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02 November 2005

 

Da oposição

É muito difícil estar na oposição, trabalhar na oposição. Tenho, por isso, um grande respeito por todos os que trabalham - bem - na oposição. Sobretudo aqueles que mais distantes se encontram de virem a ocupar os lugares do poder.
Na oposição tem-se, em princípio, menos dinheiro, menos capital simbólico, menos canais de comunicação abertos... enfim, menos possibilidades de chegar aos cidadãos com mensagens recebidas como significativas.
E, no entanto, há homens e mulheres que continuam esse trabalho insubstituível. Esse trabalho imprescindível. Porque sem ele não há verdadeira qualidade no poder (porque pode desleixar-se sem perigo para si), porque sem ele não há alternativa à altura de ocupar o poder, porque sem ele faltam outros lados da verdade que façam contrapeso à verdade do poder...
Por tudo quanto digo, e por muito mais, sinto-me no dever de respeitar não apenas os eleitos democraticamente, mas também aqueles que democraticamente se batem para que o poder que nos governa seja mais qualificado na sua acção, portanto nos seus efeitos, isto é, nos nossos benefícios.
Por isso digo sinceramente "Obrigado" e "Honra aos vencidos" - desde que se batam com dignidade.
E esta é a razão maior pela qual temos de exigir qualidade, inteligência e bondade às oposições.
E temos de saber que devemos julgar o poder pelos seus actos e as oposições também pelos seus actos. E se quanto ao poder podemos ver o que "faz" vendo os seus actos, quanto às oposições é também naquilo que "fazem" que podemos prever o que "fariam" se alcançassem o poder.

Quantas vezes tenho dito isto? Quantas vezes terei ainda de dizê-lo?
E posso dizê-lo apenas de modo teórico ou posso também passá-lo à prática?

Eu não parto do princípio de que as campanhas eleitorais são más e que só os maus é que delas participam. Pelo contrário, eu sei que as campanhas eleitorais sãoimportantes (embora não tanto como às vezes se acredita) e quero que elas sejam de qualidade e que sejam bons aqueles que nelas participam. E se eu participo nelas, não é por ver nisso qualquer indignidade que me maculasse o nome ou a alma. É apenas porque o meu trabalho é outro. Mas agradeço a todos os que nelas pariticpam com qualidade.

A política é demasiado importante para corrermos o risco de não nos interessarmos por ela.

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