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15 January 2006

 

A (des)responsabilização - 3

A tese "o indivíduo é o que é e, por isso, só ele é responsável pelo que é e faz" visa responsabilizar o indivíduo pelo que lhe acontece. Ou seja, desresponsabiliza ou outros pelo que acontece a cada um. Aí é que está o nó da questão. A desresponsabilização dos outros. Sobretudo pelo que acontece aos mais fracos e mais pobres: a culpa é deles que não fazem o que deviam fazer.
A tese "o indivíduo é fruto das circunstâncias" visa chamar cada um à responsabilidade por todos. Certamente pelos mais fracos e pobres, mas também pelos outros.
Porque dá-se este fenómeno importante: a responsabilidade de um indivíduo, ou seja, a sua capacidade de ser responsável, decorre sobretudo do facto de ser responsabilizado por parte de outros, hoje e ao longo da vida.
A responsabilidade não é uma propriedade inata ou que surja de geração espontânea. Ela é resultado de um meio responsabilizador, um meio em que se acredita que cada um pode fazer a sua parte e lhe pede contas do que fez ou não fez.
É mais que sabido: uma criança a quem deixaram crescer "à vontade", sem que lhe sejam pedidas contas... nunca terá força de vontade, energia, para ir onde de facto quer.
E não calha aqui o exemplo do "menino de rua", porque esse nunca esteve nessas condições, antes teve que aprender a resistir a muitos testes e foi aí, nesse território testado, que ele cresceu e é, de facto, capaz.

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