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02 November 2005

 

Do Poder

O Poder é demasiado importante para nos desinteressarmos do que anda a fazer. Porque o poder faz o nosso dia-a-dia e o nosso futuro.
Não sou dos que pensam que os do poder são todos uns bandidos. Estou mais que farto de ouvir esse género de análises. E acho que quem as faz merece apenas ser governado por bandidos. Não tem sequer direito a reclamar. Pois porque haveria de ter se, logo à partida, não espera daí senão o pior?
Nos contactos que tenho tido com o Poder, tanto local em vários concelhos como central em vários governos, não tenho percebido - nunca- esse banditismo de princípio. Pelo contrário, salvo excepções, encontro pessoas preocupadas em fazerem aquilo que acham que "deve ser feito".
Isso, é evidente, não me obriga a concordar com aquilo que fazem. Nem sequer é garantia de que o que acham que "deve ser feito" esteja suportado por uma competência e uma qualidade garantidas. E é justamente por isto que sempre se mantém aberto o princípio da crítica necessária. Além de que qualquer política é susceptível de ser criticada a partir de outras opções políticas. Que, pelo facto de serem outras, não são necessariamente erradas ou más.
Mas estáva a falar do poder.
Além do mais, também acredito que o Poder tem muito menos poder do que às vezes se pensa. O Poder é, em muito, uma encenação. E, em pouco, acção eficaz - mas sempre dentro de limites muito estreitos. Até o Presidente dos EUA, o homem pais poderoso do mundo (?), está obrigado a exercer o Poder dentro de limites que lhe são fixados do exterior. (Por isso, ainda há dias Bush teve um desgosto, que lhe foi imposto - faz verso mas é verdadeiro.)
Posso, portanto, concluir que há um respeito institucional que qualquer lugar de Poder me merece, embora sem em nada diminuir a atenção crítica que também devo manter. O respeito pela função obriga-me à crítica da acção. Mas sem respeito não há função que possa ser exercida com eficácia.
Creio que somos colectivamente idiotas quando embarcamos na desvalorização do Poder, ou dos políticos enquanto aqueles que exercem o poder. Não creio que haja futuro possível sem um Poder forte e eficaz. O que não significa totalitário, nem bruto.
Compete-nos, pela reverência esclarecida e pela vigilância activa, darmos ao Poder a força necessária e mantermo-lo dentro das fronteiras também necessárias.
E nunca abdicarmos do poder que é nosso. E nunca deixarmos de perceber que o poder se encontra distribuído por toda a sociedade. Mas isso é outra coisa, embora uma luta já velha.

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