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06 March 2006

 

Quase sempre assim

«Se tivéssemos discutido o problema a tempo, teríamos certamente evitado a crise hoje. Como evitámos a discussão, temos a crise hoje. Aliás, é quase sempre assim.» Dizia eu na última entrada.
É, mais uma vez, o que está a acontecer na saúde. Hoje, o problema está com a discussão envenenada. Duvido que sejamos capazes de discuti-lo. Quando ainda muito poderíamos fazer. Porque muito há a fazer. A única coisa que não podemos deixar que aconteça é o que está a acontecer - as despesas a crescerem a um ritmo maior do que a nossa disponibilidade para pagá-las. E não vale de muito, mais uma vez, gritarmos que temos direito a saúde gratuita. O que vale, sim, a única coisa que vale, é fazermos o que há a fazer para podermos continuar a ter saúde gratuita ou algo próximo disso. Caso contrário, vamos perder aquilo que temos, porque não haverá ninguém disponível para pagar a factura. Muito menos nós, como está à vista.
E há muito a fazer. Desde logo, diminuir o desperdício, a primeira e mais imediata fonte de recursos. Depois, tudo o mais, até pensarmos o próprio conceito de saúde e de tratamento. Muito do que se faz é apenas ou pouco mais que manutenção de poderes e de estatutos, e nada tem a ver efectivamente com a saúde dos cidadãos. Eu sei que o problema é complexo. Mas é aí que está uma parte significativa da solução.
Até lá...
Mas deixem-me dar outros dois exemplos.
Há quantos anos é que os cientistas andam a alertar para o aquecimento do planeta e para os perigos que se prenunciavam? Ninguém esteve disponível para ouvir e fazer alguma coisa. Agora, dizem-nos que é talvez demasiado tarde para evitar a catástrofe.
Há 30 anos já os meus alunos, no Sardoal, queriam fazer reservatórios para guardar água para o ano 2000. E não era porque eu fosse iluminado, era porque o problema já constava do programa e essa foi uma solução que eles viram na sua ingenuidade. Mas nestes 30 anos, que outras soluções foram sendo executadas?
Para concluir. Este é um problema velho, e sempre repetido. Um problema não existe para nós enquanto não nos for mais ou menos insuportável.

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