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15 September 2005

 

Eu no jornalismo - 1

O meu primeiro professor de jornalismo foi o meu pai. Ele comprava O Século todos os dias. Quando íamos de férias para a Carregueira (Mação), assinava o jornal por esse tempo limitado, uma semana ou quinze dias, e cada manhã nós esperávamos o carteiro e o meu pai lia o jornal. Foi ele que me ensinou a importância do jornal e me habituou a conviver com o jornal diário. O meu avô João sabia ler, mas não tinha que ler lá na aldeia. Por isso, aproveitava os jornais que iam a embrulhar "as mercearias" (pacotes de arroz, açúcar, café... que levávamos da cidade embrulhados em folhas de jornal) e, é claro, aqueles que iam chegando dia a dia. Foi com eles os dois que eu aprendi o carácter decisivo do jornal. Mas um jornal era coisa distante, vinda sabe-se lá donde.
O meu professor de Português, o P. Álvaro, no meu 5º ano (actual 9º) virou uma página decisiva. Convidava um ou outro dos seus alunos a escrever para o Reconquista, de Castelo Branco. E um dia chegou a minha vez. Escrevi logo dois textos: um sobre um jogo de futebol, que ele me encomendou, e outro, por iniciativa própria, sobre os maus cheiros da Líria, a ribeira de Alcains. Nesse ano, eu aprendi três coisas: que os jornais estavam ali à mão, que serviam para passar mensagens importantes e que eu podia escrever para esses jornais. E passei a escrever.
Pouco depois, em 1969, entregava o meu primeiro text oem Abrantes, no Jornal de Abrantes. Mas foi noCorreio de Abrantes que continuei a escrever com regularidade. Entregava os textos e publicavam-mos. Durante anos. Num Verão, o Dr. Consciência, que dirigia o jornal (mas creio que não era o director), chamou-me, disse que ia de férias e entregou-me o jornal. De repente, vi-me a ter que fazer um jornal sozinho e nem sabia como.
Em Janeiro de 1974, já eu era professor no Sardoal, um grupo decidiu fazer uma "experiência" no Correio de Abrantes. Também fui convidado para participar e entregaram-me a crónica sobre a vida nacional. Nem sabia o que havia de fazer com aquele espaço. Mas fiz. E logo no primeiro número, Janeiro é antes de Abril, houve bronca com o meu texto. Que talvez tenha sido o pretexto para acabar com aventuras. E a experiência acabou.
Nesse mesmo ano, participava de uma pequena equipa que revitalizou a Tribuna do Pego, n’ A Nossa Terra Natal.
Em 1974, ou 75, já não sei, ainda houve nova tentativa de restaurar a experiência do Correio de Abrantes, mas o Verão ia quente demais para resultar. Secou.

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