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16 November 2005

 

Fritjof Capra

Abri o livro ("As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável") e fiquei logo derrotado na página dos agradecimentos: mais de 20 entradas para nomear personalidades do maior gabarito internacional e instituições do maior prestígio. Eu disse: mesmo que fosse burro teria obrigação de ficar a saber muito mais que eu.
Aquilo que cada um de nós é depende em grande parte da qualidade do meio em que nasceu e cresceu.
Nós vivemos numa cultura idiota, porque contradiz tudo aquilo que se detecta ao nível dos factos, que afirma que o que um indivíduo é e faz depende dele e apenas dele. E, por isso, somos tão lampeiros a condenar, embora mais reticentes em elogiar, mas quando o fazemos pomos a pessoa na Lua.
Eu sei que o lado pessoal é importante. Valery Gergiev ou os nossos futebolistas na televisão falam constantemente em "trabalho", "tenho de trabalhar mais", "tenho de continuar a trabalhar". Eu.
Mas também sei que até a vontade de trabalhar e a persistência no trabalho ficam muito a dever ao meio em que se cresceu. E o encontro com um bom e grande mestre dá muita vontade de trabalhar nesse sentido e, com os resultados obtidos, a vontade cresce e firma-se.
Por isso é que eu próprio tenho tentado, quer na escola quer noutros meios, criar ambientes que sejam produtivos de mais trabalho, mais qualidade, mais resultados, mais vontade de continuar. Porque isto anda tudo ligado.
Por isso também é que é importante denunciar a mediocridade dos meios ou ambientes em que a maioria de nós vê a sua vida consumir-se sem honra nem proveito.
A mesmice, o deixa andar, o não te rales, o para quem é bacalhau basta, o não queiras armar-te em esperto, o tem a mania que é melhor que os outros, o alguém te paga para seres parvo?, o não quero é chatices...
Donde hão-de vir os resultados?

Comments:
"sei que até a vontade de trabalhar e a persistência no trabalho ficam muito a dever ao meio em que se cresceu" - Alves Jana
"O homem é o homem e a sua circunstância" - Ortega Y Gasset
"Não sou esperto nem bruto/ nem bem, nem mal educado/ sou, simplesmente, o produto/ do meio em que fui criado - António Aleixo

Vemos, assim, que três "personas" distintas, diversas, com diferente instrução e educação parecem concordar na desresponsabilização do indivíduo.
Como dizia a Gabriela (personagem de Jorge Amado): "eu nasci, assim,eu cresci, assim, eu sou mesmo assim".
O povo, no entanto, tem a expressão: "temos cinco dedos na mão e todos são diferentes"...parece-me mais de acordo com a realidade, se não, todos os filhos dos mesmos pais, todos os discípulos do mesmo mestre percorreriam o mesmo caminho.
Para utilizar o mesmo exemplo:
- Valery Gergiev é filho único?
- Valery Gergiev foi o único discípulo de Karajan?
 
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