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25 April 2005

 

Afirmação

No Dia da Democracia, importa pensar um tempo, o nosso, em que as verdades parecem dissolver-se.
Parece que as alternativas são claras: OU ninguém consegue afirmar seja o que for com substância e solidez, OU os grupos, mais que as pessoas (que apenas no grupo ganham convicção e força), afirmam de forma radical e intolerante, considerando os outros como inimigos a abater.
Torna-se necessário redescobrir o poder, o direito e a ousadia de afirmar. De afirmar com substância e solidez. Afirmar com convicção e com implicações práticas.
Mas de afirmar também com respeito pelo outro que tem também direito a afirmar aquilo de que está convencido, que aprendeu a ser, a que conseguiu chegar.
Afirmar, hoje, não pode deixar de ser estar aberto a uma pluralidade.
Mas se é importante saber afirmar, e é igualmente importante estar aberto à afirmação do outro, ao diferente, é do mesmo modo decisivo aprender a opor-se com firmeza ao outro intolerável.
Em democracia, são de igual modo importantes a afirmação, a tolerância e a intolerância.
A democracia não é, ao contrário de um certo pensamento político ingénuo, um estado natural das sociedades.
É por isso que é importante desenvolver, nas relações entre as pessoas e os grupos, três dimensões complementares: a identidade, o respeito pelo outro, e o não-respeito pelo outro que não merece ser respeitado.
É claro que há o outro respeitável e o outro que não se dá ao respeito, que não merece ser respeitado e que, por isso, não pode ser respeitado.
Mas quem é esse outro que não merece e nãopode ser respeitado?
Enquanto não respondermos a esta questão, não saberemos ser democratas. E a democracia corre perigo, justamente porque nãopode contar connosco, e muito menos com esse outro.

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