfarçado de democracia. E alguém se incomoda?

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