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18 September 2005

 

Um exemplo - no Pego

Era o ano lectivo 1979-80, se não erro. Eu estava a dar aulas em Tomar e a frequentar o último ano de Filosofia em Lisboa. Queria leccionar bem as duas novas disciplinas que me davam muito trabalho e queria acabar o curso. Foi então que...
Vieram ter comigo a casa dos meus sogros, no Pego, e disseram assim. Como sabes, o Rancho do Pego está nas últimas. Ou aceitas fazer parte da direcção connosco ou o Rancho acaba já. Expliquei-lhes a minha situação. Responderam-me que sim, talvez... mas ou eu aceitava ou o Rancho terminava. Não havia alternativa.
Aceitei. Consegui terminar o curso, creio ter feito um bom ano em Tomar e demos a volta ao Rancho. Nem conto as dores por que tivemos de passar. Mas, no final da época, o Rancho tinha uma nova orientação estratégica, estava novamente em velocidade de cruzeiro, tinha feito o seu primeiro festival de folclore, enfim, estava salvo. E dei lugar a quem de direito e dever tinha de dar continuidade ao trabalho, os pegachos. Tudo isto é verdade e estão aí os outros, à excepção do Joaquim Parreira.
Há alguma dúvida de que fui decisivo na História de mais de 50 anos do Rancho do Pego?
Eu sei que fui. Sei que fizemos - no plural – um bom trabalho, de significado histórico.
MAS isso em nada diminui o trabalho que foi feito nos 30 anos antes e nos 25 anos depois daquele momento. À excepção do trabalho que foi mal feito, é claro. Porque se havia uma crise tão grave, e havia, é porque algo tinha corrido mal. Mas nestes 50 anos nem tudo correu mal, pelo contrário, muita coisa correu bem. E isso é, uma vezes mais e outras menos, tão importante como o trabalho que fizemos naquele ano.
E o mesmo se diga do trabalho feito noutros grupos folclóricos do concelho.
Volto a insistir naquilo que quero dizer. Todos os lugares sociais são importantes, em todos eles se escreve – se decide - a História que vamos fazendo em comum. E não há nisto qualquer populismo, nem uma postura contra o papel e a importância dos lugares de topo. Eu, naquele ano estive no lugar de topo e fui decisivo. Mas os dançarinos, por exemplo, foram também decisivos. Sem eles, que trabalho podia fazer a direcção. Mas sem a direcção eles não eram capazes de fazer o que depois fizemos todos.

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