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19 November 2005

 

Credo

(Dei-me conta de que este texto, que escrevi já há algum tempo, ficou por publicar. Vai agora, porque considero que faz parte integrante do que ficou dito.)
Nenhum partido é melhor que a democracia. Pelo contrário, é bom na medida em que serve a democracia, e portanto as pessoas que são a razão de ser da democracia. E também a democracia é boa na medida em que abre espaço aos vários partidos e serve as pessoas, todas.
Uma proposta ou uma afirmação não é verdadeira ou falsa, boa ou má, por ser feita por um partido ou por outro. Mas sim pela sua conformidade com os factos ou pelos seus efeitos.
Um partido não é em si mesmo bom ou mau, melhor ou pior, mas porque é boa ou má a política que ele defende e pratica.
A democracia não é apenas o espaço social onde tudo tem lugar. É também, ao contrário da ditadura, o lugar onde tudo se sujeita a discussão e a julgamento.
A democracia só o é autenticamente se houver essa discussão e esse julgamento. Sempre que estes faltam, a democracia empobrece, definha e caminha para a morte. Porque a democracia não é uma substância primeira, é uma forma de organização.
As pessoas, para mim, não têm cor. Mas as suas acções têm.
Distingo claramente entre a pessoa ser boa ou má e serem boas ou más as acções de uma pessoa. Sobre a pessoa, não sei e não devo pronunciar-me, apenas respeitá-la. Sobre as suas acções, tenho o dever de pronunciar-me e apoiá-las ou combatê-las – porque elas têm efeitos. Uma sociedade faz-se de acções e dos seus efeitos, não se faz de (boas ou más) intenções.

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