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22 September 2005

 

A segunda aula

19 Set. – 11º B. Voltei a encontrar-me com os alunos da minha nova turma. Começámos por ler e analisar um texto que lhes havia mandado para leitura em casa. Passo a passo assistimos à lição definitiva de uma grande mestre. A um novo aluno, entregou um peixe para que o analisasse. O aluno olhou e assumiu que sabia tudo o que havia saber acerca do peixe. É sempre assim, os "sabões" sabem sempre tudo, mais que qualquer outro. Por isso, nunca vêem nada nem aprendem nada. Quem já tem a cabeça cheia não tem lugar para mais nada. Mas o professor deu-lhe a volta. E o aluno acabou por mudar de figura e começou a aprender.
- Percebem agora o que lhes disse na aula passada, que não é minha obrigação ensinar-vos?
Porque ninguém ensina nada a ninguém. Ou a pessoa aprende ou ninguém a pode substituir. Mas também ninguém aprende sozinho. Aprendemos uns com os outros. Assim, a minha função não é ensinar, mas criar oportunidades para que os alunos aprendam, se superem
O bom professor, ao contrário do que os alunos à primeira vista desejam, não é o que lhes faz festas, mas aquele que ajuda o aluno a ir mais longe do que iria sozinho. E é isso que os alunos verdadeiramente agradecem – depois.
Creio que foi um bom momento, um exemplo concreto de que são eles que aprendem - em situação.
E entrámos na Filosofia. A propósito:
- O que é isso de Filosofia?
Houve um sururu na sala. Uma pergunta, sobretudo deste género, é um perigo colectivo. Uma ameaça. Mas penso que estava já criado um ambiente que tornava a ameaça menos perigosa. E eles começaram, lentamente e sem tensões de maior, a dar princípios de resposta, que depois iam sendo completados pelos colegas. Colectivamente fomos elaborando um discurso de resposta à pergunta. E dissemos coisas bem interessantes. A Filosofia como esclarecimento de conceitos, como olhar para lá do senso comum, como levantamento de questões, como elaboração de novas respostas, como – por isso mesmo – um discurso fora do que é comumente aceite e, por isso, susceptível de causar estranheza ou mesmo rejeição naqueles a quem se dirige. Ah, e a Filosofia como um trabalho de fundamentação e justificação argumentativa.
- Ora aí está exactamente o tema inicial deste nosso ano.
E, pelo livro, falámos do programa e, de seguida, da avaliação. Mas sem esquecer que não vamos trabalhar para os testes, mas para a vida. Só que os testes também fazem parte da vida e são uma parte importante.
Mas não esquecer da diferença entre aprendizagem e avaliação. Costumo dizer:
- No tempo da aprendizagem, sou pago pelos vossos pais para vocês poderem aprender, podem contar com tudo o que estiver ao meu alcance. No tempo da avaliação, sou pago pelo resto da sociedade que querem saber, por mim, do que vocês são capazes, e aí não podem contar comigo.
E despedimo-nos com um voto comum de "boa semana". Até porque, se não aproveitarmos esta, ela não voltará mais.
À tarde tive a turma que já foi minha no ano passado, de que fui e volto a ser director de turma. Não correu tão bem. Talvez por haver já mais à vontade, menos tensão de descoberta das primeiras horas. No essencial, repetiu-se o que havia feito com a outra turma, mas com menos efeito.
As aulas são todas diferentes, mesmo quando são semelhantes porque a programação é a mesma. Por isso, não vou contar aqui as aulas de cada uma dar turmas.

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