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28 July 2006

 

Matemática

A propósito. Os prémios internacionais dos nossos alunos a Matemática (e a Ciências) só podem ser engano. Então não é verdade que os nossos alunos vivem na ignorância, que ninguém sabe Matemática, nem os professores, que ninguém ensina nada? Pelo menos é o que se ouve dizer e se vê escrito. Voz dos deuses.

 

A despesa, o deficit

Dentro em pouco vamos ouvir de novo o coro de críticas e lamentações pela falta de controlo do deficit ou pelo reduzido corte na despesa pública.
Mas, neste entretanto, não ouvimos qualquer lamentação, pelo contrário, ouvimos aplausos, às medidas que aumentam a despesa. Eu nem me lembro de todas, mas umas chamam as outras:
Nos autocarros (escolares e afins) que transportam crianças é obrigatório o uso de cadeiras apropriadas e um acompanhante;
Nas escolas do primeiro ciclo, houve a introdução do Inglês e já foi alargado o período de funcionamento;
Para resolver (ou iludir?) o problema da Matemática, fazem-se novas contratações…
E o mais que de vez em quando vamos ouvindo.

 

Tejo Ibérico

Só uma pergunta. Ou duas. Ou três.
Tejo Ibérico e Vale do Tejo não são marcas a mais para um mesmo produto?
Há algum Tejo sem ser Ibérico?
Alguém fica a saber alguma coisa do Tejo Ibérico se não souber já?
A expressão “Vale do Tejo” é significativa, para não dizer sagrada, mesmo para quem não souber onde fica o Tejo.

 

Zidane

Despediu-se do Mundial e do futebol profissional da pior maneira. Expulso. De castigo.
Mas Zidane é o exemplo maior de que mesmo os grandes estão à beira do abismo. E que um passo em falso acontece até aos melhores. Um aviso sério, a todos, sobretudo os que se consideram já definitivamente consagrados. E somos todos nós um pouco, não?
Ninguém é suficientemente grande para não cair no abismo.

13 July 2006

 

Belo Horizonte

Em Belo Horizonte, onde estive com alunos meus da ESTA, duas alunas minhas foram assaltadas, uma delas à pistola.
Da rua onde estávamos instalados foi-nos dito, que passássemos sempre pelo "outro lado", porque o nosso lado era onde costumava haver os assaltos.
A cidade está cercada por favelas que crescem à volta e parecem sufocar o centro. E o centro sente-se ameaçado pelo crescer das favelas, na iminência de que a qualquer momento algo de terrível pode acontecer.
A vida é calma, mas nota-se uma tensão larvar.
As casas do centro têm todas segurança reforçada. A vedação está electrificada, e há mesmo um regulamento municipal para isso.
Nas torres habitacionais e nos prédios de serviços há vigilância humana 24 horas por dia.
É... a violência cresce, cresce sem controlo porque não se sente ameaçadora. Às tantas já está fora de controlo e já somos nós (quem?) que estamos presos das medidas de segurança.
Foi lá que eu percebi definitivamente a afirmação de uma brasileira em Portugal: "Que viver aqui para que os meus filho spossam ir brincar para a rua sem eu estar preocupada."
E a nossa afirmação - pessoal e política - tem que ser: "Queremos continuar a poder deixar os nossos filhos irem brincar para a rua sem ficarmos preocupados".

 

São Paulo

De novo, violência em São Paulo. Incontrolável?
Há hoje, em São Paulo, um clube do crime organizado – digo, de criminosos organizados - que tem qualquer coisa como 100.000 membros. (Não é erro, são cem mil). Dizem alguns que detém o poder, isto é, que controla as próprias prisões do estado. Que mata polícias como quem mata cães abandonados.
Eu tive já oportunidade de visitar São Paulo com um casal amigo. Mas nunca me deixaram pôr os pés no chão. Para se ir a um restaurante, o carro chegava à porta, saíamos e as chaves eram deixadas a um empregado que ia arrumar o carro. À saída, era o inverso. O funcionário ia buscar o carro e saíamos quando este já estava à porta do restaurante, para apenas termos de atravessar o passeio. Porquê?
Porque a insegurança é enorme e os raptos são moeda corrente. Daí a quantidade enorme de medidas de segurança que as pessoas, que podem, têm de tomar. Vivem prisioneiras dentro de um sistema que os protege, porque a sociedade foi deixada para os marginais. Há nisto algum exagero de visitante impressionado? Talvez. Mas não muito.
Entre nós, as cidades – do interior – ainda são seguras? Ainda.
Mas ainda significa isso mesmo: ainda.
Se não tomarmos medidas, deixarão de ser.
E se o fenómeno crescer, não faltarão forças várias a comandar a reacção – legítima e necessária.

 

25 de Abril. A história impossível?

É impossível fazer a História do 25 de Abril?
(Parêntesis. Dizem alguns: «Estás sempre com essa coisa da cooperação entre as várias instituições. Isso é só mais uma moda.» Mas não é. Que se cuidem, porque há coisas que não têm espera. E é isso que pretendo mostrar aqui. Apenas um “pequeno” exemplo.)
Os EUA desclassificaram agora e tornaram públicos 2.701 documentos diplomáticos de 1974 relativos a Portugal.
Quem conhece todos esses documentos? Quanto tempo levam a ler? E a estudar, que é diferente de ler?
Mas, além da correspondência diplomática dos EUA há toda a outra correspondência diplomática de muitos países. E estamos a falar só de correspondência diplomática. E tudo o mais que é de grande relevância para se conhecer e perceber o que se passou no 25 de Abril?
Não há ninguém que possa abarcar toda a informação.
Não há, sequer, nenhum grupo de investigação capaz de trabalhar uma tão grande massa informativa.
Só a cooperação entre os muitíssimos investigadores e os muitos centros de investigação, nacionais e estrangeiros, pode dar alguma conta da informação disponível e produzir algum conhecimento seguro sobre o 25 de Abril.
Seguro? Mas o que significa “seguro”? Não estamos sempre sujeitos a deixar escapar uma peça importante para se perceber o que se passou?
O 25 de Abril é ainda o espaço entre todas as tentativas de contar e explicar o que se passou nessa data.
(O que se passa aqui é apenas exemplo e símbolo do que se passa em tudo. O que domina é, sobretudo, a nossa ignorância. E a insensatez daqueles que pensam que sabem tudo. Insensatez de que todos sofremos as consequências.)

 

Segurança

Depois das minhas últimas entradas aqui, sobre segurança, tive oportunidade de tomar conhecimento de novos casos, concretos, pessoais, daqueles que nunca são notícia. Pessoas agredidas, perseguidas, que não podem – não podem! - sequer fazer queixa.
Podemos dizer que há um silêncio cúmplice, uma passividade cúmplice, sistema policial, sistema judicial, sistema político e sistema de pensamento que nos mantém prisioneiros de um fenómeno social que só pode crescer se não forem tomadas medidas – globais! – que invertam a evolução daquilo que está a desenvolver-se.
Sejamos claros. O fenómeno da violência é universal e não pode ser eliminado. Tal como o fenómeno da doença física. Mas também é universal que a violência ou é combatida ou cresce e toma conta da sociedade.
Não podemos nem devemos ficar indiferentes. Mas é assim que nos encontramos. Ou, para disfarçar, limitamo-nos a colocar tintura de iodo sobre a gangrena, à espera que passe. Não passa.

 

Ano sabático

Estou em processo de doutoramento em Filosofia. Um doutoramento que tenho muita dificuldade em fazer andar, por não me poder dedicar a ele a tempo inteiro. De facto, encontro-me sujeito quer às responsabilidades profissionais de professor (secundário e superior), quer às várias outras actividades para que sou solicitado.
Como é meu direito, no ano passado concorri à atribuição de uma licença sabática. Fui tratado de forma burocrática e inadmissível. E foi-me recusado o ano sabático. Reclamei, mas voltei a ter o mesmo tratamento burocrático e inadmissível.
Este ano voltei a concorrer. De novo, voltei a ver-me recusada a licença sabática. E a sentir-me tratado como um número administrativo.
Apesar de haver 130 vagas e apenas 71 candidaturas. No fundo, porque o meu projecto, em antropologia filosófica fundamental, não interessa ao sistema de ensino. Só pode. E isso mesmo me foi dado a entender.
Sei bem que este duplo tratamento não se dirige a mim especialmente. (Espero bem que não.) Mas continuo a pensar que depois de 33 anos de serviço, em que muitas vezes dei muito mais do que me era exigível pelo contrato de trabalho, merecia, ou melhor, mereço, um tratamento diferente.
Não tenho direito imediato ao ano sabático. Por isso mesmo é que há um concurso. Mas mereço ser tratado como pessoa, e isso exige consideração pessoal. Não abdico dela. Mais ainda quando me é negada.
Mas há duas coisas que é necessário concluir:
1. A partir de agora, o Ministério da Educação não tem direito a esperar de mim mais do que o cumprimento formal do que é expresso no meu contrato de trabalho;
2. O Ministério da Educação declarou formalmente que o resultado da minha tese de doutoramento não lhe interessa.
Tudo bem. Seja, então, tido isto tudo em justa consideração.

11 July 2006

 

Finalistas 2006

Estavam tão bonitas as mulheres e tão bonitos os homens
no jantar e baile de finalistas das escolas Manuel Fernandes e Solano de Abreu.
É sinal de que o mundo tem amanhã
e a esperança continua inteira.
Nem outra coisa seria de esperar, não é?
E é sempre importante quando os jovens fazem, sobretudo quando cuidam de fazer bem. E foi o caso.
Deixo-lhes a minha mensagem:
As fotocopiadoras, para a reprodução; os homens e as mulheres para a inovação, a criatividade;
Para puxar para baixo, a gravidade; para puxar para cima a humanidade.
Façam por vós e pela Vida, que, se não fizerem, ninguém tem obrigação de fazer por vós.

10 July 2006

 

Proximidade e profilaxia

Um Sim, é claro, ao “policiamento de proximidade”. Mas com uma condição. Que não nos esqueçamos de que a profilaxia nunca se pode fazer APENAS por via policial.
A verdadeira profilaxia é aquela que actua sobre as causas. E a pergunta só pode ser... duas:
1. Quais são as causas da criminalidade que, de facto, se verifica em Abrantes?
2. Que está a ser feito para agir sobre as várias causas da criminalidade em Abrantes?
Actuar sem ser de forma integrada é apenas desperdiçar recursos e acumular insucessos.
Por isso é que é da maior importância que as várias entidades trabalhem em rede e de forma integrada. Mas a verdade é que isso dificilmente acontece, porque as quintas e os quintais fazem com que cada um cuide apenas da sua horta. Ainda que com problemas na hortaliça.

 

Abrantes e a criminalidade

Segundo lemos, Abrantes foi escolhida para o projecto-piloto de de “policiamento de proximidade” por ser, entre outras coisas, uma cidade que “tem condições de criminalidade baixas e onde é fácil fazer profilaxia contra o crime”. Ao contrário das outras cidades do distrito.
Devemos ficar satisfeitos por termos menos criminalidade e, por isso, por irmos ter resultados assegurados na profilaxia. E ambas as coisas são muito importantes. Desde que ambas se verifiquem.
Não sei os níveis de criminalidade nas outras cidades, mas vejo que há em Abrantes sinais claros e queixas reiteradas de que as coisas não correm bem. Basta andar pela cidade para constatar as quase contínuas agressões aos equipamentos. Sobretudo nos fins-de-semana, mas não só. Seria interessante alguém qualificada dar uma volta pela cidade e calcular o valor dos prejuízos provocados. Além disso, as queixas de roubos são cíclicas.
Curiosamente, nos primeiros dias do de “policiamento de proximidade”, foram “vandalizados” nove ( 9 ) autocarros a 200 metros da esquadra da polícia. Terá sido mera coincidência, ou um aviso claro de que as coisas são como são e não como devem ser?
Essa criminalidade não é grande, não provoca manifestações públicas, não gera movimentos sociais. Ainda. Mas uma coisa é certa, sobre ela está a construir-se um edifício de criminalidade com vários andares. E se é verdade que um prédio só se considera alto quando sobe além da média, a verdade é que são os andares de baixo que lhe fazem a altura para lá chegar.
E, numa cidade, a criminalidade nunca está parada: ou sobe ou desce. Por isso mesmo, é da maior importância aquilo que se espera deste de “policiamento de proximidade”.

 

Proximidade e profilaxia

Desde 1 de Julho que decorre em Abrantes um projecto-piloto de “policiamento de proximidade” com o objectivo de “evitar a pequena criminalidade” e “fazer profilaxia contra o crime”. Trata-se, contudo, não esqueçamos, de “pequena criminalidade”, que não apresenta grande relevância. São, apesar disso, conhecidos por “crimes contra a sociedade”, porque desgastam ou vão corroendo o tecido social por dentro.
Contudo, parece que esquecemos que a realidade se organiza por níveis. E é sobre esta “pequena criminalidade” que, por acumulação e auto-organização, se geram novos e cada vez mais graves níveis de criminalidade.
Por isso mesmo é que eles não são irrelevantes, antes o patamar que sustenta e alimenta a criminalidade já considerada grave.
O grave não é tanto a criminalidade grave, mas o movimento crescente – quando o há – da criminalidade. Por isso, para que esse crescendo não ocorra, é necessário contrariá-lo, combater a criminalidade logo desde que ela “ainda” é “pequena”.
Benvindo seja, pois, o “policiamento de proximidade”, se ele significar alguma coisa de facto e produzir, também de facto, “profilaxia contra o crime”.

 

Regresso

Com o regresso da Selecção a Lisboa, também nós regressámos à normalidade portuguesa.
Bastou vermos aquela recepção no Jamor para o sabermos de modo confirmado: o amadorismo, a improvisação, o chicoespertismo, enfim, a desorganização muito bem organizada.
Nós, por cá, todos bem, no chafurdo.
Entretanto, lamentamos termos ficado apenas no quarto lugar.

 

Desconforto

Foi bom, o Mundial.
Mas confesso que senti algum desconforto.
Porque, quando via todo o entusiasmo, legítimo, que pusemos, sentia que havia muita gente a facturar à nossa custa.
Hoje o futebol é muito mais do que desporto. Ou talvez se possa mesmo dizer que é o futebol é muita que utiliza o desporto como motivo, ou móbil. E, no geral, o negócio, quase sempre da ordem dos milhões, tem a maior parte. E eu muitas vezes me senti utilizado por esses milhões. Porque, de facto, a nossa participação e o nosso entusiasmo são essenciais para que esses milhões possam rolar.

06 July 2006

 

O Futebol - 5

A América do Sul e a África são os continentes que fornecem melhor “matéria prima”, leia-se jogadores, para o futebol.
Mas o melhor futebol está na Europa. E na África quase não existe, apesar das nítidas melhorias globais.
Porque será?
Será porque a Europa tem melhor organização? E melhores instituições?
Esta é uma boa pista de pergunta. Mas não só para o futebol. Porque, na verdade, é da organização e da qualidade das instituições que decorre o melhor que temos e não decorre aquilo que não temos.

 

O Hino / o peso

O hino. Cinquenta mil espectadores nas bancadas. A música do hino a ressoar no estádio. A partida de futebol que é preciso ganhar. A poder do adversário que é preciso superar. O peso das esperanças de um país concentradas naquele momento.
Deve ser exultante, mas quase insuportável, o peso do Hino, ouvido antes de um desafio de futebol no Mundial.

 

O Tejo

Recentemente, reuniu-se em Abrantes um conjunto de parceiros de Portugal e Espanha apostados em desenvolver o território do Vale do Tejo. Ao que me dizem, as sessões correram bem.
Falta saber se correm bem os trabalhos a que é necessário dar curso: só há efeitos reais se a “vontade” que parece haver se traduzir em efeitos sobre o território. Para isso é necessário traduzir essa “vontade” em acções de cariz económico, turístico, social, cultural, etc. e tal. Sem isso, fica-se pela boa vontade, a tal coisa de que o inferno está cheio, e uma reuniões sociais mais ou menos interessantes e simpáticas e turísticas.
A ver vamos.

 

Abrantes / Território

Abrantes / Território
Importante para se conhecer o nosso meio, e falar dele, é conhecer os estudos que dele se vão fazendo. Nomeadamente os estudos de maior âmbito em que o nosso território é incluído.
É o caso de
www.territorioportugal.pt
sobre o Programa Nacional de Política de Ordenamento do território,
onde se pode consultar a Proposta Técnica do PNOT.
Ali podemos ver, entre outras coisas, como parece ajustada a minha análise dos “triângulos” de enquadramento de Abrantes.
Importa perceber que é muito difícil fazer vingar apostas de desenvolvimento que venham contradizer as opções de ordenamento do território a uma escala maior. Por isso, o futuro passa por ali.
Acontece ainda que estes documentos estão “em consulta”, pelo que é possível intervir no seu processo de elaboração.

 

Os tolos

Há, entre outras, duas espécies de tolos.
Os que perdem antes de jogar, porque não acreditam que podem ganhar.
Os que ganham antes de jogar, porque não acreditam que podem perder.

 

STI - Construções Técnicas

A STI, jovem e madura empresa industrial de Abrantes, sob a direcção de Carlos Sousa e Alexandra Sousa, acaba de ganhar um importante contrato em Angola, da ordem de um milhão de euros.
Trata-se de uma empresa que, tanto quanto se percebe de fora, está a vencer os desafios do presente e mesmo a expandir as suas actividades. Nomeadamente com resultados no domínio da exportação.
Vem isto a propósito do que tenho dito muitas vezes: não há vida social (e pessoal) saudável se não assentar numa economia saudável.

 

Interesse

Incomodam-me sempre as queixas e as acusações de que “os alunos não se interessam...”. Ao contrário, supõe-se sempre, os de “naquele tempo” em que nós estudávamos é que eram bons, se interessavam, se aplicavam. Acontece que a opinião dos professores daquele tempo era totalmente outra, porque há cinco mil anos que se ouvem as mesmas queixas, mas isso foi apagado das memórias individuais e colectivas.

 

A Matemática - 2

«Se peço à minha neta de quatro anos que resolva um problema matemático muito simples, não quer, porque não lhe interessa. Mas se estivermos a conversar, surpreende-me a correcção com que se expressa em duas línguas.» Eduardo Punset
Há aqui duas chaves de leitura do “problema matemática”.
Uma delas é o facto de a Matemática sem uma linguagem “não natural”, isto é, não se adquirir pelo simples facto de “naturalmente” se conviver com outros. Só pode ser objecto de uma aprendizagem específica, som actos específicos de ensino.
Por outro lado, o interesse. Não há um interesse “natural” pela Matemática. E o que não interessa não mobiliza, não motiva. Cada um de nós só está disponível para pagar por uma coisa o preço que lhe reconhece. E a Matemática não tem um preço “natural”.
Daqui se podem, e devem, tirar muitas conclusões sobre o ensino e a dificuldade de obter resultados no ensino da Matemática.
Uma parte significativa do “segredo” pode estar na resposta a esta pergunta: que pode causar interesse pela Matemática? E que pode causar desinteresse?

 

História Local

Quando, há uns cinco anos, se propôs a criação de uma revista de História Local em Abrantes, a objecção imediata foi de que não havia material para manter uma revista. Concordei. E sustentei a concordância. “Não há material para publicar, porque não há uma revista para onde alguém possa escrever.” Estamos habituados a pensar as coisas numa lógica de causalidade linear, sem nos darmos conta de que os processos ocorrem muitas vezes numa causalidade circular.
Passados 7 números, são já muitas – 808 - as páginas e muitos – 41 - os autores que ali publicaram trabalhos, alguns por várias vezes, sob a Direcção empenhada de José Martinho Gaspar:
Álvaro Assunção
Álvaro Batista
Ana Paredes Cardoso
Ãna Paula Agudo
António Bento
António Matias Coelho
Armado Borges
Bruno Santos
Carlos Batata
Carlos Correia
Carlos Grácio
Carlos Gueifão
Carlos Vieira Dias
Célia Corda
Domingas Lopes Peixe
Eduardo Campos
Fernando Correia
Fernando Polidoro
Filomena Gaspar
Francisco valente
Jaime Marques da Silva
João Carlos da Costa Soares
Joaquim Candeias Silva
Joaquim Moura Campino
José Alves Jana
José António Correia Pais
José Carreras
José Manuel d’Oliveira Vieira
José Martinho Gaspar
José-Alberto Marques
Luís Pombo
Luiz Oosterbeek
Maria João Rosa
Mário Semedo
Natália Nunes da Garça
Nuno Roldão
Rui André
Rui Moreira Lopes
Sara Cura
Susana Afonso Romeiro
Teresa Aparício.
E assim se vai fazendo História. Local.

 

Zahara

Está à venda o nº 7 da revista Zahara, da responsabilidade do Centro de Estudos de História Local de Abrantes / Palha de Abrantes.
Com trabalhos sobre a História da Misericórdia de Abrantes, a Filarmónica de Rio de Moinhos, o Colégio de Fátima, a paramentaria do Sardoal, ou a profissão de ferrador, entre outros, apresenta-se como capaz de interessar a um público variado.
Com uma periodicidade semestral, encontra-se assim no seu quarto ano de publicação. O que não é nada de menos.

 

João Courinha

Estamos habituados a ver alguns actores a fazer “sempre a mesma” personagem de telenovela em telenovela, de papel para papel, e dizem-nos que são grandes e de sucesso. Por isso ganha particular destaque o desempenho de João Courinha em “Uma noite com Tchecov” (Grupo de Teatro Palha de Abrantes, Convento de S. Domingos, 1 de Julho).
Em pouco mais de uma hora, João Courinha representou duas personagens completamente diferentes. A segunda, sobretudo, mostrou uma capacidade notável de criar e incarnar um boneco que fez as delícias da noite. Parabéns.
Contudo, mostrou também alguma indisciplina. Embalado pelo próprio sucesso da personagem, João Courinha não foi capaz de se conter, de se manter dentro de um quadro conjunto, e partiu à desfilada para onde só ele podia ir. Esqueceu que não pode haver sucesso sozinho num trabalho colectivo. Devemos dar-lhe algum desconto pela verdura dos anos? Façamos antes voto de que seja capaz de conjugar a criatividade e a ousadia, de louvar, com a disciplina e o sentido de equipa, também indispensáveis.

 

Futebol - 4

O futebol, na sua mais alta expressão mundial, diz-nos ainda duas coisas.
Primeira. Uma equipa não é apenas um conjunto de indivíduos. É muito mais que isso. Supõe também organização para objectivos comuns. Uma equipa é, então, um conjunto de indivíduos organizados para atingir um objectivo comum. (Algumas das nossas supostas equipas ou grupos de trabalho são apenas um conjunto de indivíduos que trabalham uns perto dos outros.)
Segunda. Um bom líder não é aquele que diz aos liderados o que eles devem fazer. Bem pelo contrário, um bom líder é o que cria condições para que os liderados possam dar e desenvolver o melhor de si mesmos orientados para o objectivo comum.
Curiosamente, isso mesmo nos tem dito Jack Welch, antigo líder da General Electric e principal autor de Vencer, um livro que é êxito um êxito mundial. Mas continuam a existir por aí muitos não-líderes que afirmam ou fazem subentender que “a ti compete-te obedecer, para pensar estou cá eu”.

 

Futebol - 3

Uma das grandes peças deste jogar português na Alemanha é o líder Scolari.
Uma das grandes peças do jogar português em Portugal é a falta de líderes. E sem liderança não há novos resultados face ao actual funcionamento do sistema. Por isso, em Portugal, o essencial do nosso problema é que só vamos tendo o que o funcionamento do sistema – do sistema como ele é e está – nos vai dando.
Só que nós queremos outra coisa. Outra coisa que não pode vir do sistema como ele é e funciona.
Faltam líderes. Que saibam o que é preciso fazer e liderem processos de fazê-lo.

 

Futebol - 2

No futebol, nomeadamente no Campeonato do Mundo, as coisas são claras e tudo é num tempo relativamente curto. Os objectivos são fáceis e a curto prazo. E há um trabalho nítido de liderança e mobilização.
Nos grandes desafios do país e nos médios desafios do nosso local de trabalho e/ou de residência... as coisas não se apresentam assim.
Há problemas que se arrastam há décadas (até há centenas de anos), não há orientação e muito menos objectivos a atingir, não são conhecidos prazos para obtenção e avaliação de resultados, não são conhecidas lideranças claras (apesar de haver chefias), não há mesmo uma dinâmica de obtenção de novos resultados.
Em muitos dos nossos locais de trabalho e/ou de residência... as coisas vão andando, mais ou menos, funcionam, mais ou menos... E o pessoal limita-se a queixar-se, a refilar, a desacreditar...
Assim não há donde venham resultados.

 

Futebol - 1

A vitória de Portugal sobre a Inglaterra vale por si mesma. Como acontecimento desportivo, económico, simbólico e sei lá que mais. Neste “que mais” está uma ou outra lição e interrogação.
Sabemos, num saber mais uma vez de experiência feito, que podemos quando queremos, nos organizamos e nos preparamos. Sabemos que, em equipa e com organização, se revelam os valores que temos e que os valores que temos só valem quando organizados e em equipa. Sabemos que podemos muito mais do que temos conseguido. Está demonstrado, mais uma vez.
Fica também claro que, noutros domínios, só não conseguimos porque...
Porque não queremos? Porque não nos organizamos?
Também podemos perguntar se... este entusiasmo todo, se esta crença na vitória, se esta exigência de sucesso que vemos por aí... não é sobretudo porque é a ELES, e não a nós, que é pedido o trabalho, o esforço, a disciplina. A nós cabe-nos sofrer e fazer a festa. E nisso somos bons – sofrer e festejar a vitória alcançada por outros.

05 July 2006

 

Futebol - 1

A vitória de Portugal sobre a Inglaterra vale por si mesma. Como acontecimento desportivo, económico, simbólico e sei lá que mais. Neste “que mais” está uma ou outra lição e interrogação.
Sabemos, num saber mais uma vez de experiência feito, que podemos quando queremos, nos organizamos e nos preparamos. Sabemos que, em equipa e com organização, se revelam os valores que temos e que os valores que temos só valem quando organizados e em equipa. Sabemos que podemos muito mais do que temos conseguido. Está demonstrado, mais uma vez.
Fica também claro que, noutros domínios, só não conseguimos porque...
Porque não queremos? Porque não nos organizamos?
Também podemos perguntar se... este entusiasmo todo, se esta crença na vitória, se esta exigência de sucesso que vemos por aí... não é sobretudo porque é a ELES, e não a nós, que é pedido o trabalho, o esforço, a disciplina. A nós cabe-nos sofrer e fazer a festa. E nisso somos bons – sofrer e festejar a vitória alcançada por outros.

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