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03 April 2005

 

João Paulo II

Hoje é dia de alegria. Não apenas porque o papa João Paulo II morreu, mas porque um grande homem foi grande até ao fim da sua vida, fiel àquela que assumiu como a sua vocação.A vida de Karol Wojtyla foi, de facto, singular pela forma plena e cheia de sentido com que foi vivida. Repito: uma vida plena de sentido. E não só para o próprio: ela foi capaz de "dar sentido", de "gerar sentido" para muitas outras vidas ao longo de todo o mundo.E um dos aspectos mais importantes da forma como foi vivida tem a ver com dois factos:- sendo luz no mundo, nunca apontou essa luz para si mesmo, tipo "olhem para mim como sou o maior", antes se assumiu sempre como "sinal" a apontar para Aquele em nome do qual sempre se assumiu como servo dos seus irmãos na Igreja;- sendo o maior em muitos sentido, desde o de "sumo pontífice" até ao de homem ao "mais alto nível" em todo o mundo, sempre assumiu até ao limite esse alto lugar social, sem quaisquer reticências, mas sempre o fez com gestos da maior humildade e simplicidade.E como é difícil ser-se grande e manter-se simples e humilde!João Paulo II foi um condutor de homens e alguém que nos continua a desafiar no sentido de assumirmos a viva como processo de elevação, o que também significa como processo de resistência à queda, à entropia social e pessoal, como afirmação daquilo que é mais humano face ao que é indigno e que nos torna indignos na nossa humanidade comum.João Paulo II foi um homem de fé, de muita fé, sumo representante de um fé que mais presença histórica vem tendo. Mas foi, também, um homem de profundo respeito por todos os homens e mulheres de fé, de outras fés. E, por isso, é hoje um homem admirado em todos os quadrantes do mundo. Mesmo por aqueles que não partilham da sua fé e dos seus valores. Porque a vida humana é assim mesmo, desafia-nos a viver em profundidade os valores que são os nossos, mas isso significa sempre um confronto com outros valores e com pessoas que vivem esses outros valores. Mas um tal confronto não tem de significar um menosprezo pelo outro que não vive os "meus" valores. Isso vê-se, por exemplo, no seu perdão aos autores das duas tentativas de assassinato do Papa: o perdão e a bênção, em Roma e em Fátima, não apaga nem sequer diminui a repulsa, a todos os níveis, pelo acto e pelo que ele significa.João Paulo II foi, em muitos aspectos, um homem de contradição. Mas só os amorfos não criam fricção. Ele foi um homem que, em muitas dimensões, marcou a História e fez inflectir as linhas de força em presença. E fê-lo, é importante que se diga, bebendo directamente numa das grandes fontes de sentido e de energia de que os homens e as mulheres podem alimentar a sua caminhada histórica.Neste sentido, João Paulo II não apenas foi, mas é e será um dos grandes exemplos do que pode ser um homem feito da mesma massa de que todos somos feitos. E portanto um desafio a que, cada um de nós, à medida das suas oportunidades e circunstâncias, o sejamos também.

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